Religioso atuou como vigário no município por 20 anos. Ele faleceu em 24 de junho de 2000.
Há 15 anos, no dia 24 de junho de 2000, a comunidade de Renascença chorava a morte do padre José Vicente Júnior. O religioso atuou como vigário no município por 20 anos e, além da contribuição religiosa, teve papel fundamental no processo de educação das crianças. Na última quarta-feira, 24, uma missa foi celebrada pelo padre Moacir José Silveira na Paróquia Cristo Rei em memória do padre Vicente Júnior.
Durante a celebração, o professor e historiador Darci Antônio Pacce fez uma explanação sobre a trajetória de padre José Vicente Júnior. Na igreja, vários painéis fotográficos foram expostos – e permanecem em exposição até a próxima quarta-feira, 1º de julho – com fotos tiradas pelo próprio padre de trabalhos realizados na comunidade. “Ele tirava muitas fotografias, e quando ele foi embora me presenteou com as fotos e pediu que um dia escrevesse um livro com a história, que casualmente já foi publicado”, disse o professor Darci.
O 1º seminarista saletino
Padre Vicente nasceu em Viadutos (RS), e teve dez irmãos. Da família, ele e o irmão Henrique – também já falecido – estudaram no seminário dos padres Saletinos, em Marcelino Ramos (RS). “Ele sempre contava que quando era jovem passou um padre no interior fazendo recrutamento de meninos que queriam estudar para ser padre. Ele queria ir, mas não havia condições financeiras, e mais tarde o pai dele soube que os Saletinos estavam começando um seminário em Marcelino Ramos. Então ele foi, e ficou na história com o primeiro seminarista saletino no Brasil. Sem dinheiro, os padres conseguiram no Rio de Janeiro uma madrinha, uma senhora que patrocinou os estudos para o padre”, conta Darci.
Ordenado por dom Sebastião Lemos, cardeal do Rio de Janeiro, deu aula para novos seminaristas e se dedicou muito à vida religiosa. Em 1964, chegou a Renascença, dois anos antes de a paróquia ter sido oficialmente fundada, em 1966. “Quando foi fundado o Município, não tinha paróquia, nós pertencíamos à paróquia de Marmeleiro. Os saletinos tinham feito um contrato com o bispo na época, dom Carlos Bandeira Sabóia de Mello, para atuar na paróquia de Vitorino. E aqui morava um senhor que era contador, o Bortolini, que foi prefeito, e ele tinha um irmão que era padre saletino e era o provincial geral do Brasil. Ele entrou em contato com o irmão e conseguiram ampliar o contrato com o bispo e então fundaram a paróquia de Renascença”, relata professor Darci.
Com a experiência de ter estudado e vivido por alguns anos no Rio de Janeiro, padre Vicente Júnior tinha ampla visão de futuro e se preocupava com o bem-estar da comunidade. Na época, incentivou o plantio de árvores nos arredores das igrejas e capelas, alegando que um dia isto serviria não apenas para sombra, mas madeira para construção de novas escolas e igrejas.
Fotos, livros e ferramentas
Muitos objetos usados pelo padre estão no museu do Município. Além de registrar tudo o que podia em fotografias, era um incentivador do ensino. Tinha uma biblioteca com quase cinco mil livros, que depois de seu falecimento acabou sendo enviada para a família. A paixão pela carpintaria também nunca foi deixada de lado. Além disso, foi professor e diretor do colégio que funcionava à noite. “Ele tinha uma imensidão de ferramentas e equipamentos. Fazia a contabilidade de tudo numa máquina de escrever, que hoje está no nosso museu. E apesar de todos os afazeres, ainda encontrou tempo para fazer mais uma faculdade, de Letras Português Inglês, em Palmas”, relembra Darci.
Entre seus primeiros trabalhos, professor Darci destacou os dois primeiros batizados, de Luiz Zanini e Claudinei Dall’Agnol. “Devemos muito ao trabalho dele, não só na parte religiosa, mas como no setor de ensino também”, resume.
