Ele tinha 91 anos e faleceu em casa hospitalar de Cascavel.
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nomes mais importantes do município.
Será sepultado hoje, no Cemitério Municipal de Nova Prata do Iguaçu, o padre Davide Esupério Fontana, 91 anos, que faleceu terça-feira, 3, em casa hospitalar de Cascavel. A missa será celebrada às 8h30, na Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Parto, pelo bispo diocesano dom Edgar Ertl. Mas se houver muita gente a celebração da despedida poderá ocorrer no Centro Social, onde está sendo velado.
Padre Davide começou a atuar na Diocese de Palmas-Francisco Beltrão em 1970, no episcopado de dom Agostinho Sartori. Sempre trabalhou na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, de Nova Prata do Iguaçu, antes mesmo de sua emancipação político-administrativa, em 1982. Também esteve sempre ligado a diversas atividades pastorais da Diocese, entre elas o Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Santa Isabel do Oeste.
Ele se declarava devoto de Aparecida e era presença marcante nas romarias de Nossa Senhora Aparecida, em Santa Izabel. Anos atrás teve um câncer no estômago e conseguiu a cura. Foi um período de muitas dificuldades para o sacerdote.
Padre Deoclézio Vigineski (pároco da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto) disse que padre Davide teve uma presença histórica no município de Nova Prata, deixando uma marca de fé e esperança. Padre Davide, que era gaúcho, inicialmente pertenceu à Congregação dos Missionários Carlistas.
Em Cascavel
O sacerdote estava internado no Hospital São Lucas, em Cascavel, e faleceu às 23h15, de terça-feira, 3. O caixão com o corpo do padre Davide chegou por volta das 13h, de ontem, e passou a ser velado no Centro Social Sinuelo da Paz. Muitas pessoas passaram pelo local durante a tarde e, à noite.
O prefeito Adroaldo Hofelder, (Sassá), declarou ponto facultativo no município ontem e hoje. À tarde, parte das empresas fecharam em sinal de respeito ao padre Davide. Hoje, pela manhã, a perspectiva é de que as empresas locais estejam fechadas em sinal de respeito à morte do primeiro pároco do município.
Carla Tatiane Engengrassi era muito ligada ao sacerdote e lamentou a morte dele. “Padre Davide deixou um legado muito grande para nós. Ele tinha uma fé muito forte e perseverança.” A amiga conta que Davide há alguns anos teve de retirar cerca de 20% do estômago devido a um câncer. “Ele passou por momentos muito difíceis, esteve à beira da morte”, contou Carla.
Dom Edgar estava viajando para Toledo (PR), onde ontem participaria de um encontro dos bispos da Província de Cascavel. Ao ser informado do falecimento do padre Davide, retornou a Francisco Beltrão. O bispo lembrou que a sua primeira confissão e primeira comunhão foram administradas pelo padre Davide, em junho de 1976. Dom Edgar e sua família moravam na comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes, em Nova Prata.
Depois, o jovem Edgar participou de grupos de jovens e de liturgia e continuou os contatos com o padre. “Eu sempre o auxiliava nas celebrações na minha comunidade. Então, na minha vida, o padre Davide sempre teve uma marca, uma marca positiva, um sinal e algumas características que são próprias do sacerdote: uma vocação muito segura, fiel àquilo que Deus lhe deu, que é o sacerdócio. Padre Davide viveu o seu sacerdócio com muita convicção, em nenhum momento duvidando de que fora um enviado pelo Senhor. Padre Davide era muito enérgico e convicto da missão que tinha, e tinha o dom da oratória”.
*Com informações da Assessoria de Imprensa da Diocese.
Padre Davide entrou bem cedo para o seminário
JdeB – Padre Davide Esupério Fontana, nasceu em 26 de agosto de 1929. Sua ordenação sacerdotal ocorreu em 8 de dezembro de 1958, em Guaporé-RS, sendo ordenado pelo cardeal dom Vicente Scherer.
Padre Davide Esupério Fontana, 91 anos, nasceu em Passo Fundo (RS). É o 17º filho de Amábile e Giácomo “Jacó” Fontana, que tiveram 18 filhos — dez mulheres e oito homens. O sacerdote entrou cedo no seminário.
Nos primeiros anos de vida religiosa, ele integrou a Congregação dos Padres Carlistas. Atuou em Porto Alegre e Caxias do Sul (RS) e em Campos Novos (SC). Em 1970, recebeu o convite para atuar em Nova Prata do Iguaçu, na época Distrito de Salto do Lontra. Veio, gostou do lugar e permaneceu até sua morte.
Padre Davide guardou a caneta da
assinatura da lei que criou Nova Prata
JdeB – Na criação do município, em 82, como foi a sua participação?
Davide – Olha, essa caneta, eu recebi das mãos do governador do Estado, passou pro Arnaldo Busato, passava por mim, essa que escreveu a emancipação política, mas ela tá muito velha, mas é uma caneta que eu não dou por dinheiro nenhum! Porque essa daqui que escreveu. Eu tenho aqui, por exemplo, o que marcou a minha contribuição para Nova Prata. Primeiro eu fundei líderes sobre os quais poderia confiar e depositar o município junto. Eu me orgulho de ser membro de todos os movimentos políticos aqui dentro: a emancipação, a luz elétrica, Banco do Estado, água encanada, localização e a legalização do Ginásio Cristo Redentor, pela qual eu sofri e quase fui preso. Porque a planta não era legalizada, o construtor vinha do Rio de Janeiro e o assessor tinha uma maneira de conduzir que dava a impressão que tava se criando um grupo de fanáticos, mas não era! E deu lá no Exército de Francisco Beltrão que eu tava apoiando um grupo secreto de formação de líderes “cheguevarianos” para lutar aqui no Sudoeste. Para mim provar isto, eu fui 47 vezes no Exército para aprovar aquele ginásio, então o Ginásio Cristo Redentor eu ajudei a formar! O telefone não tinha, vinda do asfalto em Nova Prata, fomos nós com a comissão várias vezes para Curitiba para conseguir o asfalto aqui pra nós, e assim por diante. Eu me sinto orgulhoso, porque fizemos 12 viagens para Curitiba sobre isto, eu sempre fui junto, me diziam “o senhor não é padre?” Sou padre mas o altar e o povo tem que estar juntos porque se Cristo não quisesse que o povo não tivesse junto, pegava uma melancia pra fazer a primeira missa, mas ele pegou o vinho e o pão porque tem a raiz na terra e é da terra que se extrai. Então eu considero o meu trabalho como sacerdote, um trabalho místico, solidifica, orienta, ajuda a política, e a política ajuda a mim, porque juntos formamos essa Nova Prata que temos hoje, graças a Deus com um povo ordeiro, com uma terra que chamou a atenção de muita gente, e só não foram bons aqueles que não quiseram trabalhar e saíram daqui contra a minha vontade, e foram acampar e se deram mal, estão lá em baixo de lona até hoje.
JdeB – O senhor chegou a pegar no arado, no trator? Como que era?
Davide – Os meus estudos eu paguei com uma horta e uma máquina fotográfica. Sábado todo mundo ia a passeio, eu ia vender hortaliça na cidade de Guaporé porque o pai tinha 18 filhos pra dar de comer, e nós ajudávamos o pai e aprendemos a trabalhar, e os meus estudos foram ganhos assim. Vou te mostrar esses livros, são feios mais não dou por R$ 100 mil. Esse é o dicionário. O primeiro dicionário que eu tive quando tava no colégio, eu guardo. Hoje é diferente né, mas eu comprei esse aqui com cebolas, cenouras, que eu ia vender em Guaporé, por isso eu sei valorizar o que eu sou, por isso quem ganha de graça não sabe valorizar. Esses cavalos de pau que dão essas piazadas é porque não sabem quanto custa um carro. Eu sou amigo de todos, os mais bagunceiros são meu amigos, aqui, em Realeza, em Santa Izabel… eu queria fazer a missa dos malandros, se o bispo deixa, eu faço, garanto que eu reúno mais de 200 rapazes! Aqueles que são bons, mas que tem uma linguagem diferente, a linguagem de quebra. Só que se você senta com eles, você ouve a linguagem deles, você cai esmorecido. Eu faço, por isso eu não condeno tanto eles, condeno uma sociedade pervertida, e muitas vezes a família que não oferece joelhos nem abraço de um pai.