
Os estabelecimentos comerciais de Capanema não abriram as portas na manhã de ontem. E enquanto as ruas da cidade ficaram praticamente desertas, uma multidão se reuniu no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu. A ação foi um ato de protesto contra a paralisação das obras da usina, que atinge outros quatro municípios além de Capanema – Capitão Leônidas Marques, Realeza, Planalto e Nova Prata do Iguaçu.
Mais de 1.300 pessoas, entre prefeitos, lideranças políticas e empresariais, trabalhadores e pessoas da comunidade, estiveram reunidos para pedir uma solução rápida para o impasse. A construtora Odebrecht, responsável pela execução das obras, recebeu ordem de paralisar as atividades no dia 7 de julho, após a suspensão da licença ambiental pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre (RS).
Conforme a justificativa, a licença foi concedida pelo IAP, quando deveria ter sido liberada pelo Instituto Chico Mendes. A prefeita Lindamir Denardin (PSDB) contesta. “O próprio IAP nos informou que o Instituto se pronunciou na licença prévia, e é o que diz a lei, que tem que se pronunciar, e a licença de instalação cabe, sim, ao IAP, então não tem justificativa. Não podemos ficar de braços cruzados esperando o que vai acontecer, por isso a comunidade está se mobilizando”, disse a prefeita.
Nas ruas da cidade, várias faixas foram fixadas, com mensagens como “Queremos nossos empregos de volta”, ou “O Brasil precisa de energia, Capanema precisa da Usina”, reforçando a indignação do município.
Muitas demissões
Com 70 dias de paralisação, a Odebrecht se viu obrigada a demitir boa parte dos funcionários que já haviam sido contratados. Dos 1.900 trabalhadores que já estavam devidamente registrados, restaram apenas 600, e ainda há risco de mais demissões.
O gerente administrativo e financeiro da Odebrecht, Rodrigo Larralde, disse que se não acontecesse a paralisação, no mês de outubro a obra atingiria o auge das contratações, e mais de 3.500 trabalhadores estariam envolvidos com as atividades.
A situação tem gerado efeitos negativos, principalmente no comércio local. “Todo mundo está apostando suas fichas, fazendo investimentos, os empresários acreditando, ampliando seus negócios, contratando pessoas para atender essa nova demanda. E de uma hora pra outra somos surpreendidos com uma liminar, e tudo para. As pessoas, num primeiro momento, nem acreditavam que fosse paralisar. Isso tem trazidos reflexos imediatos no comércio, de um modo geral. Por isso de um ato público para chamar a atenção para este grave problema”, declarou Luiz Hartmann, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Capanema (Acec).
Força política
As lideranças pediram que os representantes políticos da região juntem forças para tentar resolver o problema. A situação depende agora de julgamento do Supremo Tribunal Federal. “As expectativa sãos grandes, visto que muito dinheiro já foi gasto com o início das obras, e a instalação de todas as estruturas e as desapropriações de terras”, ponderou a prefeita Lindamir.