Concedida a concordata para a Parmalat
A 29ª Vara Cível de São Paulo acatou o pedido de concordata proposto pelas empresas Parmalat Brasil e Parmalat Participações. O pedido de concordata estava tramitando na Vara Cível desde fevereiro.
A decisão permite que as duas empresas possam saldar seus débitos durante dois anos ou negociá-los com bancos, empresas fornecedoras e produtores. A notícia foi saldada em Eneas Marques, onde a Parmalat possui um entreposto regional de coleta de leite.
Em entrevista à Gazeta do Povo, quarta-feira, o presidente da Parmalat Brasil, Nelson Bastos, disse que a agroindústria encontra-se em recuperação de sua credibilidade, produção de leite e entrega da produção para os revendedores. A entrega de leite aos supermercados saltou de 12 milhões em fevereiro (no auge da crise) para 43 milhões de litros (agosto).
Otimista, Bastos anunciou que ?devemos comprar 60 milhões de litros por mês até o fim do ano, mais do que antes do início da crise?. A Parmalat mantém 3,2 mil funcionários em diversas unidades espalhadas pelo país e nove agroindústrias em funcionamento.
Otimismo voltou em Eneas
O processo de recuperação da Parmalat está reanimando os produtores de Eneas Marques e região que entregam leite para a empresa. Ao contrário de algumas unidades da Parmalat que paralisaram suas atividades por um período, por causa da crise, o entreposto de Eneas Marques continuou funcionando.
O prefeito Hélio Parzianello (PSDB), de Eneas Marques, relata que quando aconteceu a crise da Parmalat a coleta diária baixou para 25 mil litros, aumentando meses depois para 50 mil e hoje estaria em 70 mil litros.
A capacidade de armazenagem da unidade de coleta é para 100 mil litros dia. O leite coletado em Eneas Marques segue em caminhões para a unidade agroindustrial de Carazinho (RS).
Para recuperar sua credibilidade junto aos produtores, a empresa decidiu saldar os valores de janeiro que não tinham sido pagos a cerca de 94 produtores da região ? eles recebiam por ordem de pagamento do BB.
Outra decisão foi pagar os produtores integrados a cada 15 dias, diferente de outros laticínios que demoram de 40 a 50 dias para pagar pela compra do leite. “É uma inovação muito grande”, destaca o prefeito.
Muitos produtores que tinham deixado de entregar a produção para a empresa estão voltando e outros mudando para a Parmalat em vista do pagamento quinzenal.
Valdecir Wessling, presidente da Associação de Produtores de Leite de Eneas, diz que a atuação da Parmalat “está inspirando confiança. Eles aumentaram bem a produção”.
A distribuidora dos produtos lácteos da Parmalat para a região, a Central, diz que não tem faltado mercadorias. No entanto, a unidade de Carazinho (RS), que fornece os produtos (leite condensado, creme de leite e outros) está operando com 60% de sua capacidade. A agroindústria pode industrializar um milhão de litros de leite/dia.