
Incêndio na manhã de ontem, na Rua Izidoro Lírio Flach, bairro Perin, em Marmeleiro, destruiu totalmente a casa de madeira onde moravam Silvana e Ezequiel Moralatto e as filhas Ana Carolina, 12 anos; Andressa, 11 anos; Larissa, 5 anos; Vitória, 3 anos; e Emanuela, de sete meses. Emanuela morreu carbonizada. O fogo pode ter começado na cozinha, por volta das 11 horas, e destruiu a casa em poucos minutos. As cinco filhas do casal estavam dentro de casa e a mãe, dona Silvana, estava nos fundos, na área de serviço.
A Polícia Militar esteve no local para orientar o trânsito e os vizinhos para que protegessem suas residências. O soldado Giovelli, da PM, contou que as crianças já tinham sido retiradas por vizinhos e muitas pessoas começavam a chegar para ver as chamas e o socorro à família. Pouco depois chegou o Corpo de Bombeiros, que não conseguiu fazer muito, pois o incêndio foi rápido. As pessoas que estavam no local praticamente não conseguiram retirar os pertences da família de Silvana e Ezequiel.
Uma fita de isolamento foi colocada para evitar que curiosos se aproximassem e atrapalhassem o trabalho do Corpo de Bombeiros. Pessoas próximas da família estavam emocionadas. A mulher e as crianças foram levadas para o Pronto Atendimento de Marmeleiro. Uma médica examinou Silvana e as crianças. A mãe e três filhas foram liberadas às 12 horas. A menina Larissa, de 5 anos, com ferimentos mais sérios, foi levada por ambulância do Samu para o Hospital São Francisco, em Francisco Beltrão.
Informação obtida na tarde de ontem junto ao Pronto Atendimento era de que Larissa seria levada para um hospital especializado em queimaduras de Londrina (PR). A família está abrigada, provisoriamente, na casa da mãe de Silvana. O Departamento de Assistência Social e a Prefeitura de Marmeleiro estão prestando auxílio.
Mulher de 67 anos ajudou a salvar as crianças

Iracema Giacomini, 67 anos, aposentada e vizinha da família, ajudou a salvar algumas das crianças. Ela estava emocionada. “A de cinco anos eu que salvei ,porque não consegui entrar lá dentro pegar a pequenininha, que elas falaram que ela tava em cima do sofá. Eu não consegui entrar lá dentro, pegar ela. Daí eu queria gritar socorro, mas a (menina) grandinha queimada, se agarrava em mim, de medo, que queria que eu fosse lá salvar a pequena, e daí quando a mãe saiu da lavanderia pra ir pra cozinha, o fogo já tava no teto e subindo, não tinha como. Não tinha como entrar lá”, relatou dona Iracema.
A vizinha contou que “a gente salvou elas porque a janela da sala tava aberta, que nunca fica aberta, parece que Deus fez uma coisa pra deixar a sala aberta, pra socorrer as meninas. Eu peguei ela pela janela, ela se agarrou pela janela e gritava, o fogo em cima dela. Eu peguei ela pelos cabelos, sapecou bastante os cabelos dela e tudo, as mãos, ela se queimou, eu nem reparei direito de tão louca que eu fiquei, porque corre pra lá, corre pra cá, grita. Tava só eu ali, e a mãe querendo entrar lá dentro no fogo, e a casa tava tomada (de fogo). Cinco minutos a casa tomou o fogo”, completou.
Dona Iracema contou que viu as chamas que começavam a tomar conta na parte interna da casa. “Eu só cheguei e desci aqui, não tinha nada queimando, e quando eu subi, que eu olhei pra cá, o fogo já tava na cozinha, com dois metros de altura e o grito lá. Corri na janela, e daí as meninas, o que pudemos jogar pra fora, o que a gente pôde socorrer, a gente socorreu. Mas a pequenininha, como que tu vai entrar lá dentro se o fogo já tava grande?”
“Era coisa mais linda”
Dona Iracema disse que Emanuela era uma menina muito querida. “Meu Deus do céu, a coisa mais linda do mundo, vizinhos da gente! Eu gritei tanto, tanto por socorro, pra todo mundo, não vinha ninguém, eu falei socorro, Jesus amado! Só Jesus nessa hora mesmo, porque a pequeninha não queria desgrudar de mim, porque ela tava queimada, e daí foi aquela tristeza. Começou a vir gente que nem sei, a parar carro. Mas agora já tá tarde. Agora se foi tudo, o que tinha pra queimar lá dentro se foi tudo, porque o que pudemos salvar, salvamos.”
Fogo pode ter começado na cozinha, diz bombeiro
Sargento Inoir Gandin, do Corpo de Bombeiros, disse à imprensa que o incêndio pode ter começado na cozinha. “Segundo informações de populares, começou na área da cozinha, provavelmente em algum fogão ou alguma coisa, (em horário) próximo do almoço. A gente imagina isso. Mas vamos fazer um levantamento pra constatar realmente as causas deste incêndio”, informou.
Os caminhões do Corpo de Bombeiros não conseguiram chegar a tempo para conter as chamas. Gandin comentou que “as primeiras informações que chegaram aos bombeiros era de que esta casa estava sendo consumida pelas chamas e havia crianças no interior da residência. A distância (de Beltrão a Marmeleiro) fez com que o nosso trabalho de resgate não fosse possível de uma das crianças, que ficou dentro da casa que estava consumida pelas chamas e, infelizmente, conseguimos localizar o corpo desta criança já carbonizado. Então, agora estamos aguardando a Polícia Técnica pra fazer o resgate e levantar as causas possíveis do princípio de incêndio desta residência”.
“E quanto às informações de que a mãe destas crianças se encontrava na residência, mas na área de serviço, e, quando se deu conta, a obstrução pra ela conseguir entrar nesta residência impediu o resgate. Estas crianças foram retiradas por populares, por um outro lado da residência. Então, as pessoas que estavam na vizinhança fizeram o resgate destas crianças pelo lado oposto onde estava a mãe”, completou Gandin.
Por volta das 11h45 chegaram ao local os servidores dos institutos de Médico-Legal (IML) e de Criminalística, que fizeram os levantamentos. O corpo da criança foi recolhido para a necropsia no IML de Beltrão até o final da tarde de ontem não tinha sido liberado para os familiares. A Polícia Civil foi comunicada do incêndio na casa e a morte da criança, e deve apurar o caso.