Apenas serviços essenciais como supermercados, farmácias, distribuidoras de água e gás e postos de combustíveis podem permanecer abertos. Indústrias do agronegócio também seguem em funcionamento.
Na manhã de ontem, 20, o prefeito Raul Isotton (sem partido) concedeu entrevista e confirmou o fechamento do comércio de Dois Vizinhos por 15 dias, através de decreto 16.245/2020. O documento pede isolamento social da comunidade (quarentena) e proíbe o funcionamento de casas noturnas, academias, restaurantes, bares e lanchonetes, clubes, associações, cultos e atividades religiosas (incluindo velórios), locais de jogos, entre outros. O documento motiva o setor privado a liberar os funcionários para trabalhar em casa e determina, para as instituições financeiras, restringir o atendimento presencial.
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Para o setor de alimentação, é liberado o atendimento ‘delivery’. Para o setor varejista, não é proibido o funcionamento, mas não pode ser de forma presencial (podem-se usar os meios virtuais, ou telefone, e a entrega de produtos aos clientes seguindo rígidas formas de higienização).
Os hotéis não podem receber pessoas de outros países ou de cidades com casos de coronavírus. Serviços de saúde (inclusive veterinários), farmácias, postos de combustíveis, distribuidores de água e gás, funerárias e mercados podem atender, assim como prestadores de serviços de limpeza pública, internet e coleta de lixo. É proibido o consumo de qualquer alimento/bebida nos estabelecimentos.

Na tarde de sexta-feira, 20, as ruas já tinham movimento muito inferior a normalidade.
Foto: Alexandre Bággio/JdeB
E a Páscoa?
Lojas de chocolate, em razão da Páscoa, também podem funcionar. O decreto ainda autoriza o remanejamento de servidores de outros setores do poder público para combater a pandemia.
“A ideia inicial era que começasse às 15h, mas respeitando a posição da Associação Empresarial de Dois Vizinhos, de empresários, e por saber que é uma situação difícil, decidimos postergar. Temos que fazer com que as pessoas se conscientizem do que está acontecendo no mundo. A cadeia produtiva do setor agronegócio precisa se mantém em atividade em virtude das indústrias que temos aqui, assim como o transporte e abastecimento da população”, disse o prefeito.
Os estabelecimento que funcionarem terão regras a serem seguidas. “Visitei supermercados e não estava acontecendo da maneira propomos. Agora, vamos limitar o número de pessoas dentro desses espaços. Precisamos nos respeitar, assumir a reponsabilidade. O decreto é por 15 dias, podendo ser modificado a qualquer momento”, explicou.
Hospital
Raul ressaltou que o Hospital Pró-Vida faz atendimentos de urgência e emergência, enquanto as unidades básicas de saúde serão responsáveis em receber os pacientes com sintomas de coronavírus, e, após esse primeiro atendimento, caso necessário, eles serão destinados para o Centro Integrado de Especialidades Microrregional, a referência para tratamento do vírus em Dois Vizinhos.
O presidente da Câmara, Douglas Colaço (Pros), destacou que o legislativo apoia a decisão do executivo. “A gente entende que é um momento complexo e também é uma atitude difícil de tomar, mas a gente dá todo o apoio, pois é melhor prevenir, é bom que as pessoas se conscientizem que o momento exige certos cuidados, discernimento das pessoas para que evitem aglomerações, todo o tipo de contágio desproporcional entre as pessoas. Quinta-feira percebi que tínhamos muito lugares lotados sem as pessoas dar bola para a pandemia. Temos que tomar atitude, passa pelas famílias, pelos cidadãos e todos devem tomar as precauções”, relata.
O presidente da Associação Empresarial de Dois Vizinhos (Acedv/CDL), EdilbertoMinski, falou sobre como a decisão foi tomada. “É difícil tomar essas decisões, há uma semana temos reuniões diárias, acreditamos que essa medida será tomada em todo o Paraná e, por isso, a gente dá o aval para o prefeito e contribui nessas orientações. Esse é o momento de se conscientizar, por bem ou por decreto. Percebemos que com todas as orientações que foram passada, por consciência, o pessoal não está tomando então fizemos o decreto. Precisamos isolar esse vírus, não podemos deixar que vire uma pandemia no município. A ação tem que ser tomada antecipadamente. Depois que se perdeu o controle, não tem mais o que fazer. Precisamos criar um hábito de ficar em casa antes do vírus chegar em DV. Por isso, estamos apoiando esse decreto”, acrescenta.
Decisão tem apoio
Mesmo antes do decreto ser publicado, diversas empresas, de ramos distintos, haviam se posicionado pelo fechamento do comércio. A empresária Carize Lucietti ressalta que a questão econômica não vai ser fácil, mas apoia a decisão de fechar as lojas. “Foi a melhor decisão, até demorou muito. Eu não tinha fechado por medo da crise que vamos ter lá na frente, mas acho que todos vão se ajudar depois que essa fase passar. Agora que é uma obrigação, acredito que as pessoas vão se conscientizar. Temos que pensar na saúde das clientes, na nossa saúde e no risco que já corremos”, disse Carize, que é sócia-proprietária da Beijo da Lua.