A banda voltará a ter a formação original em uma apresentação no Pavilhão da Oktoberfest. Grande parte dos ingressos já foram vendidos.

utilizar trajes especiais para as apresentações.
Na década de 70 surgiu, em São Jorge D’Oeste, o Musical Atlântidas. A banda fez sucesso em todo o Paraná e tocava, principalmente, em Festas do Chope com músicas tradicionais alemãs. A formação original era Ivo Machado (teclado), Irineu Machado (trombone), Sadi Machado (bateria), Arno Machado, o Lambari (sax), Haroldo Azzolini (guitarra/vocal), Carlito Porto (guitarra/vocal), Edmundo Wirth (trompetista), Darci Koch (sax) e Auri Heydt (contra-baixo). O nome da banda surgiu depois que o Musical Atlântidas, de Concórdia (SC) pararam de utilizar esse nome, que foi adotado pelos Sanjorgenses.
O reencontro foi ideia de Haroldo Azzolini, que hoje reside em Francisco Beltrão. Ele ainda trabalha com música na banda Família Azzolini. “O Haroldo veio conversar com a gente para fazer o show, filmar e termos uma recordação. É bom, né? O pessoal toca bem, compramos instrumentos novos agora está melhor do que naquele tempo (risos)”, diz Irineu Machado.
O mais experiente da trupe, Edmundo Wirth, de 81 anos, não havia tocado mais desde o fim dos Atlântidas. “Eu tinha, praticamente, esquecido tudo. Não tinha mais instrumento, comprei um trombone novo só para a apresentação”, conta. Ele está emocionado com o retorno. “A mulher tá até desconfiada que vai dar um treco, mas eu disse que não. Tenho mais de 40 anos de palco. Tem muitos amigos, que eu nem esperava, que vão estar ali. Eu nem vou tentar não olhar pra platéia, quero ficar atento no meu trabalho. Eu não vou falar também, porque emociona demais”, conta.
Antes de São Jorge, Wirth residia Santa Catarina, onde já tocava. “Faz 49 anos que eu estou morando aqui e foi no quarto, quinto ano que nós começamos. A gente tinha um conjuntinho em quatro, mas daí vieram os Machado pra cá, que eu tinha tocado com o pai deles lá em Santa Catarina e logo me procuraram. Daí começamos, fomos aumentando, aumentando até chegarmos a nove componentes”, lembra.
Quando parou de tocar, ele tinha uma coleção de mais de 200 canecas de bailes do chop. “Eu tinha 200 e poucos copos de baile do chope lá em casa. Cada um pegava um copo em cada baile. Acho que ainda tenho uns 100. No ano passado, eu fiz festa de 60 anos de casados e os parentes levaram as canecas de lembrança, mas ainda tenho bastante lá”, completa.
Nostálgico, Wirth se lembra dos bailes antigos. “Carnaval e fim de ano era a nossa safra, hoje não é a mesma coisa. Quando isso começou a terminar e entramos em crise. Aí outros tiveram alguns problemas pessoais e decidimos parar com a banda”, compara Wirth.
Ele está impressionado com a empolgação das pessoas pelo baile. “A gente achava que não tinha esse prestígio. Agora, com a procura que tem, temos que agradecer muito. Vamos tocar com a formação original. São os mesmos que eu parei há 22 anos. Tão tudo meio velho já, mas vamos tocar (risos)”, brincou.

Surpresas
A noite começa com a apresentação da Banda Família Azzolini. Depois, acontece o desfile das candidatas a Rainha da Oktoberfest e acontece a esperada apresentação dos Atlântidas. Algumas surpresas estão preparadas para a noite. “Tá todo mundo curioso para ver o show. Fizeram outro traje, mas falaram que a gente vai ver só no dia. Vamos ter outras surpresas também”, adianta Irineu Machado.
Os três irmãos estão satisfeitos com o retorno. “Dá uma emoção. Estamos ensaiando, o pessoal está animado, todo mundo está se empenhando e as músicas estão saindo bem. Já nos entrosamos. Não esperava tocar com todo mundo junto. Vai vir um pessoal de fora, irmãos, parentes. Eu até não to ansioso, a gente era acostumado a tocar, mas vai dar bastante gente”, conta Irineu.
“Tá sendo muito emocionante começar de novo, rever os amigos, contar umas passagens, umas risadas, uns churrasquinhos e a música tá saindo bem. Os caras que não tocavam mais há 20 anos estão voltando a tocar bem. Eu até continuei, mas não em banda, é outro tipo de música. Tá legal voltar vai ser de arrepiar um pouco, acho. Frio na barriga”, diz Lambari.
Sadi Machado acabou entrando na banda em virtude de uma tragédia e também está ansioso com a apresentação. “Eu entrei dois anos depois. Eu não sabia tocar, mas como a aparelhagem parava na casa do pai, a bateria ficava montada, eu fui pegando, meu irmão ia me incentivando. Eles tinham outro baterista, o Dedé, bom de bateria, mas um certo dia, num sábado de manhã, ele tinha uma república aí e acabou morrendo. Eu tava numa loja, comprando uma calça, lembro como hoje, quando que chegou meu irmão e falou: vamo Sadi. Eu pedi: aonde? Ele disse: tocar baile. Não teve como dizer não. De lá pra cá foi só 14 anos de estrada. O forte da banda era as músicas alemã, os bailes do chope. É bom poder tocar mais uma vez com os amigos”, conta.


Na opinião dos organizadores, o baile já é um sucesso
Quando Hilário Altmann foi procurado para que o espaço do Pavilhão da Oktoberfest fosse usado para o baile com os Atlântidas se empolgou. “Foi uma parceria. O Haroldo nos procurou para ver o que a gente podia fazer: ou alugava o pavilhão, ou fazia parceria. A diretoria conversou e, como os Atlântidas tocaram muitos eventos no nosso pavilhão, a gente fez a parceria. Estamos divulgando a festa e, durante o baile, será feita a escolha da Rainha da Oktoberfest. A abertura será com a Família Azzolini, no intervalo terá o desfile das garotas e depois o show dos Atlântidas”, disse.
Hilário também está ansioso para o baile. “É uma expectativa muito grande. Pelo o que a gente percebe, foi uma novidade que o povo não esperava. Teve muitas pessoas que nunca foram em baile e já comparam ingresso”, conta.
No passado, ele era fã da banda. “Eu tive a oportunidade de assistir uns três ou quatro ensaios e eu olhava para os músicos e me emocionava, chegava a me arrepiar. Depois de tanto tempo ver eles tocando, parecia que voltei no tempo. Eu fui em vários bailes deles, algumas vezes até acompanhava em outras cidades fora do município”, conclui.