Após perder a sua casa, Iraci e João estão vivendo em uma casa emprestada. A solidariedade dá chances para quem não tem mais um lar.

Ele ainda não acredita que a propriedade resistiu ao alagamento.
Domingo, 8, aproximadamente 6h da manhã, dona Iraci de Oliveira, 68 anos, escutou seu cachorro latir desesperadamente; o fato era incomum, pois na comunidade Salto Caxias este horário é muito pacato. Ainda um pouco escuro, ela levantou e foi acudir o cão, quando o viu, ele já estava quase se afogando. O leito dos rios Iguaçu e Cotegipe (afluente) subiu tanto que já tomava as casas próximas à Usina Hidrelétrica Salto Caxias.
Ao perceber a situação, dona Iraci chamou o marido, João de Oliveira, 72, que não acreditou no que estava acontecendo. “Então, eu chamei meu filho Adenir, ele correu soltar as galinhas e os porcos para tentar salvá-los”, conta Iraci, que tentou ajudá-lo, mas a água a derrubou e, no momento de desespero, conseguiu se firmar, até ser socorrida pelos netos – que moravam próximo – e, quando perceberam o alagamento, foram atrás dos avós.
Neste momento, a água já estava dentro da casa e a família tentava retirar do imóvel o que ainda era possível salvar. A única coisa que dona Iraci pensava era: “E agora o que será de mim?”
Ao contar a história, a tristeza enche seus olhos de lágrimas. Mesmo que tenha passado momentos difíceis na vida naquela casa, foi onde dona Iraci criou todos os filhos e saber que não há para onde voltar, ainda mais na velhice, torna tudo mais difícil.

Iraci contabiliza, entre as perdas, cinco camas e quatro roupeiros. “Eu penso que uma hora a vida vai melhorar, penso em ter minha casinha. Se foi até a parabólica”, lamenta, mas, ao mesmo tempo, agradece a ajuda que teve de familiares e conhecidos. Onde mora agora, na comunidade Nova Gaúcha, é uma casa emprestada por um conhecido, contudo, ela sente que o que falta “é o cantinho da gente”.
Das 6h às 9h de domingo, a casa da família Oliveira estava embaixo d’água. Duas semanas depois, Iraci voltou ao local e viu que nada havia sobrado. “Dá uma tristeza”, lastima.
Galinhas e cães se socorreram em cima do paiol
Romário de Oliveira é filho de dona Iraci. A casa dele fica muito próxima à Usina Hidrelétrica Salto Caxias e ele não sabe explicar como a água não a levou. Romário mora com a esposa, Rosa Nunes, e mais quatro filhos. Às 5h da manhã, ele percebeu o movimento na estrada e viu que a água estava subindo. “Para conferir, fui para trás da lomba do rio, chegando lá, vi que água estava muito alta”, conta.
Então todo mundo foi atrás de socorrer as pessoas. “Vi a água alta e a gente foi ajudar a tirar as coisas do pai. Os animais, galinhas e cachorro aqui de casa ficaram em cima do paiol para se protegerem”, relata Romário.