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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Em seis anos, produção de leite cresceu 50% mantendo o mesmo número de vacas

Marmeleiro tem cerca de dez mil animais em lactação, produzindo 46 milhões de litros/ano.

Vagner e o pai, Amadeu, participam do programa de melhoramento genético.

O produtor Amadeu de Sousa, da Linha Novo São João, lida com gado leiteiro há 25 anos e vive hoje seu melhor momento. O plantel não é grande, mas os animais bem cuidados e a constante profissionalização da atividade estão melhorando o desempenho das vacas. “O segredo é tratar bem desde bezerra, cuidando da alimentação, o manejo, e ter uma boa linhagem”, conta.

Nos últimos anos, Marmeleiro viu sua produção de leite dar um salto, mas sem alterar muito o plantel de animais. Dados do Deral/Seab mostram que em 2014 eram 9,9 mil vacas ordenhadas produzindo 30,3 milhões de litros no ano. Em 2019, o número de animais praticamente se manteve, ficou em 10,6 mil animais, mas a produção chegou aos 44,6 milhões de litros/ano.

O aumento da produtividade está ligado a vários fatores, mas um em específico chama atenção. Em 2017 a Prefeitura reformulou o programa de melhoramento genético. O poder público já fornecia insumos, botijão e a recarga, além do sêmen e desde então começou a repassar material para inseminação com origem mais refinada. “Temos o sêmen fornecido gratuitamente, que já é de boa origem, e o produtor ainda tem a possibilidade de comprar sêmen de touros de excelência com valor subsidiado”, detalha o diretor do Departamento de Agricultura, Guilherme Baggio.

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Atualmente, mais de 120 produtores participam do programa. Eles passam por um curso de manejo de bovinocultura de leite, em parceria com o Senar, e fazem as inseminações em suas propriedades ou para vizinhos. Amadeu é um deles e há dez anos usa a técnica para a reprodução do plantel. Com os bons resultados e a parceria do filho, pensa em mecanizar mais sua propriedade para se manter na atividade.

O investimento do município é de cerca de R$ 155 mil por ano com o programa. A melhoria da produtividade é o principal resultado, mas que deve melhorar ainda amis nos próximos anos. “Hoje, temos as primeiras novilhas desde que os produtores puderam ter acesso ao material de excelência. Elas ainda vão entrar em lactação e teremos uma ideia melhor do resultado, mas aparentemente são animais de excelente qualidade”, analisa Baggio.

Atividade está cada vez mais imprevisível

Custos altos, margens apertadas e um trabalho pelo qual você não sabe quanto vai receber. Esse é um panorama dado pelo presidente da Aproleite Sudoeste, Sidiclei Risso, do Km 15, sobre a atividade. “A gente não consegue ter uma previsibilidade de como estará o mercado amanhã. O leite é uma espécie de commoditie, mas diferente do soja e milho não é possível firmar contratos de longo prazo e tem pouca diferenciação por qualidade. Então o produtor tem que barganhar no volume e na hora da compra dos insumos, porque na venda é uma gangorra”, diz.
Apesar da melhora no preço pago ao produtor nos últimos meses, os custos também aumentaram devido à desvalorização do real frente ao dólar. Essa situação tende a acelerar o processo de abandono da atividade por pequenos produtores, acredita Sidiclei. “Muitos produtores acham melhor aproveitar que a carne tá em alta e vender os animais pro abate, parar de saber quanto vai receber pela produção, e plantar soja e milho que estão valorizados”, completa.

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