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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Empresários consideram ”amargo” os cortes de gastos anunciados pelo governo federal

Para alguns, seria necessário reduzir a máquina pública.

 

Lindonês Colferai: vai causar recessão.

Lideranças empresariais da região apontam que o governo federal não tinha alternativa a não ser anunciar os cortes de seus gastos em 2015. Eles reclamam da corrupção no governo, da máquina pesada do poder público e consideram que a redução de gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vai prejudicar o País no futuro.  

Na semana passada, o ministro Nelson Barbosa, do Planejamento, anunciou corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento do governo federal. Os ministérios da Educação, Saúde e Cidades (Programa de Aceleração do Crescimento) foram os mais afetados. O orçamento da União é superior a R$ 1 trilhão e boa parte das despesas é utilizada para pagar a dívida pública.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis e Madeira do Sudoeste do Paraná (Sindimadmov), Edgar Behne, defende que a redução das despesas deveria ocorrer no poder público. ?O problema dos cortes deveria ser primeiro na estrutura do governo, isso que seria fundamental?, opina. Para o empresário, a estrutura do governo federal está muito pesada. Por isso, o governo se obriga a elevar os impostos para fazer frente as suas despesas. ?Se não mexer no tamanho (da máquina governamental) vai ser muito difícil conseguir os objetivos que o governo quer?, ressalta. 
Mas Edgar considera que o corte ?é um remédio amargo, a sua eficácia vai depender de alguns ajustes? que o governo precisa fazer.
Um dos principais programas do governo que terão restrição de despesas será o PAC. ?Um dos principais investimentos é na infraestrutura, nós estamos com as nossas rodovias que é um desespero; o governo deveria melhorar toda a (área de) infraestrutura?, observou o presidente do sindicato. São necessários investimentos em mobilidade urbana, ampliação de rodovias e construção de novas ferrovias para melhorar o tráfego de veículos e de produtos. Com a redução de gastos, o governo postergará obras importantes para os próximos anos.

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Aperto na economia
Diretor do Sindicato das Indústrias de Leite do Paraná (Sindileite-PR) e gerente da Latco para a região, Valdomiro Leite avalia que ?esse arrocho vai apertar ainda mais a economia, esses setenta bilhões vão deixar de circular na economia, mas, por outro lado, é necessário esse corte?.
Valdomiro considera importante, também, a aprovação das medidas provisórias do governo federal, pelo Congresso Nacional, que restringem o acesso ao Seguro Desemprego e às pensões por morte do cônjuge. Na opinião do empresário, estas medidas ?vão corrigir distorções?. Antes, o trabalhador tinha acesso ao benefício do Seguro Desemprego mesmo que tivesse trabalhado por pouco tempo e fosse demitido. 
Mas Valdomiro reconhece que a redução de despesas da União, ?no curto prazo vai afetar a economia, mas se o governo não segurar os gastos, a médio e longo prazo será pior?.
 

Valdomiro: corte é necessário

Problema de corrupção
O presidente da Coordenadoria das Associações Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar), Lindonês Colferai, diz que ?a tendência é a recessão e o desemprego, uma época de vacas ruins pra ajustar a economia?. Lindonês aponta que um problema que precisa ser atacado pelo governo é a corrupção. ?A corrupção continua e quem paga a conta são as pessoas?, lamenta. 
Professor da Unioeste, o economista Douglas Paz afirma que os cortes no orçamento eram necessários, ?uma parte pra conter os gastos e outro foi subir os impostos?. Douglas observa que o governo reduziu os valores para as áreas de educação, saúde, no PAC, porém não cortou despesas com o programa Bolsa Família. ?Você corta investimento, mexe na economia, cortou obras, mexe na infraestrutura, é grave isso, compromete lá na frente?.
Para ele, a educação não deveria ter cortes porque o País precisa pensar a longo prazo em termos de desenvolvimento. Douglas lembra que o governo preocupa-se, há anos, em conter as taxas de inflação e de desemprego. O economista ressalta que ?se (o País) para de crescer, o desemprego cresce?. Estes cortes, na opinião dele, deveriam ter sido feitos ainda no passado, o governo, mas não fez porque tinha eleições. 
Mesmo com os ajustes no orçamento e a aprovação de medidas provisórias que cortam benefícios sociais pelo Congresso, a inflação deve ser maior que o previsto pelo governo, que é de 8%. ?Este ano a inflação deve chegar a dez por cento?, aposta Douglas. E o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ? geração de riquezas ? poderá atingir 1,2%, um dos mais baixos dos últimos anos.

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