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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

”Família é um espaço de cooperação”

Em palestra para servidores públicos de Marmeleiro, psicóloga comparou educação rígida que era dada pelos pais com a de hoje. Em palestra para servidores públicos de Marmeleiro, psicóloga comparou educação rígida que era dada pelos pais com a de hoje.

 

Giane, Luiz Bandeira e a esposa Marilene, na AFM.

 

Temas como relações familiares, educação dos filhos e relacionamento dos casais foram abordados pela psicóloga Geane Gemeli Wiltgen, de Chapecó (SC), em palestra aplicada aos funcionários da Prefeitura de Marmeleiro. O prefeito Luiz Bandeira (PP) e a primeira-dama, Marilene Perin Bandeira, prestigiaram a conferência. De forma descontraída, a palestrante lembrou como era a educação que os pais davam aos filhos em gerações passadas. 
A conferência aconteceu em comemoração ao Dia do Trabalho, 1º de maio, na sede da AFM. Geane fez especialização em Curitiba e atualmente cursa outra especialização em instituição do Rio de Janeiro na área de Terapia Familiar. É casada e mãe de dois filhos. 
Para ela, a família é um espaço de cooperação. “Cooperação é aquele conceito bem básico, que é compartilhar, colaborar, participar, ele veio de um termo latino. Mas por que a gente está falando em cooperação? Porque a nossa primeira morada, a família da gente, é onde se aprende a cooperar, a não brigar, disputar o pedaço do bolo ou da espiga de milho. Esse é o primeiro lugar que a gente vai aprender a viver em sociedade”. 

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Pai, o senhor da casa
O modelo de convivência familiar mudou bastante, disse a psicóloga. “Vocês tinham um irmão ou irmã que era mais privilegiado? Até mesmo na divisão de trabalho? Como homens vão para a roça e as mulheres cuidam da casa e dos pequenos animais? Como que era na sua família de origem? Todos cooperavam? Como eram divididos o salame e o frango? Eu falo que era muito comum o pedaço maior de salame ser do pai e uma amostra grátis para os filhos, quando ganhavam, e o frango a gente já sabe com quem ficava o peito e coxa: com o pai. E os filhos ficavam com o quê? Com a carcaça, as asas, a sambiquira (risos) e o pescoço.”
Ao citar este exemplo, Geane completou que, “então, parecia que o modelo não era muito justo, tinha, muitas vezes, um homem que era servido, que era o senhor da família, e uma mulher e os filhos, mais para funcionários e empregados do que propriamente uma participação; e, pela composição física, às vezes se privilegiava mais um filho ou outro. Nem sempre as famílias são muito justas na divisão, no trabalho e na cooperação, e isso vai influenciar na hora que vocês forem trabalhar e na hora que montarem as famílias de vocês e terem os filhos”.

Os filhos mais velhos
Ela relatou a experiência vivida ao trabalhar em uma empresa de Santa Catarina. Citou trabalhadores que eram filhos mais velhos e, por isso, mais exigidos que os irmãos mais novos. Numa palestra para os trabalhadores líderes em seus setores, desta empresa, da qual também participaram as esposas, ela perguntou: “Quantos de vocês são filhos mais velhos?”. Era a maioria. “Aí eu falei para mim: ´Isso não é um espanto?´, porque o filho mais velho geralmente é o líder, parece que é natural, mas na verdade é porque ele é cobrado (pelos pais) a cuidar dos irmãos mais novos, é ensinado o serviço a ele.”
A psicóloga observou que esta história de família faz com que a pessoa cresça e se torne um líder natural no seu setor de trabalho e na sua família. Mas que é preciso ter o equilíbrio de liderar e cooperar, “porque se você, no teu setor de serviço, está insatisfeito, provavelmente tem pouca cooperação, porque onde as pessoas se ajudam é como uma família. A família em que todos se ajudam, eles vivem mais felizes; as famílias que têm mais gente egoísta vivem menos felizes”.

Como repartir o dinheiro
Outro aspecto abordado foi a divisão do dinheiro recebido pela produção na propriedade rural de antigamente. Geane expôs duas situações: uma de egoísmo e outra de cooperação. Na primeira, uma família em que o pai recebia o dinheiro e os filhos só viam “a cor (das cédulas) quando ele pegava a carteira e guardava”. O segundo caso, de cooperação, de um agricultor, pai de cinco filhos – quatro homens e uma mulher. Na safra, o pai reunia a esposa e os filhos e dizia: ´Pois bem, fizemos a safra, vendemos, deu isso aqui de entrada de dinheiro e foi vendido a tanto’. Eram expostas despesas com o conserto ou manutenção de máquinas, os tratamentos nas lavouras e demais gastos. O pai dividia 30% para ele e a esposa e 70% ficava para os cinco filhos – inclusive a filha que cuidava da casa, ordenhava as vacas, fazia os pães, queijos e criava as galinhas. 
Geane analisou, também, o casamento e as dificuldades de relacionamento do casal e a educação dos filhos. Ela deu um recado bem claro: “Quem não quiser ter trabalho, não case, porque casamento dá trabalho! Você não faz o que quer na hora que você quer. Não cuida só das suas coisas. Quem não quiser ter trabalho maior ainda, não tenha filhos, quem tem filhos sabe, ou vocês têm algum filho-modelo que não dá trabalho?”. 
Diante do momento de crise dos casamentos, ela defendeu esta relação, dizendo que “primeiro ele é o alicerce da família, segundo porque é desta união que nós, adultos, tiramos maior satisfação ou menor satisfação”. 
Ao falar do dinheiro na família, citou uma frase de que há pessoas que trazem para dentro de casa “uma carroça de dinheiro e jogam para fora com o avental, e vice-versa.a Então, assim o dinheiro passa por: onde vocês vão morar? Onde vão trabalhar? Ele vai te dar um apoio para crescer ou não? Pra estudar mais ou não? O casamento é modelo de relacionamento para os filhos”. Os filhos, que convivem tempo com os pais, vão observar se a relação tem amor e se eles se ajudam.

Não adotar os mesmos defeitos dos pais
A educação também foi comparada e explicada pela psicóloga. “Nossos pais e avós vieram de contextos muito duros com 10, 12, 15 filhos, hoje com dois filhos, se você for um pouco mole, eles te dominam, imaginem com 12. Então, qual era o meio de educação deles: o medo, e por medo a maioria obedecia porque tinha realmente um medo através da educação. Hoje nós queremos ter o respeito dos filhos por merecimento e porque isso é um valor, mas não por medo. Essa é uma grande diferença na educação, Mas o que nós podemos fazer com os defeitos dos nossos pais? Eles vão mudar? Já tentaram fazer os pais de vocês mudarem? A maioria tenta e não consegue”, comentou.
Para a palestrante, uma dica importante é não seguir os mesmos defeitos de nossos pais. “Nós temos um papel muito importante para fazer com os nossos pais e que eu gostaria que nossos filhos e filhas fizessem em relação a nós: não copiar os defeitos deles, que é difícil; a propósito: ter as mesmas qualidades além de outras; respeitá-los, ter gratidão por o que foi bom e perdoá-los pelas atitudes negativas.” 
Geanne deu três conselhos aos participantes da palestra em relação aos pais: 1° respeito – “eu já deveria ter respeito por qualquer pessoa e quem dirá por quem me criou”; 2° – gratidão – “está em falta porque não vende no mercado. Ter gratidão pelo o que foi bom, pelo o que eles nos ensinaram de valor, pelo o esforço que fizeram em ter uma família”; e 3° perdão – “perdoar pelas atitudes negativas, não as copiando porque não adianta criticar e quando vê que está fazendo igual. Quantas vezes você que se tornou pai e mãe, você viu fazendo uma atitude de seus pais e que era uma atitude que você criticava? Ou nunca?”. 
O presidente da AFM, Sidnei Ghizzi, considerou a palestr muito boa. “Foi um conteúdo bem legal; o tema que ela usou foi bem coerente com a relidade.” 

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