Humberto Toscan conta sua trajetória e as escolhas acertadas da família.

Humberto Toscan: empresário e empreendedor em Marmeleiro e Beltrão.
Foto: Flávio Pedron/JdeB
De seu tempo de juventude, o empresário Humberto Toscan guarda boas lembranças, mas recorda-se que viveu o tempo do cabo da enxada, de acordar cedo na madrugada para tratar os bois e depois trabalhar na roça. Inicialmente, ele e seus irmãos estudavam na Linha Canela, em Renascença, mas tempos depois o pai acabou adquirindo uma Kombi para levar a turma estudar em Pato Branco. “Foram dois anos indo pra Pato Branco. Daí, no terceiro ano, surgiu o ginásio no Canela e terminou os alunos pra ir pra lá todo dia. Eu acabei indo morar em Pato Branco. Morei por uns dois anos e meio lá, depois voltamos pra Renascença”, relata Beto Toscan, como é conhecido na comunidade.
Durante sua estada em Pato Branco, Beto trabalhou por dois anos no Posto Guarani, que até hoje funciona. Quando retornou para Renascença, seu pai, Valério Toscan (falecido), estava no cargo de prefeito — em 1976, ele foi eleito vice-prefeito na chapa de Ivaldino Gobbi (Arena), mas, com a morte de Ivaldino, em acidente de trânsito na PR 280, em agosto de 1978, Valério assumiu o cargo até o final do mandato. “Trabalhei um ano na Prefeitura de Renascença e depois surgiu uma vaga para o Banco Bandeirantes, que na época tinha cinco agências na região, em Renascença, Vitorino, Palma Sola, Anchieta e Verê. Trabalhei quase cinco anos no banco, aí entrei na Comfrabel, em Renascença, onde atuei por quatro anos e pouco, até que fui transferido pra Francisco Beltrão, ali em 88 ou 89. E foi em 1993 que a gente comprou o posto [no Bairro São Cristovão] e eu decidi iniciar minha vida de empresário”, conta Beto.
Atualmente, a família Toscan é proprietária de postos de combustível em Francisco Beltrão e Marmeleiro, além de uma transportadora de combustíveis que abastece diversos postos na região de Francisco Beltrão. “A gente sempre trabalhou com a família muito unida. Nesse período que eu vim pra Beltrão, as minhas irmãs também acabaram vindo e aí foi criada a Yellow Modas, que hoje fica na Rua São Paulo, é da Ivonete e da Ester. Mas, no início, essa loja foi constituída dentro do nosso apartamento”, relembra o empreendedor.
Casado com Marilene Toscan, tem dois filhos: Humberto e João Manoel. Em determinada época, surgiu a possibilidade de a família migrar para o Mato Grosso, mas, por fim, prevaleceu a decisão de ficar na região. “Foi numa época que acabamos adquirindo uns caminhões, para o transporte de grãos que a gente fazia, e teria que ir morar no Mato Grosso. Mas achei melhor desistir e ficar com a família. Em 2007, compramos um terreno aqui em Marmeleiro e, em 2012, tivemos autorização para construir a base do TRR, que iniciou a operação em 2013.”
Transportador Revendedor Retalhista
Desde 2013, a família Toscan atua também como Transportador Revendedor Retalhista (TRR) que, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), é a empresa autorizada a adquirir em grande quantidade combustível a granel, óleo lubrificante acabado e graxa, envasados para depois vender. O TRR também é responsável pelo armazenamento, transporte, controle de qualidade e assistência técnica ao consumidor quando da comercialização de combustíveis. “Os clientes do posto diziam ‘leva combustível lá em casa, para as minhas máquinas, é isso que eu preciso’, e a gente sabe que tem três classificações: posto é pra atender direto na bomba, e já o TRR é pra atender o produtor, pra atender empresas que têm até 15 mil de galonagem de tanque, e as distribuidoras é pra atender os postos. Então, na época, como o pessoal pedia e a gente não conseguia atender legalmente, surgiu a ideia de iniciarmos um TRR”, diz o empresário.
As atividades foram iniciadas com uma capacidade instalada de 180 mil litros. Logo, houve a primeira ampliação, para suportar até 480 mil litros de combustíveis. Recentemente, mais investimentos foram destinados para uma nova ampliação. “Quase triplicou a venda porque tem volume para dar o giro, caminhão está na estrada, está chegando, está descarregando. Tem que ir ampliando se você quiser ter novos horizontes. Agora estamos fazendo mais uma ampliação, com recursos próprios e parte do BNDES.”
Muitos desafios
Nestes 25 anos de experiência no setor, Beto relata que vivenciou duas crises mais severas: o momento atual e em 1993, logo que o posto foi adquirido. “Nesse tempo teve esses altos e baixos. Depois que entrou junto o transporte, a gente agregou um pouco mais o volume e o resultado acabou sendo melhor”, compara.
Humberto acredita que, nos últimos anos, o setor do transporte chegou ao limite. Ele questiona os aumentos do combustível e os custos excessivos que recaem sobre o transportador. Na opinião do empresário, deveria haver maior união e organização dos caminhoneiros para reivindicar melhorias. “Isso é difícil porque um mora numa cidade, outro em outra, três caminhões aqui, cinco lá, e daí como que eles vão participar de uma reunião, de uma diretoria? É preciso trabalhar para não ver essa categoria de autônomos desaparecer, porque, se continuar nesses preços do combustível, da manutenção, a tendência é desaparecer e só ficar os grandes grupos que tenham mais recursos, mais estrutura. Nós precisamos deles, temos absoluta certeza que sim, e precisamos em todos os setores. Eu sou a favor de que eles tenham um preço mínimo”, defende.
Família unida e atenção aos clientes
Humberto Toscan se orgulha em ter sua família trabalhando junto nos negócios. “É uma empresa familiar, os meninos voltaram, eles estavam estudando fora e faz dois anos que eles estão conosco, então nossa família se dedica a isso. E os nossos colaboradores, temos funcionários que estão desde o início conosco”, destaca. O empresário, que trabalhou como frentista e hoje é proprietário de postos, afirma que é gratificante estar na pista, na área de atendimentos dos clientes, e que o contato e o bom relacionamento são fundamentais para o sucesso de qualquer negócio. “Quando quero me sentir bem, eu vou lá pra pista, porque no posto tem uma das particularidades que difere totalmente a empresa das outras. Hoje, todas as pessoas têm carro, moto, todos vão no posto, e você acaba ficando conhecido. A gente fica fazendo essa amizade, tendo esse conhecimento com as pessoas, e é uma satisfação. O posto é um local que precisa ter esse acolhimento”, ressalta Beto.