Família troca gado leiteiro por cabras e ovelhas
Ari Ignácio de Lima ?
Jornal de Pato Branco.
A família Hasse, da comunidade Bom Retiro, interior de Pato Branco, foi durante anos uma das maiores produtoras de leite bovino da região. Mas, há dois anos, resolveu mudar de atividade pecuária: vendeu o rebanho leiteiro bovino e apostou na engorda de bois e na produção de cabritos e ovelhas como alternativa de renda à já bem estruturada fazenda agropecuária, onde se produz, em grande escala, soja, milho e trigo.
De acordo com Silvio Hasse, um dos proprietários, a mudança foi necessária: ?O custo-benefício do leite não era o mesmo que o lucro que temos com os cabritos e ovelhas. No lugar de uma vaca podemos ter 10 cabras que produzem três vezes ao ano e, em média, dois filhotes por cria?, explica Hasse. Com oito meses o cabrito produz 20 quilos de carne. Mercado não é o problema. Ao contrário, é o produto que está em falta. ?Já recebemos contato de uma rede de supermercados de Curitiba que quer uma produção mínima mensal para fechar contrato? revela, o produtor. ?Mas não conseguimos atender nem a demanda na porta da casa, onde as pessoas vem à procura de carne de cabrito?, lamenta Hasse. Por isso, o preço elevado. Hoje o produtor recebe R$ 12,00 o quilo de carne de cabrito. O segredo de tanta procura está no sabor do produto. O produtor afirma que a família decidiu ampliar o rebanho para depois entrar forte no mercado. Hoje são 90 filhotes, mais outro tanto na engorda e 170 fêmeas da raça Anglo Lubiano. Um dos segredos do bom rendimento de carcaça ? maior produção de carne, está no cruzamento de raças. Eles trouxeram do Sergipe um macho Bôer. A cobertura em fêmeas Anglo Lubiano confere aos filhotes características que garantem ao animal maior produção de carne: ?com a estrutura melhorada por causa do cruzamento, os animais produzem de 15 a 20% a mais de carne que a raça pura?, destaca Hasse. O bode da raça Bôer, que pesa 120 quilos, é destaque regional: campeão das exposições agropecuárias de Pato Branco, Francisco Beltrão e Guaraniaçú.
A alimentação do rebanho é outro fator que agrega valor à produção. Utiliza-se ração, mas o segredo está no pasto verde. Todos os dias o rebanho é solto nas áreas com cobertura verde que ocupa a maior parte da propriedade neste período. Uma hora é suficiente para os animais saciarem a fome e, então, eles retornam às estrebarias que antes abrigavam as vacas. Aliás, a infra-estrutura física é outro fator que facilitou a criação de cabritos. ?Não necessitamos construir nada. Todas as instalações antes utilizadas para as vacas estão sendo usadas para as cabras?, salienta.
Quanto às ovelhas, os cuidados são semelhantes. Também utiliza-se o cruzamento industrial. As fêmeas da raça Sulfok recebem cobertura de machos da raça Santa Inês, animais sem lã e de cor escura. Por isso os filhotes são preto e branco, metade do corpo coberto de lã e outra parte lisa. A mistura de raças, como na caprinocultura, confere aos filhotes maior capacidade de produção de carne. Também não falta mercado para carne de ovelha. O preço é um pouco menor que a de cabrito, mas altamente lucrativo: ?hoje recebemos R$ 10,00 o quilo e não temos produto para fornecer ao mercado?, conclui Hasse.