Família Xavariz investe em nova agroindústria de melado

Eles produzem hortaliças sem agrotóxicos há 20 anos e agora planejam expandir a produção de derivados da cana-de-açúcar.

Por Aline Leonardo e Flávio Pedron
Na propriedade de pouco mais de 14 hectares, no Assentamento João de Paula, em Renascença, a família Xavariz já tem uma produção bastante diversificada. Com venda garantida na feira livre e em mercados do município, a família planta hortaliças e cana-de-açúcar, além de criar alguns animais para consumo próprio.

Na propriedade são três famílias, seu Joacir e a esposa Odete, que é agente comunitária de Saúde, a filha Jussara Xavariz e o marido Guilherme Machado, o filho Jeferson Xavariz e a esposa Cleide, funcionária pública.

Seu Joacir é muito simpático e bem disposto para o trabalho. Após quase 20 anos lidando com repolho, couve-flor, brócolis, alface, acelga, tudo sem agrotóxico, a ideia agora é investir em uma agroindústria de melado.

Para isso, o cultivo de cana será aumentado de um alqueire e meio para dois alqueires e meio. “Vamos produzir o açúcar e o melado em quantidades grandes para o comércio. Vai ser tudo legalizado, dentro das normas e das leis, tudo certinho”, planeja Joacir Xavariz.

Produção diária
Com investimento próprio, as famílias de Joacir Xavariz e Silvério Hermann estão construindo um barracão de 12 por 18 metros onde será possível utilizar quatro tachos no processamento da garapa até virar melado ou açúcar. Atualmente eles já fabricam melado duas vezes ao dia. Na visita ao sítio, Joacir, o genro Guilherme Machado e o cunhado Silvério estavam mexendo no tacho.

A futura agroindústria também será usada para industrialização de mandioca. “A mandioca está indo bastante, mas logo o melado e o açúcar vão entrar mais fortes, porque não tem aqui na região um fabricante. A Rede Forte já veio fazer proposta pra gente colocar 500 quilos de melado e de açúcar por semana, vamos ver ser vamos conseguir. E estamos plantando mais de mil pés de mandioca, vendemos ela toda embalada. A Rede Forte também quer tantos quilos de mandioca embalada e congelada, então nós estamos nos preparando”, conta o produtor.

Demandas dos mercados
Joacir vai três vezes por semana até a cidade, fazer as entregas de produtos nos mercados. “Tem vezes que eu vou todo dia, se me ligam, eu vou. Seis horas da manhã já estamos de pé, sete e meia eu já estou fazendo entrega e dez e meia tô de volta pra ir para a horta”, relata.

Nas manhãs de sábado ele participa da feira do produtor, na Praça Ivaldino Gobbi. No box da família as pessoas encontram hortaliças e outros produtos, como a garapa. Seu Joacir recebe as pessoas com muita conversa e sorriso. Foi numa conversa rápida que combinamos a visita da reportagem do JdeB à propriedade da família dias depois.

Na parte das mandiocas, o cunhado Silvério Hermann será parceiro na agroindústria. A previsão é de que o espaço comece a funcionar em 60 dias. Outra filha de seu Joacir também irá trabalhar na propriedade e a Emater está prestando assistência técnica para os produtores.

De olho na temperatura
A época de frio traz preocupação para quem vive de plantar hortaliças. Em questão de horas, toda a produção pode ser perdida. “Se vier uma geada forte, perde tudo”, comenta Joacir Xavariz. E, no caso dele, a dificuldade para manter as plantas é ainda maior, porque não são usados agrotóxicos. No dia da visita da reportagem ao sítio dos Xavariz, seu Joacir estava preocupado porque no dia seguinte havia previsão de geada forte e os canteiros não têm sistema de plasticultura.

Mesmo assim, o produtor se mostra contente com as hortaliças e com a boa perspectiva para os derivados da cana-de-açúcar: “Os produtos sem veneno são poucos valorizados, mas estamos procurando ter a certificação, que é algo demorado e caro. O pessoal do Verê [Capa] está ajudando para o melado entrar nos orgânicos. Mas estamos indo bem, estamos em três famílias, quase quatro, estamos muito bem, uma renda muito boa”.

As famílias Xavariz estão se dando bem com a produção de hortaliças, têm máquinas agrícolas e veículos e casas boas. O filho Jeferson também trabalha com artesanato e os produtos são vendidos na feira livre.