A obra é considerada um marco na história de progresso do Sudoeste, e mais de cinco mil pessoas estiveram na inauguração.
Dia 30 de maio de 1970, um sábado como hoje, era inaugurada a rodovia Três Pinheiros-Pato Branco, ligando por asfalto o Sudoeste do Paraná à BR-277, em Guarapuava. A obra foi iniciada em outubro de 1968, e cobriu mais de 120 quilômetros. O governador do Estado do Paraná, Paulo Cruz Pimentel (1965 -1970), diversas autoridades, ente elas o presidente da Assembleia Legislativa, deputado pato-branquense Ivo Thomazoni (era o Ademar Traiano de hoje), e “mais de cinco mil pessoas, que acorreram até aquele local”, conforme registrou o jornal beltronense Tribuna do Sudoeste do dia 6 de junho de 1970.
A comitiva de Paulo Pimentel passou por Pato Branco e Coronel Vivida, até chegar no local onde ocorreria a inauguração, sobre a antiga ponte do Rio Iguaçu, que está submersa desde 1980 por causa da construção da Usina de Salto Santiago, em Saudade do Iguaçu. As solenidades iniciaram ao meio-dia e encerram às 14h, com a abertura da rodovia.
Um churrasco foi servido para todas as autoridades e as cinco mil pessoas que estiverem presentes para a inauguração.
A matéria da Tribuna do Sudoeste registrou que aquela estrada asfaltada, primeira do Sudeoste, “é o mais vigoroso impulso que o governo dá para nossa região” e encerra anotando que “ficou o dia 30 de maio marcado no calendário histórico do Sudoeste, pois, sem sombras de dúvidas, é a partir desta data que surge uma nova era no nosso desenvolvimento”.
Em 50 anos, de 84 para 1.500 quilômetros de asfalto
Aquele primeiro trecho, inaugurado em 1970, era de 84 quilômetros dentro do Sudoeste (da ponte do Rio Iguaçu até a cidade de Pato Branco). Hoje, em todo o Sudoeste, são aproximadamente 1.500 quilômetros de estradas asfaltadas, entre estaduais e federais.
Segundo informações do Escritório Regional Centro Sudoeste (CRCS) do DER, são cerca de 600 quilômetros de estradas estaduais da microrregião de Francisco Beltrão e mais cerca de 600 da microrregião de Pato Branco, na área do Escritório Regional Vale do Chopim. Somando ainda as estradas federais, dá de 1.450 a 1.500 km.
Vale anotar que todas as 42 cidades da região estão ligadas com estradas asfaltadas.
*Flávio Pedron, Ivo Pegoraro e Jônatas Araújo
Amsop não foi convidada?
Em maio de 1970 a Associação dos Municipios do Sudoeste do Paraná (Amsop) estava iniciando seu terceiro ano de atividades. O presidente era o prefeito de Francisco Beltrão, engenheiro civil Deni Lineu Schwarts. Hoje ele reside em Nova Prata do Iguaçu, ao lado da barragem da Usina de Salto Caxias. “Francamente, não lembro dessa inauguração, nem sei se fui convidado”, diz Deni, ao ser perguntado sobre o asfalto Pato Branco-Três Pinheiros.
O que ele lembra é da dificuldade que havia pra ir a Curitiba, via União da Vitória. Estrada ruim, principalmente nos campos de Palmas. “De União da Vitória a Palmas era estrada de saibro, depois, até Beltrão, era terra vermelha, quando não tinha pó, era barro.”
O primeiro presidente da Amsop, advogado Jaime Guzzo, de Dois Vizinhos, diz que também não tem lembrança da inauguração do asfalto Pato Branco-Três Pinheiros. Ele lembra que naquele tempo a ligação de Dois Vizinhos a Curitiba era por Laranjeiras do Sul. Tinha que atravessar o Rio Iguaçu de balsa (em Cruzeiro do Iguaçu), mas com menos de 100 quilômetros estavam no asfalto, enquanto que por União da Vitória tinham mais de 200 quilômetros de chão.
Construção dos 120 quilômetros da BR 158 e 373 foi rápida
O engenheiro civil aposentado Renon Michelon, 77 anos, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), trabalhou como fiscal da construção das BRs 158 e 373, entre Pato Branco e Guarapuava (Trevo de Três Pinheiros), na BR 277. A estrada de asfalto tem 170 quilômetros de extensão e interligou as regiões Sudoeste e Centro do Paraná.
Renon morou quase dez anos em Francisco Beltrão e foi atuar como fiscal da obra no trecho entre Pato Branco e Coronel Vivida. A construção da rodovia foi rápida, demorou cerca de 30 meses para ser concluída. Começou em outubro de 1968 e terminou em abril de 1970.
A inauguração foi dia 30 de maio, com a presença do governador Paulo Pimentel e muitas pessoas. Renon disse que participou da solenidade inaugural e que havia muitas pessoas. Um marco da obra, em alvenaria, foi construído ao lado da ponte do Rio Iguaçu – do lado de Guarapuava, hoje Candói –, pintado na cor verde. Era o símbolo do governo Paulo Pimentel (1965-1970).
Possivelmente o que ajudou na construção em tão pouco tempo desta rodovia foi a definição de que ela seria executada em cinco lotes simultaneamente. Renon diz que cada construtora fez um trecho de aproximadamente 27 quilômetros. “Foi uma obra normal, executada dentro do cronograma”.
Cinco empreiteiras
O engenheiro conta que atuaram nas obras as construtoras Raiter (Raimundo Ramos Ferreira), Aranha (adquirida posteriormente pela CR Almeida), Veloso Camargo e a CR Almeida, todas de Curitiba, e a Bandeirantes, que não tinha sede no Paraná.
A obra foi custeada pelo Governo do Estado. O Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e o DER acompanhavam a execução das obras. De acordo com Renon, não houve maiores dificuldades para a execução das obras.
Uma árvore no meio do caminho
Renon lembra de um fato interessante durante a execução das obras. Um engenheiro determinou uma mudança num trajeto para que não fosse derrubada uma árvore. No entanto, Renon não lembra que espécie de árvore e em que local.
Outra informação do engenheiro: a primeira ponte sobre o Rio Iguaçu já tinha sido construída antes do início da construção da rodovia que interligou as regiões Sudoeste e Centro do Paraná.
Mesma tecnologia de hoje
Pato-branquense formado engenheiro civil em 1968 (hoje, aos 77 anos, reside em Curitiba) Renon conta que seu carro era um jipe Willys de lona, “novinho”. Perguntado sobre a tecnologia utilizada naquela obra, diz que era de boa qualidade, “se fosse fazer hoje, eu faria basicamente da mesma maneira, o pavimento com base de pedra”.
BR 158 vai ganhar moderno centro administrativo para abrigar a PRF
Por Beto Rossatti
Ao longo de seus 50 anos, a BR 158 foi protagonista de acidentes que ceifaram muitas vidas. É fato que não pode ser considerada a culpada, porque sua existência sempre foi marcada pela inércia. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Ministério dos Transportes demonstrou que a falta de atenção e a imprudência dos motoristas são os maiores causadores de acidentes nas estradas federais, e a BR 158 não foge da estatística. As mortes em acidentes nas rodovias federais do País são uma das principais causas de morte no Brasil.
Se a estatística comprova que 54% dos acidentes são provocados por falha humana, então é correto afirmar que a rodovia por si só, por pior que esteja, não pode ser considerada a vilã. Assim, a BR 158 segue sua trajetória, como importante elo de escoamento das riquezas produzidas no Sudoeste do Paraná para os mercados consumidores do País, e nosso principal caminho para viagens à capital do Estado.
Assim como leva nossas riquezas, nos abre o caminho para a capital, também é utilizada pelo crime, sendo um dos corredores de tráfico de drogas, contrabando e descaminho. Mas a vida dos que a utilizam para o crime também está prestes a mudar. Neste segundo semestre deve iniciar a construção da nova Delegacia de Polícia Rodoviária Federal, que irá abrigar a PRF no trecho.
Hoje a corporação está abrigada precariamente em uma sala alugada no centro de Pato Branco, e no Trevo do Patinho, nas instalações antigamente utilizadas pela Polícia Rodoviária Estadual.
Nova delegacia permitirá mais mobilidade à PRF na BR 158. A obra terá 2,2 mil metros quadrados de área construída e valor previsto, no ano passado, de R$ 7,19 milhões.
Blindada, ela terá cobertura sobre a pista, plataforma e rampa de fiscalização, auditório, salas de trabalho, alojamento, heliponto e canil, entre outros itens. O local fica no quilômetro 518, da BR-158, próximo ao Distrito de Nova Espero.
A estrutura da atual unidade operacional da PRF em Pato Branco está defasada e não contempla as demandas do órgão.
A obra irá melhorar as condições de trabalho dos servidores, além de resultar em um melhor atendimento à sociedade.