Regional

Por Marcos Witeck*
O interesse pelo assunto, em pesquisar sobre o naufrágio da balsa, vem desde a data do ocorrido no final de tarde de 19 de setembro de 1973. À noite, meu pai tinha o costume de escutar as notícias que vinham logo após a Voz do Brasil. Fazia-se silêncio, para que todos pudessem ouvir as notícias que vinham através do velho Semp, à bateria.
Lembro-me da tradicional música que sempre antecede uma notícia extraordinária; da manchete: Naufrágio da Balsa do Iguaçu… De princípio, não me chamou a atenção, por não saber do significado e o tamanho da tragédia. Mas, o que mais me marcou foi quando o meu pai disse: ”Foi lá onde mora o nosso filho mais velho!” Só vim conhecer o local do naufrágio no final do ano de 1976, encontrando só água e pedra, escondendo muitos sonhos e vidas.
Em fevereiro de 1988, retorno à comunidade de Foz do Chopim, agora a convite das irmãs religiosas do Coração de Maria, para ministrar aulas na Escola Estadual Ir. Celestina Maria. Ano em que iniciei com os alunos o resgate da história da comunidade, passamos a reunir documentos, fotos, artigos de jornais, LP com a música do naufrágio (velho bolachão de vinil).
No inicio do mês, em que iria completar 20 anos do naufrágio da balsa, tive a honra de receber a visita do jornalista Flávio Pedron, do Jornal de Beltrão, e o privilégio de acompanhá-lo numa série de entrevistas com sobreviventes ou com pessoas que perderam familiares. Disto, me resultou a produção de “Os 20 Anos de Naufrágio Sócio-Econômico de Foz do Chopim,”*, primeiro artigo escrito, na calada da madrugada, sobre o assunto pesquisado desde minha chegada à comunidade.
Os 32 anos de pesquisas sobre o naufrágio da balsa, resultaram na coleta de uma centena de fotos, artigos de jornais, LP, entrevistas, depoimentos… escrita de muitos artigos para jornais, revistas; entrevistas para rádios e TV! Uma das últimas participações pra TV foi no documentário produzido pela RPC, Meu Paraná: “Tragédia no Rio Iguaçu: testemunhos e sobreviventes lembram no Meu Paraná drama vivido há 45 anos”, que foi ao ar no último trimestre de 2018.
(Possuo um grande acervo de fotos, artigos de jornais, entrevistas, depoimentos, documentos! Estamos trabalhando para que, no cinquentenário, tenhamos a publicação de uma obra a respeito do fato. Lançamos um desafiou aos políticos cruzeirenses: que seja construído um memorial, junto ao atual porto da balsa, contendo pelo menos os nomes dos falecidos, reconhecidos pela Defesa Civil).
*Publicado no Jornal de Beltrão, dia, 25/9/1993, Pág. 3ª
*Marcos Geraldo Witeck é ex-vereador, ex-secretário de Educação, professor de História, ex-diretor do Colégio Estadual Dr. Arnaldo Busato, Ensino Fundamental e Médio, de Cruzeiro do Iguaçu, formado em Filosofia, UPF, pós-graduado em História do Brasil-Revolução Federalista; Revolta dos Posseiros no Sudoeste do Paraná e Pedagogia Escolar. Membro fundador do Centro de Letras de Francisco Beltrão.
Mais informações e fotos sobre o naufrágio da balsa do Chopim no Jornal de Beltrão on-line de hoje.