Parque Temático Hisgeopar, de criação de Rudi Haupt com ajuda de Jorge Soares, ficará exposto na cidade turística de Morretes.

O bloco mede 7×17 metros, totalizando 119m².
Foto: Rubens Anater/ JdeB
Em um galpão no limite da cidade de Marmeleiro, Rudi Haupt e Jorge Soares trabalham com afinco e, lentamente – no decorrer dos últimos três anos -, imprimem a história do Paraná em um bloco de 119 metros quadrados (de 7×17 metros) de ferro, fibra de vidro, pet reciclado e borracha.
O projeto é uma maquete de grandes proporções, repleta com representações geográficas e históricas do Paraná. No início, encontram-se bonecos articulados e com movimentos mecânicos de índios e de colonizadores portugueses, representando o primeiro encontro das duas civilizações. A partir daí, a arte continua, levando o visitante em uma viagem no passado, pelos ciclos econômicos do Paraná.
Os bonequinhos que representam antigos colonizadores garimpam ouro, na primeira atividade econômica do Estado. Logo depois miniaturas de tropeiros levam gado pelo Caminho de Viamão e dão início ao ciclo da pecuária. O parque continua, com os pioneiros do ciclo da erva-mate e do ciclo da madeira, chegando enfim à Guerra do Contestado, que definiu as divisas do Estado, representada por soldados e posseiros, empenhados em batalha, enquanto uma miniatura do monge João Maria reza às margens da batalha.
Depois da guerra, o parque segue mostrando o crescimento do Paraná, a colonização das áreas que ainda eram mata e o ciclo do café – o último antes do ciclo dos grãos, como soja e milho, que predominam na agricultura paranaense até hoje. A próxima etapa do parque ainda não está pronta, mas, de acordo com Rudi, vai representar belezas geográficas que são – ou foram – símbolo do Paraná. Estará presente o Salto de Sete Quedas, que foi a maior cachoeira do mundo em volume de água, até o seu desaparecimento com a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A própria Usina estará representada, com um mecanismo que mostrará a inundação das quedas durante a formação do lago. O parque também representará as Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais do mundo.
Além disso, um trem em miniatura transita em seus trilhos por cima disso tudo, entre as montanhas que compõe o centro da maquete. Rudi conta que ele é uma representação do primeiro trem que rodou no Paraná, em uma linha férrea ainda do tempo do Império, na segunda metade do século 19.
Toda essa riqueza histórica e geográfica rendeu ao parque o nome de Parque Temático Hisgeopar, uma sigla para História e Geografia do Paraná. Segundo os planos de Rudi, idealizador da obra, a maquete nascida em Marmeleiro deve ser exposta em um barracão em Morretes, de frente para a rodovia na saída para a Serra da Graciosa, por ser um local turístico onde a grande obra do inventor marmeleirense poderá ser visitada por gente de todo o País.
Uma ideia de 20 anos
O trabalho no Parque Temático Hisgeopar começou há cerca de três anos, mas Rudi Haupt, visionário marmeleirense, já visualizava esse sonho há muito mais tempo. “Faz uns 20 anos que surgiu a ideia de criar algo nesse estilo, só que as condições financeiras nunca ajudaram. Só agora, uns três anos atrás, a gente decidiu botar a mão na massa e fazer mesmo”, relata.
O trabalho não é fácil. Garantir o funcionamento do emaranhado de mecanismos de que o parque precisa deu trabalho para Rudi e Jorge, seu sócio no empreendimento. “Num conjunto todo, criar todos os mecanismos deu bastante mão de obra e é bastante complicado. Teve muita coisa que a gente tentava fazer de um jeito e não funcionava, daí fazia de outro jeito, de outro, ia tentando até funcionar”, conta o inventor, que não é formado em qualquer curso em áreas relacionadas a esse tipo de construção, mas garante: “Eu sempre gostei de inventar, e criar sempre foi comigo. Também sempre gostei de arte, então isso de montar, criar coisas, é meu hobby”.
A paixão é tanta que o Hisgeopar não é o primeiro parque desse estilo que ele já criou. Há cerca de 10 anos, colocou na estrada o Parque Temático Brasil em Miniatura, uma exposição parecida com a nova, mas em uma proporção menor e montada dentro de um ônibus, que rodava pela região, indo de escola em escola para visitação de alunos e professores. Por sete anos Rudi e Nilce, sua esposa, tocaram a exposição pelas estradas regionais e pararam apenas para começar a nova obra – que Rudi diz ser seu sonho há muito tempo.
Para realizar esse sonho, Rudi vendeu terrenos e casas, e vive hoje dentro de um de seus ônibus – “gastei mais do que eu esperava”, conta ele. Mas isso não arrefece a vontade de ver seu parque pronto e em total funcionamento. Agora o plano é levar toda a estrutura para Morretes até o fim do ano. Lá vão trabalhar Rudi, sua esposa Nelci, o filho Eliezer e a nora Quesia, além do sócio Jorge Soares – conhecido como Jorginho em Marmeleiro -, que também vai para lá acompanhado da família.
Contratar carretas
“Vamos expor lá em Morretes. Se Deus quiser até o final do ano vamos estar funcionando lá. Temos o barracão, que já está praticamente pronto, falta só alguns detalhes e acabamentos, depois vamos levar esse projeto todo para lá”, conta ele e acrescenta, rindo: “Vamos ter que contratar umas carretas para levar tudo”.