Num primeiro momento, Dois Vizinhos não estaria afetada pela resolução do Tribunal Superior Eleitoral, mas a situação gera insegurança.

Foto: Alexandre Bággio/JdeB
Na tarde de quinta-feira, nas dependências do Fórum Eleitoral, uma audiência pública discutiu a resolução 23.520/2017 do Tribunal Superior Eleitoral, que estabelece diretrizes para a extinção e remanejamento de zonas eleitorais. A reunião foi comandada pela juíza eleitoral Michele Franzoni, que falou sobre a preocupação que o momento causa. A audiência foi motivada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com o intuito de levar a informação para a população e foi acompanhada pelo deputado estadual Luís Corti (PSC), além dos prefeitos Raul Isotton (PMDB), de Dois Vizinhos, e Evandro Cecato (PV), de Boa Esperança do Iguaçu. Representantes de Verê e Cruzeiro do Iguaçu e diversos vereadores também participaram da audiência.
A Zona Eleitoral de Dois Vizinhos atende também Boa Esperança do Iguaçu, Cruzeiro do Iguaçu e Verê, com 43.551 eleitores e uma densidade demográfica de 49 habitantes por quilômetro quadrado.
“A resolução estabelece novos critérios, com parâmetros genéricos, que fecham 80 zonas eleitorais no Paraná e 900 no Brasil. Esse impacto é muito grande. Dentro da resolução, não foi analisado peculiaridades da região, levando em conta somente o número de eleitores e a densidade demográfica. Estamos muito preocupados porque isso gera impacto no serviço que é prestado”, disse.
Ela comenta que, mesmo não fechando, a Zona Eleitoral de Dois Vizinhos é afetada. “Com certeza teremos que absorver mais municípios mantendo a mesma estrutura. Outra situação é que a resolução pode ser mudada a qualquer momento. Isso é um impacto imenso na democracia”, completa. A juíza explicou que a justificativa para a resolução é uma economia de 2% no orçamento da Justiça Eleitoral, o que representa R$ 13 milhões por ano. “Quantas coisas poderiam ser racionadas sem impactar o elo mais frágil, que é o nosso eleitor? Nosso fórum eleitoral foi inaugurado em 2009, num investimento de R$ 333 além do terreno doado e, em menos de 10 anos, eles querem deixar o prédio obsoleto? Que economia é essa?”, indagou.
A juíza ainda destacou que as disputas, em cidades menores, são mais acirradas.
“Realizar uma eleição em quatro municípios não é fácil, exige muito planejamento e um acompanhamento constante. Por termos esse atendimento próximo conseguimos evoluir muito nos últimos anos e agora qual é a lógica de alcançar esse benefício e voltar?”, completou.
Plenarinho
O deputado Luís Corti falou sobre audiência pública que ele comandou sobre o assunto no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, no último dia 21 de junho. “Se não reagirmos agora, pode ser tarde demais. As zonas eleitorais são uma conquista que trazem uma história de muitas pessoas e não pode ser perdida”, disse. O deputado destacou que todos os deputados estaduais estão incumbidos de lutar contra o fechamento e já demonstraram a insatisfação para o TSE. Corti ainda falou que a bancada dos deputados federais também foi convocada para buscar a manutenção das zonas eleitorais no Paraná.
O prefeito Raul destacou a perda que seria o fechamento da zona eleitoral. “A gente busca, sempre, a microrregionalização não só por ser sede, mas pelas dificuldades que nós, dos municípios menores, enfrentamos. Isso é um prejuízo grande para a população. Temos que mostrar nosso descontentamento”, disse.
O prefeito Evandro destacou a importância da união de forças.
“Temos que batalhar juntos”, resumiu. O presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Alexandre Henrique Guzzo, também participou da reunião e manifestou apoio a manutenção da zona eleitoral.