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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Mais de 400 trabalhadores foram demitidos

Regional

As indústrias de confecções foram seriamente afetadas pela pandemia.

Pelo menos 30 indústrias de confecções da região estão mantendo a produção e os funcionários durante a pandemia do novo coronavírus. A secretária-executiva do Sindicato das Indústrias de Confecções do Sudoeste do Paraná (Sinvespar), Solange Stein, diz que aos poucos as indústrias estão retomando os trabalhos.

No entanto, a pandemia provocou muitos problemas para o segmento, que é um dos mais importantes da região e empregava, até o começo deste ano, cerca de 8.100 trabalhadores. Os lojistas estão consultando as indústrias de confecções, mas para muitas delas os negócios em maior escala só devem ocorrer a partir de agosto.

Solange confirma que os pedidos e as vendas da coleção alto verão 2020/2021 devem ocorrer a partir de agosto. O lançamento da coleção Primavera/Verão 2020, que estava previsto para abril, foi suspenso.

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O que tem mantido a produção de algumas indústrias é a demanda do setor de saúde e de empresas, além de pedidos pontuais de empresas de regiões que já passaram o pico de contágio do coronavírus.

Solange estima que de 400 a 500 trabalhadores foram demitidos até agora. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecções do Sudoeste, Eloir Oliveira, confirma esta informação. Ela conta que uma indústria de Dois Vizinhos demitiu 150 funcionários de uma vez só.

Exceto as empresas que estão fabricando produtos para saúde e pedidos pontuais, as demais tiveram que suspender os contratos de trabalhadores por dois meses, conforme prevê uma medida provisória, ou demitir. Agora estão entrando também os acordos para redução de jornada de trabalho.

Solange prevê para junho mais demissões de trabalhadores ou redução de jornada de trabalho. Isso acontecerá num mês em que algumas indústrias daqui atendem muitos pedidos de lojistas da região Nordeste; é que naquela região há muitas cidades que promovem suas festas juninas.

No Paraná, as regiões Sudoeste e de Apucarana saíram na frente ao receberem muitos pedidos para a produção de máscaras e outros produtos de prevenção contra os vírus. As indústrias Krindges (Ampere), Raffer (Francisco Beltrão), Traymon, Débora Minetto e Kbiu, de Santo Antônio do Sudoeste, mantiveram 50% de toda mão de obra do setor até o final de maio. A Kbiu, inclusive, venceu uma licitação do governo estadual para o fornecimento de produtos.

Solange ressalta que a pandemia fortaleceu o setor, muitos empresários se ajudaram com máquinas ou fornecimento de insumos. “Foi uma coisa espetacular, mas o pessoal já era bem unido antes”, destaca. Das 212 indústrias existentes, apenas duas fecharam.

 

Situação como a atual jamais foi vista pelo setor

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecções da Região de Francisco Beltrão, Eloir Oliveira, não lembra de uma crise tão séria para o setor como a que estamos vivendo com a pandemia do novo coronavírus.

Há cerca de 12 ou 13 anos o Brasil, Paraná e a região tiveram problemas com a gripe aviária – H1N1 – que vitimou milhares de pessoas, inclusive na região. Eloir ressalta que naquela época “nenhuma indústria chegou a parar. [Agora] Tá bem complicado na nossa área”.

Ela acredita que muitas indústrias do segmento de confecções irão fechar em decorrência da pandemia do novo coronavírus. “A gente quer que as empresas continuem”, frisa.

Na sua opinião, as indústrias de facção, aquelas que fabricam roupas sob encomenda para outras indústrias ou redes de varejo, terão maior dificuldade de se manter na ativa. Eloir estima que 98% das empresas do setor de confecções do Sudoeste são de facção e 2% possuem marca própria.

Situação dramática
Eloir conta que uma indústria de Dois Vizinhos demitiu, em março, 150 funcionários. Entre os demitidos, trabalhadores que estavam na empresa há 20, 30 e 35 anos. As maiores demissões aconteceram nas indústrias de Dois Vizinhos e Santo Antônio do Sudoeste.

Muitas empresas ainda estão fechadas devido à pandemia. Várias aderiram à Medida Provisória que permite a suspensão dos contratos de trabalho por 60 dias. Neste prazo, o governo federal banca os salários dos trabalhadores e as empresas têm pelo menos um alívio passageiro nas suas despesas. Mas terão de ressarcir posteriormente o governo.
Mesmo assim, Eloir diz que muitas empresas que voltaram às atividades solicitaram a redução de jornada de seus trabalhadores.

Convenção adiada
A convenção coletiva da categoria, que define os novos salários da categoria, venceu no mês de março. No entanto, até agora os sindicatos patronal e dos trabalhadores não definiram os novos salários. Dia 25 de junho, uma quinta-feira, tem nova rodada de negociação. “Aí vamos ver se a gente vai conseguir pelo menos o INPC”, comenta Eloir.

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