Mais de 700 alqueires foram atingidos

O engenheiro agrônomo Giovani De Bortoli está percorrendo as áreas mais atingidas pelo granizo que caiu em Mariópolis quarta-feira, 5. Ele diz que os prejuízos foram totais na grande maioria das lavouras. “A princípio, acreditamos que a área atingida pode ter chegado a 700 alqueires, com perda total das lavouras de soja na maior parte e parciais no milho e no trigo”, afirmou o agrônomo.
Os prejuízos podem superar facilmente os R$ 12 milhões, considerando custos atuais de plantio. O maior problema ainda está por vir, porque, no caso de o produtor optar pelo replantio da soja, terá dificuldades em encontrar sementes de qualidade no mercado. “Hoje os estoques de sementes estão praticamente zerados”, disse Giovani.
O produtor Silvino Simionato também teve suas áreas atingidas. Agricultor tradicional de Mariópolis, ele ressaltou que ao longo da história nunca tinha visto nada igual. “Nós tivemos áreas atingidas, mas a maior parte das nossas lavouras pegou o granizo em menor intensidade e, por isso, vamos aguardar alguns dias para avaliar melhor o quadro, mas é fato que o prejuízo é enorme.” Vários vizinhos de Simionato terão que replantar a soja, se conseguirem comprar sementes, porque como não terá safrinha, ninguém guardou o produto.
O presidente da Cooperativa Agrícola São Cristóvão (Camisc), Nelson De Bortoli, está preocupado com os reflexos que terá na área de ação da cooperativa. “O estrago é imenso, um absurdo, com uma área gigantesca de destruição total das lavouras, pegou a soja com dez dias de germinação, em média, numa fase muito sensível”, observou.
Ele próprio perdeu a maior parte de suas lavouras. Agora é preciso aguardar alguns dias para tomar uma decisão em relação ao replantio. “A maior preocupação é com a possibilidade de ter que haver o replantio da safra, uma vez que não há sementes disponíveis no mercado”, enfatizou.

Parreirais também foram atingidos pelo granizo
Em Mariópolis, o prejuízo não ficou apenas nas áreas de lavoura de trigo, soja e milho, atingindo também os parreirais do município, que é um dos grandes produtores de uva da região. Produtores como Pedro Rissardi, que tinha a expectativa de fazer 40 toneladas por hectares, perdeu 100% do parreiral. “Eu perdi 100% da safra com o granizo, infelizmente reprisando os prejuízos do ano passado, quando perdi tudo por causa da geada”, desabafa, desolado.
Apesar de a maioria dos parreirais estar coberta pelo seguro, o prejuízo é enorme por conta da produção que poderia ser recorde neste ano. As apólices asseguram apenas uma produção de 20 toneladas, com preço máximo de R$ 1 o quilo.
Acredita-se que os prejuízos sejam totais em 80% dos parreirais no município. O secretário municipal de Agricultura, Valdenir Germiniani, percorreu as áreas atingidas e comenta que este foi o maior prejuízo da história de Mariópolis, que no ano passado já teve perdas enormes com a geada. O município se preparava para colher uma safra de mais de 1,6 milhão de quilos de uva.