
“No dia 19 de julho de 1964, às 14 horas, no Salão Paroquial deste município, reuniram-se 82 pessoas para fundar o Sindicato dos Pequenos Proprietários e Trabalhadores Rurais do Município de Marmeleiro.” Esse é o registro da primeira ata do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marmeleiro, que comemorou seu aniversário de 50 anos na sexta-feira, dia 25, reunindo representantes de todos os seus presidentes e diretores.
A primeira diretoria, em 1964, era formada por Oscar Arend (presidente), Aldino Hackbart (secretário), Norberto Schafratch (tesoureiro) e o conselho fiscal tinha João Oscar Heckler, João Acco e Agildo Frederico Fernandes.
Oscar Arend, já falecido, foi representado na cerimônia pela sua esposa Sílvia. Norberto Schafratch também é falecido. Outros nomes marcaram a história do sindicato, como Boaventura Freitas dos Santos, Biasio Alcides Mioto, João Guarda, Lorimar Berticelli, Roberto Fruscalso (em memória), Neiva Berticelli, Erce Mateus Ferreira Mendes e Ednei Gawenda. Além, é claro, dos demais presidentes: Onildo Fagundes de Oliveira, Oclides Roque Giovelli, Gilmar Garbin, Cíntia Mara de Souza Fruscalso, Vera Lúcia Cecchin Dapont, Seno Staats e Diego Sigmar Kohwald.
“O nosso Sindicato teve três momentos em sua história. O primeiro, nas décadas de 1960 e 1970, tinha a característica mais assistencialista, pois o sindicato servia até mesmo como um posto de saúde. Em seguida, num segundo momento, o sindicato passou a ser mais combativo, saindo de uma Ditadura Militar e brigando pelos direitos dos pequenos agricultores. Hoje, o momento em que vivemos é de busca pelas políticas públicas voltadas para a agricultura. Nós temos participação em eventos técnicos, difundimos o conhecimento”, comenta Vera Lúcia Dapont, ex-presidente e atual secretária do sindicato.
“Conquistamos muitas coisas nesses 50 anos. Lembro que quando começamos o sindicato não era bem recebido por parte da sociedade. Havia um certo preconceito, nos achavam comunistas. Era um período de Ditadura Militar, muito difícil para buscar os nossos direitos”, complementa o ex-presidente Oclides Giovelli. Segundo ele, em seu mandato, que começou em 1991, uma das maiores conquistas foi a aposentadoria para a mulher do campo. “Antes não havia esse tipo de aposentadoria. Foram anos e anos de luta para conseguirmos esse benefício. A questão da Previdência Social é algo muito importante para os agricultores hoje em dia. E para o comércio também, pois acaba se aquecendo indiretamente”, acrescenta.
Nova sede
Para o ex-presidente Seno Staats, que hoje é também vereador em Marmeleiro pelo PT, lembra que em seu mandato a estrutura física do sindicato melhorou. Aquela estrutura de madeira, inaugurada em 1972, foi destruída para a construção de uma nova sede, com recursos do Governo Federal.
“Quando entrei comecei a correr atrás de recursos para a estrutura física nova. No começo, até mesmo membros da nossa diretoria não acreditavam nesta possibilidade. Mas nós fomos atrás e conseguimos. Hoje tem produtor que vem aqui e fica admirado com a nossa sede”, diz Seno, que também conseguiu veículos novos para o sindicato. Assim, a visita aos produtores ficou mais fácil e a participação sindical em eventos do setor também ficou mais acessível. “O Sindicato representa um progresso muito grande para Marmeleiro. Até mesmo na questão da reforma agrária, pois ajudou a dividir um pouco as terras. Se não fosse o Sindicato, talvez tudo isso aqui estivesse na mão de duas ou três pessoas”, enaltece.
Criação da Fetraf
Vera Lúcia diz ainda que algo que marcou bastante a sua gestão como presidente do Sindicato foi a criação da Fetraf-Sul, em 28 de março de 2001, na cidade de Chapecó (SC), sede da entidade até hoje. “Hoje existe também a Fetraf nacional, que nos representa dentro das políticas públicas da agricultura. Na época em que houve a fundação, nós tivemos muitas reuniões para decidir como seria a nova entidade”, recorda-se.
Para o atual presidente, Diego Kohwald, o reconhecimento da profissão de agricultor familiar, em 2006, também foi um avanço importante para todos os sindicatos do país. “Nós passamos a ter uma atenção especial depois que isso aconteceu. Eu tive a oportunidade de trabalhar dentro da Fetraf-Sul em Chapecó durante três anos e isso foi uma experiência muito interessante. Hoje, como presidente do sindicato, me sinto mais preparado para debater sobre as nossas causas e representar os pequenos agricultores”, comenta.