Tradição culinária da Festa de São Cristóvão é prato favorito de muitos amperenses.

Muitas tradições já passaram pela Festa de São Cristóvão em Ampere. Muitas começaram e se acabaram, deixando saudades ou simplesmente sendo esquecidas. Mas outras ficaram e hoje são parte tão importante que é difícil pensar na festa sem elas.
Uma dessas tradições é culinária, preparada na cozinha da festa e vendida aos montes no fim de semana. Muitos conhecem como dobradinha, outros como mocotó ou bucho, mas para o povo sudoestino esse prato é o mondongo, uma iguaria feita com a parte comestível do estômago de animais – principalmente bovinos.
Desde a primeira festa, em 1969, os caminhoneiros que ficavam acordados de madrugada para a alvorada festiva preparavam mondongo para comer de café da manhã. Com o tempo, o prato foi atraindo a atenção do povo e virando parte da festa. Tanto que só no ano passado foram preparados cerca de 350 quilos de mondongo.
Muita gente se delicia com a refeição, como a professora Marlene Plucinski, que afirma, categórica: “Mondongo é a coisa mais gostosa do mundo”. Ela conta que pega mondongo em todas as festas de São Cristóvão e em qualquer outra ocasião que apareça. “Sempre que tem alguém vendendo, eu vou pegar”, garante a professora, rindo.
Ela conta que também faz mondongo em casa. “Mas é só de vez em quando mesmo, porque dá muito trabalho. Tem que ficar em cima das panelas o dia inteiro.” Além disso, ela afirma que o sabor do mondongo da festa é até melhor do que o que ela prepara.
Janete Sartori, secretária da Paróquia Santa Teresinha e Santo Agostinho, concorda: “O da festa é melhor, porque eles fazem em grande quantidade”. Janete também é fã do prato e não deixa passar uma Festa de São Cristóvão sem provar. “Eu pego todos os anos. Adoro mondongo!”
Ela diz que já comia antes de conhecer o mondongo da festa. Seus pais fazem às vezes – “e fica muito bom”, afirma. Quando perguntada o que o mondongo tem que ela gosta tanto, Janete fica até sem palavras. “Nem sei. Sei que gosto muito. Ele é muito saboroso.”
Outro consumidor de mondongo é o vereador Peterson Bulgarelli (PSL), presidente da Câmara de Vereadores de Ampere. “Faz uns 7 ou 8 anos que eu e a minha esposa pegamos o mondongo da Festa de São Cristóvão”, conta ele.
Para o vereador, “é um prato muito bem feito, com sabor muito bom”. Além disso, ele diz que não é um alimento muito comum. “É um prato diferenciado, que não é fácil de encontrar, então é algo que a gente come poucas vezes durante o ano.”
Muitas pessoas não gostam de mondongo e muitas outras sequer provam o prato porque ele é feito do bucho dos animais e isso pode parecer repulsivo. Mas para o povo de Ampere que se esbalda nesse prato, ano após ano, é uma iguaria das mais saborosas. “Acho que quem ainda não experimentou, deveria provar”, arremata Peterson.
As responsáveis pela iguaria
Quem faz o mondongo – prato tão apreciado na Festa de São Cristóvão – são sempre umas cinco mulheres, todas voluntárias, que trabalham pesado pela simples recompensa de ajudar nesse momento importante para o município.
O trabalho não é pouco. Qualquer panelada de mondongo requer uma atenção de muitas horas, para garantir a limpeza e o sabor do prato. Mas quando é para fazer em grandes quantidades, o trabalho é de dias. “Começamos já na quinta-feira da semana da festa”, conta Luiza Gonzatto, a coordenadora do grupo.
Ela conta que o trabalho é gratuito. O prato é vendido, mas o retorno é usado para cobrir os custos e o que sobra vai para a igreja. Além disso, essas mesmas mulheres ainda ajudam em outros dias da festa e eventos que a igreja promove. Para Luiza, é uma maneira de retribuir as coisas boas da vida, porque “todo mundo tem que ajudar um pouquinho para fazer as coisas serem melhores”.