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Francisco Beltrão
sexta-feira, 06 de junho de 2025

Edição 8.220

06/06/2025

”Monstro do Rio”, pirarucu, é criado em pesque-pague

Regional

O peixe pO peixe chegou a pesar 22 kg, “um pequeno” disse ele.

O pesque-pague da família Nava, na comunidade de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, interior de Salto do Lontra, está criando uma das mais incríveis espécies de peixes do Brasil: o pirarucu. Vilmar e a esposa, Salete, trabalham com piscicultura há 24 anos, produzindo espécies como carpa, tilápia, tambaqui, tambacu e, desde 2016, o pirarucu. É um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo chegar a dois metros e 200 quilos de peso. Um conhecido da família trouxe da Amazônia cerca de 400 alevinos da espécie.

No começo foi difícil se adaptar e alguns espécimes morreram em virtude da temperatura da água. O pirarucu é um peixe que se adapta a águas quentes, com temperaturas que variam de 22 ºC a 37 ºC. Como no Sudoeste faz frio no inverno, Vilmar teve que bolar um jeito para proteger os peixes. Ele construiu um tanque, como se fosse uma estufa, para onde os peixes são transferidos e a água é aquecida na época de frio. No verão, eles voltam para os açudes. “Eu fui o único criador da região que conseguiu criar o pirarucu.” Um termômetro é colocado no tanque para controlar a temperatura da água, que é aquecida por uma caldeira. No inverno o consumo chega a 80 metros cúbicos de lenha.

Segundo ele, cerca de quatro mil alevinos foram distribuídos na região, mas nenhum pesque-pague conseguiu criá-los. Com dois anos, os peixes estão pesando entre 20 quilos e 30 quilos. Engordam até 15 quilos por ano. São alimentados com uma ração específica. Como o custo de produção é alto, Vilmar Nava vende o quilo do pirarucu a R$ 30. É difícil quem leva um inteiro, porque o preço se torna caro, mas a carne é vendida em posta e o cliente pode levar em quantias menores (2 kg, 3 kg…). Mas o pesqueiro já vendeu exemplares a R$ 800.

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O piscicultor disse que recebe a visita de pescadores de várias regiões do Estado que apreciam a carne de pirarucu, mas é difícil de encontrar na região Sul. A temporada de pesca começa em outubro e segue até a Semana Santa (neste ano, de 14 a 20 de abril). Vilmar reconhece que a piscicultura é uma das atividades mais rentáveis da agricultura por metro quadrado, contudo é trabalhosa. Principalmente no período em que os peixes são levados, um a um, para o tanque. É preciso no mínimo duas pessoas para carregar cada peixe. “A gente tem que usar capacete e fica com as canelas tudo machucadas”, brinca Vilmar. É que o peixe é muito forte e se debate bastante. Além dele e da esposa, há o auxílio do filho Rafael.

Na tarde que recebeu a reportagem do Jornal de Beltrão, Vilmar fez questão de pescar um para mostrá-lo. Ele usou como isca carne de tilápia. Na primeira vez que lançou o anzol no açude não demorou 20 segundos para ser fisgada. Contudo, na hora de tirá-lo da água se debateu e fugiu levando o anzol. A segunda tentativa durou cerca de 20 minutos, mas desta vez o pirarucu foi bem fisgado. Pesou 22 quilos. Um belo exemplar.

Vilmar fez questão de pescar um pirarucu para mostrar o peixe que é da Amazônia.

 

Características do pirarucu

O peixe pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do Brasil e um dos maiores do mundo. Possui corpo em forma cilíndrica, cabeça achatada e mandíbulas salientes. Seus olhos são amarelados e de pupila azulada, um tanto proeminente. Sua coloração é marrom-esverdeada, escura no dorso a avermelhada nos flancos, sendo a intensidade variável de acordo com o tamanho do indivíduo e com o tipo de água em que vive.
É uma espécie que tem respiração acessória, utilizando-se do oxigênio dissolvido na água, mas principalmente do ar e, por isso, tem que subir frequentemente à superfície d’água. Pode viver mais de 18 anos. Devido à sua excelente carne, é considerado “o bacalhau brasileiro”.
Segundo Vilmar, é um peixe carnívoro que se alimenta de outros peixes menores, por isso, precisa ficar em açudes separados. Além disso, é muito curioso. Tudo que caiu na água ele engole. O piscicultor já registrou no seu açude a morte de um pirarucu que engoliu plástico.

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