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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Movimentos populares arrecadam e doam alimentos para índios e quilombolas

Regional

Equipe organiza alimentos no quilombo Adelaide Maria de Trindade Batista, em São Sebastião do Rocio, Palmas.

Foto: Geani Paula de Souza

A índia kaingang Maria de Oliveira, de 63 anos, foi a primeira da fila da direita a pegar um dos 200 kits de alimentos doados pelo Fórum Regional das Organizações e Movimentos Populares do Campo e da Cidade de Francisco Beltrão quinta-feira, dia 21, numa das comunidades da Reserva Indígena Mangueirinha, às margens da BR 373, quase divisa entre os municípios de Chopinzinho e Coronel Vivida. “Isso vai ajudar demais! Ficamos uns dias sem se preocupar”, disse com os olhos sorrindo, mal conseguindo carregar as sacolas.

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Os alimentos, colocados lado a lado num dos cantos da quadra de esportes da comunidade, foram arrecadados por entidades de 18 municípios do Sudoeste do Paraná e divididos em 400 kits. Metade deles foi até a comunidade onde Maria mora e a outra, até o município de Palmas, no quilombo Adelaide Maria de Trindade Batista.

Fórum
Todos os alimentos vieram da agricultura familiar e de movimentos da cidade e do campo. Foram 22 entidades envolvidas, sendo 12 apenas do Fórum. Parte dos produtos veio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), sindicatos e também adquirido de agricultores familiares que estavam com os alimentos parados devido às barreiras impostas pelo comércio diante do novo coronavírus.

“Neste momento de pandemia, que vem assolando o mundo todo, o Fórum se organizou e, a partir da plataforma da comida saudável, que é a produção dos agricultores familiares, e do esforço das entidades, começamos esse trabalho”, aponta Paulo Roberto Czekalski, um dos representantes do Fórum.

Alimentos em boa hora
Na comunidade indígena, o cacique João Santos Luiz Carneiro, de 62 anos, agradeceu a chegada dos alimentos. Na área onde as famílias perderam parte da renda, o artesanato, uma vez que as entradas e saídas na comunidade foram proibidas, garantir o próprio sustento tem sido um desafio. “Nós estamos precisando de doações. Porque os que lidavam com artesanato, não tá fácil pra sair vender. E com o governo federal tirando quase todos os nossos direitos, estamos se apegando nos governos estaduais e municipais”.

A sobrevivência na comunidade tem sido possível pela troca de alimentos e pelo auxílio emergencial de R$ 600 vindo do Governo Federal, mas o cacique não soube dizer quantas das mais de 600 famílias que existem na reserva recebem o benefício.

Maria, que pegou um dos primeiros kits, disse que suas noras recebem. Ela mesmo, que vivia do artesanato, tem uma aposentadoria, mas também vende mandioca na região.
Já no quilombo, que fica no Bairro São Sebastião do Rocio, em Palmas, vivem mais de 200 famílias. Para a matriarca da comunidade, Maria Arlete, esses alimentos vão ajudar muitas famílias que estão sem trabalho nesse período.

“Esta ação deixou todos felizes, ficamos alegres em poder ajudar, e as famílias vão ficar satisfeitas com esta ação, agradecemos de coração todas as entidades que ajudaram, pela quantidade de alimentos, conseguimos distribuir para um número ainda maior de famílias, abrangendo também quem não era quilombola”, conta alegre a matriarca.

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