No Brasil há mais celular do que população.
O Brasil tem cerca de 210 milhões de habitantes e mais de 230 milhões de aparelhos celulares. Mas muitas pessoas ainda não têm celular convencional ou smartphone. Joselma Cabral, coordenadora do Poupa Tempo do Bairro São Miguel, diz que o movimento de pessoas para tirar dúvidas ou buscar auxílio para fazer o cadastro do programa de auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal tem sido grande. Já teve dias que de 80 a 100 pessoas procuraram o órgão público.
Joselma relata situações dramáticas e outras que causam indignação. “Infelizmente, tem muita gente que não precisa e fez o cadastro”, conta. De outro lado, muitas pessoas que fizeram o cadastro no programa social já receberam a primeira parcela de ajuda do governo.
Mas tem muitas pessoas que não receberam o valor por diversas situações, tem também pessoas com dúvidas ao preencher o formulário, outras que estão com o Cadastro de Pessoa Física (CPF) com problema e pessoas que o cadastro não deu certo. Tem um aplicativo da Caixa Econômica Federal, para conta digital, que permite a pessoa receber o dinheiro. “Só que a pessoa tem que baixar o aplicativo e depois fazer a transferência ou pagamento”, diz Joselma.
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Emoção às vezes aflora
São inúmeras situações e relatos de pessoas que, por vezes, o pessoal do Poupa Tempo fica emocionado. “Pra fazer o pedido de auxílio emergencial a pessoa tem que estar com o celular. Aqui no São Miguel, São Francisco e Novo Mundo muitos não têm celular”, relata. Nestas situações, o pessoal do Poupa Tempo pede se a pessoa tem algum familiar que possui celular pra ajudar a fazer o cadastro.
Há também pessoas que são analfabetas e trabalhadores sem registro em carteira e informais. “Neste momento a gente quer ajudar, mas não tem como”, ressalta. Teve uma pessoa que saiu chorando. O irmão é cabeleireiro e ficou 17 dias com o salão fechado, já que o decreto do prefeito Cleber Fontana determinou o fechamento das empresas do comércio e prestação de serviços desde o dia 23 de março por quase três semanas.
O cabelereiro ficou sem renda do seu serviço e não tinha dinheiro para pagar o aluguel da casa e do seu salão – ficam no mesmo imóvel. Além disso, não tem celular pra fazer o pedido do auxílio governamental. Na semana passada, o comércio e os prestadores de serviço voltaram às atividades. Só que muitas pessoas se mantêm em isolamento em casa e o movimento de clientes no salão diminuiu.
Com dúvida
Joselma relata, também, que há pessoas que possuem aparelhos de celular modernos e, mesmo assim, vêm ao Poupa Tempo pedir auxílio para fazer o cadastro na Caixa. “Tem muitas histórias bem complicadas.”

Joselma: tem situações que o pessoal se emociona.
Foto: Flávio Pedron/JdeB