Projeto Viajando Pelo Mundo da Literatura transforma ônibus velhos em bibliotecas para as escolas municipais.

Até uma semana atrás, as escolas municipais de Bela Vista da Caroba não possuíam bibliotecas. Faltavam-lhes esses tão fundamentais repositórios do conhecimento e o mundo da literatura parecia longe demais das pequenas mãos dos alunos, já vorazes por aprendizado.
Mas na sexta-feira 13, logo na semana passada, a situação mudou. O conhecido “dia do azar” transformou-se em dia de maravilhas para as crianças que viram “estacionadas” em suas escolas duas das bibliotecas mais peculiares que já passaram pela região.
As bibliotecas foram montadas em dois ônibus antigos – não utilizados mais para o transporte – que o projeto Viajando Pelo Mundo da Literatura se transformou, cheio de livros, e entregue para a Escola Municipal Bom Jesus e para o Centro Municipal de Educação Infantil Juliana Mezzomo Kaibers.
Segundo o secretario municipal da Educação, Magnus Zaleski, o propósito do projeto era, ao mesmo tempo, incentivar a leitura e dar um destino para dois ônibus sucateados e sem utilidade. “A gente reaproveitou essa sucata que, de outra maneira, só poderíamos vender para um ferro velho ou deixar guardada, juntando dengue”.
Para isso, a Prefeitura limpou os ônibus, arrancou bancos e rodas, reformou a lataria, instalou prateleiras rechedas de livros e chamou dois grafiteiros de Curitiba para criar a arte que agora estampa a parte externa das novas bibliotecas.
Os artistas curitibanos são Paulo Cesar Oliveira e Adriano Bohra, que pintaram nas paredes externas dos ônibus um percurso recheado com personagens de livros infantis. Uma verdadeira viagem pelo mundo da literatura.
Recepção dos alunos
A diretora da Escola Municipal Bom Jesus, Clenir Suhre, conta que os alunos adoraram a ideia. Segundo ela, as crianças usam a biblioteca diariamente, e a peculiaridade do espaço gera uma curiosidade que alimenta ainda mais o gosto pela leitura. E que já atraiu outras escolas da região, que foram visitar a biblioteca no ônibus.
“Agora o ônibus virou a biblioteca da escola”, garante a diretora, entusiasmada com a peça, que conta com prateleiras de livros, banquinhos e um pequeno palco, ao fundo, para as crianças apresentarem peças teatrais ou representarem a contação de histórias.
Mas se as crianças da Escola Bom Jesus gostaram, as do CMEI ficaram encantadas. É isso que conta a diretora Elisangela Rambo Sibaldeli da Fonseca. Segundo ela, os alunos do CMEI são mais jovens – só ficam até os 5 anos – e muito mais suscetíveis às maravilhas do mundo de imaginação que a escola concedeu a eles dentro da biblioteca inventada.
Além da simples leitura, o CMEI usa o espaço com fantasias, para contação de histórias e brincadeiras de faz de conta. “Como nossos alunos não leem, a professora se fantasia e trabalha contando histórias, alimentando a imaginação e deixando os alunos recontarem do seu próprio jeito”, relata a diretora.
Elizangela reforça que “nós trabalhamos com a fantasia, com o faz de conta e com o imaginário”. E o ônibus biblioteca, com suas cores, livros e fantasias, abre as portas para um mundo novo, nascido diretamente da imaginação.