Segundo o Núcleo Regional de Educação de Pato Branco, somente no município 9.044 estudantes da rede pública estadual de ensino estão sem aulas. Embora alguns estudantes estejam vendo o período como férias fora de época, outros alunos estão preocupados com a perda do ano letivo. Entre os pais o que se percebe, ainda que compreendam a necessidade do movimento grevista, o sentimento também é de preocupação. O gerente comercial Roberto Bressan tem duas filhas em escola estadual no 6º e 9º ano, ele acredita que a greve é válida desde que a educação ganhe em qualidade com o movimento. “A questão é bem complicada. Analisando a longo prazo, a vida inteira enfrentamos greves e desde sempre os professores brigam pelos seus direitos. Eu acho que valeria mais a pena os estudantes perderem o ano, se os professores garantissem os seus direitos e os estudantes tivessem direito a um estudo de qualidade, ao invés desse estudo fajuto. Como pai não vejo o ensino nas escolas públicas como de qualidade, escolas onde os alunos não podem reprovar senão as escolas perdem bonificações, escolas onde a média é 5. Acho que os professores têm que ficar em greve o máximo possível. Minhas filhas estão sendo prejudicadas, mas é melhor que elas percam o ano do que o ensino continue sendo falho e nós continuemos a ter eleitores que só sabem ler. Para a enfermeira Camila Marcondes, cujo filho cursa o 1º ano do ensino médio, também há a dualidade de direitos dos professores versus educação dos filhos. “Entendo a luta dos professores por um trabalho que os valorize mais e por maior qualidade no ensino. Porém, como mães, nos programamos para que neste horário nossos filhos estejam em sala de aula. Também receio que a reposição não seja integral posteriormente, o que levaria a um menor aproveitamento escolar”, ressalta. Entre os estudantes o medo é que a demora no retorno do ano letivo culmine com a reprovação de todos. “Meu medo é todos terem que repetir. Já teve caso de faculdades onde todos os acadêmicos tiveram que refazer todo o ano de novo. Também tem o Enem que para mim, que estou no 2º ano, não é tão complicado, mas tem os alunos do 3º ano que pretendem prestar a prova este ano”, diz Thiago Borba, estudante.