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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Pastoral da Criança completa 30 anos com histórias de superação, fé e voluntarismo

A desnutrição infantil crônica, entre crianças de zero a cinco anos, diminuiu significativamente no Brasil graças ao empenho da entidade.

 

A comemoração dos 30 anos da Pastoral da Criança na Diocese de Palmas-Francisco Beltrão.

A Pastoral da Criança está completando 30 anos na Diocese de Palmas-Francisco Beltrão. A entidade, presente em 40 municípios da região, acompanha 13.610 crianças menores de 6 anos. São 616 comunidades atendidas por 2.153 voluntários com uma média mensal de 12.096 famílias beneficiadas. 

A Pastoral da Criança alicerça sua atuação na organização da comunidade e na capacitação de líderes voluntários que ali vivem e assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias vizinhas em ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania, tendo como objetivo o “desenvolvimento integral das crianças”. 
Apesar de ter reduzido muito o índice de desnutrição infantil, a coordenadora regional da Pastoral da Criança na Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, Izete Beyes Feix, afirma que alguns municípios ainda têm sérios problemas em suas comunidades mais carentes. Constantemente a pastoral precisa de novos voluntários para alcançar um número maior de famílias acompanhadas. “Enquanto houver crianças e famílias em necessidade, não podemos se omitir e permitir que esta pessoa sofra no futuro por falta de uma mão amiga, que ampara, acolhe e se preocupa. Quem tiver interesse pode procurar a pastoral e quem sabe irá se identificar com o trabalho e se tornar um voluntário”, convida a coordenadora.

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Vocação
Jussara do Prado era garotinha, com 3 anos de idade, quando começou a ser acompanhada pela líder comunitária da Pastoral da Criança em Itapejara D´Oeste. “Pra mim a pastoral foi um ato de amor, elas (voluntárias) levaram amor pra nós e nos ajudaram porque passávamos por um período não muito bom.” Jussara conta que o carinho, as palavras de conforto e incentivo, além do apoio espiritual, foram importantes para seu desenvolvimento. “Foi conquistando a minha família, minha mãe sempre me levava nas pesagens. Aos 11 anos eu fui convidada para ser líder mirim, entrei, gostei e estou até hoje. Sou coordenadora no Bairro Moreira, sou feliz por estar aqui e espero continuar por muitos anos.”   
Lídia Adanski, a líder que acompanhou Jussara desde a infância, relata que entrou para a Pastoral da Criança há cerca de 20 anos. “Eu visitava o Bairro Guarani quando essa menina aqui tinha 3 anos. Hoje ela é líder da pastoral, coordenadora do Bairro Moreira e foi um aprendizado muito bom”, declara. 

Um novo desafio
A desnutrição infantil crônica entre crianças de 0 a 5 anos diminuiu significativamente no Brasil. As ações da Pastoral da Criança que contribuíram significativamente para a redução desses índices agora estão voltadas também à prevenção da obesidade infantil – problema que tem aumentado e preocupa as autoridades da área da saúde pública.
É brincando e modificando alguns hábitos alimentares que as crianças podem evitar a obesidade infantil. Além do acompanhamento nutricional, umas das ações da Pastoral da Criança se chama “Brinquedos e Brincadeiras”, realizada por meio de oficinas no dia da Celebração da Vida, pelo menos uma vez por mês. O objetivo é ampliar as oportunidades para as brincadeiras infantis apoiando as famílias na construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento de suas crianças. 
Izete Feix afirma que as crianças de hoje ficam muito tempo na frente de computador, do vídeo game, tablets e smarthphones, e não brincam mais ao ar livre. Segundo ela, brincar é uma necessidade para o desenvolvimento infantil e ajuda a criança a gastar energia. 
O projeto visa ao resgate de brinquedos e brincadeiras característicos das diferentes regiões do país como danças, cantigas, contação de história, entre outras. A ideia é que existam espaços nas comunidades para que as crianças brinquem juntas e ao ar livre em praças, parques, calçadas. “Esta ação existe há bastante tempo, mas atualmente há uma tentativa de se capacitar cada vez mais voluntários para atuar como brinquedistas.” Além disso, afirma, há um trabalho para que as famílias optem por uma alimentação alternativa, aproveitando mais produtos naturais através de hortas caseiras.

Quase um milagre
A história de Marcelo Eduardo Dubena, 16 anos, revela a importância do trabalho da Pastoral da Criança nas comunidades. Com 2 anos e meio, o menino foi diagnosticado com leucemia (doença maligna dos glóbulos brancos – leucócitos). Teve de fazer um complicado tratamento com radioterapia e quimioterapia. Com a ajuda das líderes da Pastoral da Criança Iraci Fries e Neusa Ronsani, ele recebeu o apoio que precisava para se tratar. Além da multimistura que era fornecida para sua alimentação, a comunidade organizou uma campanha para arrecadar donativos e dinheiro. 
Neuza recorda que a situação do garoto não era nada boa quando a doença foi descoberta. “A saúde dele estava bastante agravada, mas assim que descobrimos a gente tratou de ajudar, acompanhar, levar multimistura, fazer campanha para arrecadar dinheiro. A gente se esforçou muito e acho que valeu a pena. A família era pobre, com o esforço de todas as líderes, conseguimos fazer uma boa arrecadação para ajudar eles.” 
A coordenaodora ressalta que ver o menino hoje, com 16 anos, é uma grande honra. “É muito bom ver esse piá ao meu lado, com saúde, inteligente, estudioso. Porque quem conheceu ele de pequeno e vê agora tem muita diferença, eu me sinto muito feliz. Agradeço a Deus todos os dias pelo trabalho que a gente fez e que ele tenha saúde.” 
Dona Iraci recorda a importância de todas as pessoas que colaboraram na época. “A gente comentava com as outras pessoas que não eram da Pastoral da Criança e todo mundo ajudava naquela campanha, que foi a dona Verônica Mattos que começou”, conta. Foram muitas orações e, para a voluntária, a recuperação de Marcelo foi um milagre. “A gente até pensava que ele não ia chegar a ser o homem que ele é hoje. A gente admira muito ele e eu digo assim: a gente vê que existe milagre porque a vida do Marcelo é um milagre.” 
Luiz Carlos Dubena, pai do adolescente, acredita que todo o envolvimento da Pastoral da Criança na época foi o que ajudou a salvar o Marcelo. “Foi praticamente a salvação dele, a nossa situação era difícil. A Pastoral da Criança começou acompanhar, foi pra Curitiba fazer o tratamento e quando voltava, continuava acompanhando e ajudando, do início ao fim do tratamento, com quimio e radioterapia, a multimistura esteve presente na alimentação.” 
Ele acredita que o suplemento colaborou para a recuperação do filho, “porque em todos os alimentos nós colocávamos a multimistura junto.” Marcelo é de poucas palavras, mas se diz um garoto feliz e ainda hoje consome a multimistura. *Com colaboração de Luiz Bitencourt.

Iracir Fries (líder da PC), Luiz Carlos Dubena com o filho Marcelo Eduardo Dubena, 16 anos, e Neusa Ronsani.

 

 

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