
Pouco conhecido do público em geral, mas popular entre os ciclistas, Audax é o nome dado no Brasil aos eventos ciclísticos não-competitivos de longa distância, conhecidos internacionalmente pelo nome de Randonneur. As provas de Audax, que já acontecem em diversas cidades do país, possuem cinco níveis de distâncias a serem percorridas – entre 200 e 1.000 quilômetros – e tempo limite para cada distância a ser cumprida.
No último domingo, 14, os cinco ciclistas pato-branquenses César Chiochetta, Randas José Tajariol Vogel, Cléber Rigailo, Kleber Pontes e Evandro Ziguer aceitaram um destes desafios e participaram dos 200 quilômetros do Audax Passo Fundo (RS). A prova foi iniciada às 6 horas da manhã com partida da Universidade de Passo Fundo, passando pelas cidades de Carazinho, Colorado, Tio Hugo e retornando a Passo Fundo.
A ideia de participar deste desafio surgiu de Evandro, que é de Pato Branco e atualmente mora em Passo Fundo. Ele convidou Kleber, que convidou César, que instigou os amigos Randas e Cléber a participar também. Seja pelo prazer de pedalar, como opção de lazer ou até mesmo pelos benefícios para a saúde, os cinco amigos têm no esporte um hábito.
Preparação
Esta foi a primeira prova em Audax destes ciclistas. Os atletas contam que cada um se preparou para a prova a sua maneira, e que treinaram juntos apenas uma vez antes da corrida. “Em fevereiro comprei minha primeira bicicleta, uma Mountain Bike, iniciando minhas pedaladas pelas trilhas de nossa região. Logo após efetivar a inscrição no Audax, refleti e achei melhor adquirir uma bicicleta speed, própria para o asfalto e para participar da prova, tendo adquirido a nova bicicleta no início deste mês. Assim, meus treinos para a prova não foram muito direcionados, a maior distância que havia percorrido era de 100 quilômetros”, conta Randas.
“Esta foi minha primeira prova, contudo, no final de janeiro eu e um amigo decidimos nos desafiar a pedalar o trajeto entre Pato Branco e Guarapuava. Eu tive problemas nas semanas que antecederam o Audax, pois peguei um forte resfriado, e quando estava suficientemente bom para voltar a pedalar, sofri uma queda no domingo anterior ao dia da prova. Tive várias escoriações pelo corpo e, como a queda se deu numa descida, a velocidade somada à queda levou o capacete a se partir. Usei a semana anterior ao Audax para curar minhas feridas e não para me preparar”, explica Cléber.
“Pedalamos toda semana, mas é difícil organizar para pedalar juntos. Treino específico para o Audax fizemos apenas um, com dificuldade, distância e altimetria superior ao que estamos acostumados a pedalar”, ressalta César.
Uma experiência fantástica
Além de uma oportunidade para fazer novas amizades, os ciclistas destacam o Audax como uma experiência fantástica de autoconhecimento. “Apesar de imaginar que conseguiria completar a prova, ter realmente completado o trajeto todo, sem nenhuma dificuldade mecânica, nem sequer furo de pneu, foi perfeito. Quando você participa de uma prova longa como esta, você tem muito tempo pra pôr a mente no lugar em relação aos outros aspectos da sua vida e também no que se refere ao esporte, e para entender que os limites do seu corpo e da sua vida é você que impõe”, diz Randas.
“Quem não vivenciou um nascer-do-sol ou um pôr-do-sol numa bicicleta ou numa motocicleta está perdendo uma das experiências mais fantásticas que a natureza nos proporciona”, acrescenta Cléber. “Foi uma experiência excelente. Não basta treinar e ser forte das pernas, a sua cabeça precisa estar preparada. No meio do percurso surgem dificuldades imprevisíveis e, se não estiver preparado, pode comprometer a prova. A paisagem motiva qualquer um. Em alguns momentos pedalei sozinho, ninguém por perto, apenas curtindo o visual”, relata César.
Desafios ainda maiores
A experiência deixou um gostinho de quero mais e os cinco ciclistas já se programam para participar do Audax Chapecó (SC) e do Audax Florianópolis (SC). “Na viajem de volta fizemos uma combinação prévia de repetir a dosagem (200km) em outra prova do Audax que se realizará no mês de novembro, em Chapecó, a qual já conta para o calendário das provas maiores do ano que vem, de 300, 400 e 600 quilômetros, das quais pretendemos também participar”, adianta Randas.