O secretário de Saúde enfatiza que todos os decretos são baseados em estudos técnicos e que grande parte do comércio não é o problema na proliferação do vírus.

O secretário municipal Edson Spiassi (Saúde) e o prefeito Raul Isotton convocaram a imprensa, recentemente, para falar sobre os decretos municipais e as medidas de enfrentamento ao coronavírus.
Foto: Alexandre Bággio/JdeB
Nas redes sociais, os duovizinhenses estão tendo bastante discussões acerca de medidas que poderiam ser tomadas para combater o vírus. Muitos, inclusive, pedem o lockdown (bloqueio total). O secretário de Saúde, em entrevista para a Rádio Educadora, falou sobre o assunto. “Quando fazemos um decreto, alguns concordam, outros não e aparecem muitos especialistas em coronavírus. A gente recebeu críticas por não fazer lockdown. Mas o que é lockdown? É parar tudo. Vamos fechar supermercados que tem alta aglomeração? Não dá de fechar, é serviço essencial. Vamos fechar os bancos? Aí você não consegue pagar as contas. Tem que ter cuidado de falar nesse assunto. Vamos fechar o comércio? Mas a loja de roupa, com dois, três funcionários não é o problema, não aparece nas nossas estatísticas”, explicou.
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E se tiver lockdown, como o povo tem que se comportar? “Lá no começo, quando fechamos todo o comércio por uma semana, eu recebi boleto para pagar, o prefeito recebeu boleto, parecia que ia acabar o mundo. Talvez agora essas mesmas pessoas que nos criticaram aquela vez, estão querendo lockdown. Mas se decretarmos, elas vão ficar em casa ou vão para o alagado? Lockdown é para ficar em casa e com a cidade 100% fechada. Não pode ir para Beltrão, aproveitar para passear. Temos que tomar cuidado quando vai nas redes sociais falar como especialista da doença sem acompanhar números, dados, saber como é o trabalho da equipe. Nós acompanhamos taxa de evolução, letalidade, o que está acontecendo com as pessoas que estão sendo internadas, porque estão se agravando casos e a equipe técnica está todos os dias buscando alternativas e soluções”, acrescenta.
Cinco meses
Spiassi ressaltou, mais uma vez, que toda a equipe que trabalha com o coronavírus está no limite físico e psicológico. “Já são cinco meses falando, alertando, pedindo a colaboração de todos para não chegarmos num alto número de casos, mesmo assim, chegamos hoje nesse nível. Nosso município tem muitos casos, mas até agora conseguimos tratar todos, não faltou atendimento para nenhum cidadão e, quando falávamos, lá atrás, de achatar a curva, a preocupação era chegar um dia e não ter atendimento. A equipe está exausta, mas as medidas que foram tomadas ao longo do tempo começaram a se mostrar efetivas. O último decreto foi publicado no dia 19 de agosto até hoje e os números, lentamente, começaram a cair”.
E os medicamentos?
Nas rede sociais também, muitos duovizinhense pedem para que seja prescrita a cloroquina aos pacientes. O secretário explica que, desde o começo, quem quer, tem acesso ao medicamento. “O médico define a medicação pelos sinais ou sintomas. A grande maioria é medicada, mas depende do que o paciente relatar para o médico. Todas as medicações de protocolos existentes no país, nós temos aqui. Não temos relato de ninguém que não foi medicado, inclusive. Vale lembrar que não se tem um medicamento específico para o vírus, a gente trata os sintomas, as doenças associadas e ver se vai fazer efeito ou não. Esse é o grande problema da doença, por isso fazemos campanha para evitar a contaminação. O isolamento social é ainda o melhor remédio. Temos que evitar o contato mais próximo nesse momento”, completou.
Sobre ter ou não comorbidades, o secretário falou que não se pode jogar a responsabilidade nas outras doenças. “A grande maioria tinha algum outro problema, mas poderia estar vivo se não tivesse sido infectado do coronavírus. As outras doenças eram tratadas, não fosse o coronavírus”, conclui.