Pesquisa da Fecomércio mostra que as vendas do comércio em maio foram 28,85% maiores na comparação com abril.
Após o profundo impacto da pandemia, em abril, com lojas fechadas em muitas cidades, o varejo paranaense começou a se reerguer em maio. Segundo dados da Pesquisa Conjuntural da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), as vendas foram 28,85% maiores em maio na comparação com abril. Isso porque os estabelecimentos comerciais puderam voltar a abrir as portas e receber seus clientes. Além disso, parte das empresas conseguiu adaptar seus negócios para as vendas digitais. O impacto também foi positivo para o comércio do Sudoeste.
Setores que vinham amargando grandes perdas voltaram a ter algum nível de faturamento, e, na comparação com o mês de abril, tiveram melhora considerável, tais como calçados (399,69%), vestuário e tecidos (235,29%), óticas, cine-foto-som (113,94%), livrarias e papelarias (97,81%) e concessionárias de veículos (69,50%). O único ramo que não apresentou crescimento na variação mensal, com redução de 1,18%, foi o de supermercados, passada a urgência inicial dos consumidores em estocar alimentos e também pela reabertura dos restaurantes, fazendo com que as pessoas voltassem, ainda que em menor proporção, a fazer suas refeições fora de casa.
No entanto, esta retomada ainda é modesta diante das perdas na economia trazidas pelo coronavírus. A pesquisa de opinião, realizada pela Fecomércio PR, que ouviu os empresários do setor terciário sobre suas expectativas para este segundo semestre, revela que 82,7% das empresas do comércio de bens, serviços e turismo do Paraná tiveram redução nas suas receitas.
Esse impacto significativo justifica os altos índices apresentados pelo comércio no mês de maio. Houve empresas que ficaram totalmente paradas em abril por causa do fechamento do comércio não essencial e que, ao reabrirem, em maio, saíram do faturamento zero para o patamar habitual de vendas.
A pesquisa conjuntural, por sua vez, aponta redução de 10,83% nas vendas do comércio no acumulado de janeiro a maio em praticamente todos os setores. A exceção são os supermercados e farmácias, com elevação de 6,56% e 2,50%, respectivamente. Já na comparação com o mês de maio de 2019, a queda no movimento foi de 14,57%, salvo os ramos de supermercados (+6,68%) e móveis, decorações e utilidades domésticas (+2,82%).
Agropecuária ajudou
O presidente do Sindicato dos Lojistas de Francisco Beltrão (Sindilojistas), Vilmar Bottin, comenta que “a gente percebe que tá havendo uma recuperação, tá tendo uma retomada dos negócios”. Vilmar acredita que alguns fatores ajudaram na melhoria do desempenho do comércio, entre eles o fato de os setores de agricultura e pecuária leiteira serem fortes na região.
A região colheu maior safra de soja de sua história, com mais de um milhão de toneladas. No leite, os meses de março, abril e maio foram de baixa produção. Porém, os produtores continuaram entregando a produção para os laticínios, o que ajudou a girar na economia. Outro ponto que Vilmar observa é que o pagamento do auxílio emergencial também ajudou na movimentação do comércio.
A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Beltrão, Vera Depubel, confirmou que, em maio, houve uma melhoria em relação a abril. “Só que pro comércio tá sofrido desde o início da pandemia, tá todo mundo sofrendo, inclusive as lojas que têm que pagar aluguel”, sublinha.
Ainda há setores com dificuldade
Já Carlos Manfrói, presidente da Coordenadoria das Associações Empresariais da Região (Cacispar), observa que o comércio saiu de um cenário de fechamento na região, “que foi horrível e extremamente preocupante para uma volta, mesmo que com os protocolos de segurança, daí o comércio respirou. Mas muitos setores ainda sofrem, como o de eventos, o alimentício, os estabelecimentos que funcionam à noite, esses estão sofrendo muito”. Para o presidente da Cacispar, “saímos duma inércia e demos um giro [na economia]. Se não tivesse voltado, teria dado um resultado muito ruim”.