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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

População de Capanema aguarda ansiosa a volta das obras da Usina Baixo Iguaçu

Antes da suspensão em 2014, a obra movimentava cerca de R$ 7 milhões no município.

 

No ano passado, uma manifestação na comunidade de Marechal Lott, próxima do canteiro de obras, reuniu autoridades e moradores de Capanema, para exigir a retomada das obras.

 

Nessa semana, caiu a liminar judicial que impedia a continuidade das obras na Usina Hidrelétrica de Baixo Iguaçu, em Capanema. A usina deve gerar 350 MW de energia, o suficiente para suprir as necessidades de uma cidade de um milhão de habitantes. E esse não é o único benefício da construção.

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De acordo com Marcos Lima, assessor da Prefeitura de Capanema, antes da suspensão a obra gerava enorme renda para o município. “Entre o salário dos trabalhadores e o dinheiro das empresas, a construção da usina movimentava cerca de sete milhões de reais na cidade”.

Lima reforça que a comunidade tem expectativa de um movimento semelhante quando as obras recomeçarem. Além disso, a administração pública do município receberá recursos de impostos sobre a construção, que podem ser destinados para diversas áreas atendidas pela Prefeitura, e futuramente impostos pela geração de energia elétrica.

Luiz Hartmann, presidente da Associação Empresarial de Capanema (Acec), acrescenta que o comércio está com uma grande expectativa com o retorno das obras. Hartmann conta que antes da construção ser suspensa, em 2014, o movimento da cidade aumentou e os comerciantes fizeram grandes investimentos para comportar essa mudança. “Quando a obra parou, esses investimentos se transformaram em prejuízos”, ressalta.

Por isso, o presidente da Acec garante que os comerciantes aguardam ansiosos o retorno da construção para recuperar esses investimentos. “Para o comércio de Capanema, nesse período complicado financeiramente, a notícia da volta da construção é uma injeção de ânimo”.

 

Volta das obras depende de intimação do TRF

A obra iniciada no Rio Iguaçu, entre os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques, foi suspensa em junho de 2014 pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre. De acordo com a Justiça, as obras foram suspensas na época por avaliação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a reserva do Parque Nacional do Iguaçu, próximo à construção da nova usina. De acordo com o instituto, a obra afetaria a reserva, além de causar prejuízos socioambientais.

Depois de oito meses de suspensão, o ICMBio manifestou nova avaliação no dia 8 de janeiro, aprovando a volta das obras. Essa liberação foi condicionada ao cumprimento de exigências ambientais pelo consórcio Geração Céu Azul, responsável pela construção da hidrelétrica.

O assessor responsável pela comunicação do consórcio, Júlio Tiezerini, conta que a construção foi suspensa por alegações de falta de anuência dos institutos responsáveis, mas garante que as empresas estão preparadas para lidar com a questão ambiental. “A usina tem 32 programas socioambientais, por preocupação com o meio-ambiente”.

Apesar da eliminação da liminar que suspendia a obra, Tiezerini afirma que o retorno ao trabalho depende de uma intimação do TRF, que libere realmente a construção. Até o fim da tarde de sexta-feira, 13, a empresa não havia recebido a intimação e não havia prazo para a volta dos trabalhos. “Estamos aguardando a notificação para elaborar um novo cronograma. Até lá, não podemos dar prazo de início ou término da construção da usina”, sublinhou Tiezerini

O assessor garante que, enquanto a notificação não chega, o consórcio trabalha na elaboração e divulgação de como vai ser a retomada das obras e a contratação de novos funcionários, para reestruturar o quadro de trabalhadores, desmontado pela interrupção em 2014. Além disso, a empresa precisa reconstruir o canteiro de obras, devastado pela cheia no Rio Iguaçu de junho do ano passado.

 

Obra causa prejuízos socioambientais

Todas as construções de hidrelétricas causam impacto ambiental na região em que a usina é instalada. Afinal, as obras afetam diretamente os canais hídricos e inundam pedaços enormes de terra para poder construir a estrutura geradora de energia.

Por esse motivo, essas obras dependem de grandes estudos para avaliar se os benefícios compensam o prejuízo e, ainda assim, muitos condenam a construção de uma usina que cause tanto dano ambiental.

Além de todo o prejuízo ambiental, a inundação causada pela construção de uma usina hidrelétrica causa a desapropriação de terras de cultivo e moradias. Rodrigo Zancanaro, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirma que na construção da Usina do Baixo Iguaçu a situação não é diferente. “Já tem famílias desabrigadas, com as terras ocupadas pelo canteiro de obras, e muitas delas ainda não receberam nenhuma indenização”, relata.

Segundo Zancanaro, não existe comunicação com as empresas responsáveis pela usina, “as famílias continuam sem atendimento na questão social, esperamos que agora, com a volta das obras, possamos retomar as negociações”.

 

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