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Francisco Beltrão
quarta-feira, 18 de junho de 2025

Edição 8.228

18/06/2025

Presidente do Sindicato Rural alerta para a conservação do solo nas propriedades rurais de Renascença

 

Seu Orlando e dona Helvetia não pretendem tão cedo sair da zona rural.

No ano que vem, a gaúcha Helvetia Rother completará três anos na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Renascença, formado por 80 associados. Ela é a décima segunda pessoa a assumir essa função. Neste período à frente da entidade, Helvetia tem buscado, com sua diretoria, inovar e facilitar a vida de seus associados. 

E o público feminino tem seu momento especial. No dia da mulher, comemorado em 8 de março, o sindicato promove uma confraternização, simples, mas importante para essas mulheres batalhadoras. “Ano passado fizemos a primeira edição do encontro e ano que vem queremos realizar novamente. É uma forma das mulheres sócias do sindicato ficarem mais próximas, conversarem sobre vários assuntos”, ressalta Helvetia.
Para se tornar sócio do sindicato, é cobrada uma mensalidade anual que varia de R$ 100 a R$ 120, com direito a alguns benefícios como declaração de Imposto de Renda, encaminhamento de aposentadoria, declarações junto ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná), entre outros. “Nosso sindicato está bem estruturado e vem buscando levar orientações que nossos associados necessitam.” 
Uma das ações que o sindicato planeja é homenagear todos os seus ex-presidentes, vivos ou não. “Quem já não está mais entre nós também receberá homenagem por alguém de sua família.”

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A outra função da presidente
Dona Helvetia é produtora rural com seu marido, Orlando Rother, nos 25 alqueires de terra da Linha Canela. Ela propõe um tema para discussão: será mesmo que vale a pena adubar a terra para o plantio? “Outro dia eu conversava com seu Caldato, de Pato Branco. Ele contou que um produtor, não sei de onde, plantou soja em sua propriedade sem adubação e o resultado foi o mesmo do que se tivesse adubado. Até fiquei pensando, porque quando chove bastante a chuva leva o adubo embora, isso pode até fazer sentido.”
Ações voltadas para o uso racional e manejo dos recursos naturais, principalmente do solo, visam promover uma agricultura sustentável. E a família Rother está atenta e inquieta quando se fala em conservar o solo onde se faz o plantio de grãos. “A culpa geralmente é do agricultor, que não faz os terraços, os murunduns pra não deixar a chuva lavar as proteínas da terra, principalmente quando acontecem aquelas chuvaradas. Mas é assim, enquanto está satisfazendo, por que vou se preocupar com o futuro? Se todos pensassem o quanto a terra é importante em nossas vidas… A gente, como membro do sindicato rural, busca orientá-los, mas não é fácil das pessoas entenderem.”
Helvetia cita um trecho de uma novela que um ator dizia: ‘terra é sempre terra’. “Se formos parar pra pensar, em qualquer pedaço de terra, se for bem aproveitado, dá pra produzir alimento.”
Uma das soluções apontadas pela presidente para a conservação do solo é deixar a palhada do milho e da soja na terra após a colheita. Funcionários da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná (Seab) fazem vistorias aéreas para apurar os casos de má conservação do solo. “Se o produtor estiver danificando demais a terra, ele é multado. Nós buscamos sempre conscientizar e levar o assunto para ser discutido com o Senar, que dá cursos direcionados aos agricultores. É dali que se tira o sustento de suas famílias e das demais pessoas. Cada vez mais vai ter gente para alimentar, por isso conservação de solo é uma preocupação de todos.”

Renascença evoluiu no campo
Quando dona Helvetia chegou com sua família em Renascença, há mais de 40 anos, vindos do Rio Grande do Sul, a mecanização da lavoura estava na fase inicial. “Nós ainda trabalhávamos com as plantadeiras manuais, depois de um tempão que foram surgindo os maquinários motorizados.”
E nem tudo está perdido. Os filhos de agricultores podem aprender a cuidar da terra através do programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA), promovido pelo Senar, em parceria com o Sindicato Rural. São atendidos jovens de 14 a 18 anos. “Mas tem um problema nisso, tem pais que não acompanham o que os filhos aprendem nos cursos. Aí fica difícil.” 
Sobre sair do interior pra morar na cidade, por enquanto ela e o marido descartam esta possibilidade. Sobra tempo até para seu Orlando inventar utensílios domésticos que ajudam no cotidiano. Recentemente, ele criou uma churrasqueira com espetos giratórios, sem a utilização de energia elétrica, somente com a força da água do açude de sua propriedade, impulsionada por um sistema que gira uma roda e faz os espetos rodarem lentamente. Segundo ele, a carne sai bem assada. “Quando a gente não aguentar mesmo é que vamos parar de trabalhar na roça, até porque nossos filhos já não estão mais em casa e não tem pra quem deixar. Por enquanto não tem como, até porque o Orlando não consegue parar quieto com suas criações”, sorri dona Helvetia.

Quando não está na lida, seu Orlando gasta as energias com suas invenções. 

 

 

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