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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Produtor está recebendo menos e o consumidor pagando mais pelo leite

Oscilações súbitas no consumo de leite e derivados e cenário de incertezas devido à pandemia preocupam toda a cadeia.

Uma nota divulgada na semana passada pela AproLeite (Associação dos Produtores de Leite do Sudoeste do Paraná) chamou atenção para o preço pago aos produtores. Segundo a entidade, o litro do leite caiu 5 centavos em março e a média de preço pago aos produtores da região está sendo de R$ 1,50. Por outro lado, a pesquisa da cesta básica da Unioeste constatou aumento de 12,4% no preço do leite nos supermercados beltronenses em março, chegando à média de R$ 3,22.

A intenção da nota enviada à imprensa era esclarecer que a alta nos preços sentida pelos consumidores não estava ligada ao aumento dos custos de produção ou do lucro dos produtores. “A justificativa é que não está havendo consumo de queijos e derivados, mas geralmente nesta época do ano, com a chegada do frio, a produção cai e os preços aumentam. Só que não foi o que ocorreu com a gente, houve redução no preço, essa situação da pandemia mudou tudo”, afirma o presidente Sidclei Risso.

A AproLeite entende que a queda nos preços vai acelerar o abandono da atividade por muitos produtores rurais. Risso cita que a alimentação dos animais foi prejudicada nos últimos meses devido à estiagem e que o aumento da soja e do milho elevaram os custos de produção em cerca de 10%, mas a insegurança em não saber qual o valor recebido pelo produto tem desestimulado a atividade. “A gente vende sem saber o quanto vai receber e agora está ainda mais complicado, cada vez mais difícil se manter na atividade e menos produtores a cada ano.”

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Produtores receberam, em média, 5 centavos a menos por litro num período em que o preço deveria ter aumentado devido ao frio.

Cenário indefinido
As incertezas do mercado lácteo foram debatidas durante a última reunião do Conseleite-PR, realizada por videoconferência. A indefinição do cenário é tamanha que o órgão nem divulgou uma projeção para o preço do leite entregue neste mês. Segundo a Faep (Federação da Agricultura do Paraná), as vendas de leite longa vida tiveram uma alta brusca em março, mas os derivados, como queijo, registraram queda acentuada.

“Esse movimento é compreensível pelo pânico de estocagem, que gera demanda a curto prazo, mas é algo que provavelmente não se sustentará nas próximas semanas. Tudo indica que haverá reversão de preço”, explica a professora Vânia Guimarães, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sobre o comportamento do preço do leite.

 

Venda de queijo caiu até 70% devido à pandemia

Uma das principais preocupações das indústrias de leite é que as medidas de isolamento e fechamento de atividades se tornem necessárias por um período maior que o estimado inicialmente. “O mercado precisa reagir e começar a voltar à normalidade dentro de 30 dias, senão vai chegar num ponto em que a captação terá que ser reduzida, todos os laticínios estão no limite”, afirma Valdomiro Leite, diretor da Latco e representante do Sindileite-PR.

O combate à Covid-19 está afetando diretamente o setor porque restaurantes, pizzarias e lanchonetes estão fechados. Com isso, houve uma redução drástica nas vendas de queijo – inclusive, laticínios da região tem como principais mercados os grandes centros – que chegaram a 70%, segundo Valdomiro. As indústrias do Sudoeste continuam coletando junto aos produtores, mas os derivados estão sendo estocados.

Quanto ao leite longa vida, Valdomiro explica que inicialmente houve um aumento normal para o período, agravado pela grande procura da população buscando estocar alimentos. No entanto, nas últimas semanas o consumo caiu e a tendência é que os preços para o consumidor final também baixem.

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