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Francisco Beltrão
terça-feira, 17 de junho de 2025

Edição 8.227

17/06/2025

Produtores rurais de Verê temem pelo futuro da soja

 

 Cordeiro, Reguelin e Preilpper concordam que, para a agricultura ficar forte, é preciso planejamento com visão do campo.

 

 Há anos, as principais culturas agrícolas do município de Verê são o milho e a soja. No entanto, segundo Adenir Antonio Reguelin, presidente do Sindicato dos Agricultores Familiares, a área de milho tem reduzido bastante, enquanto a soja aumenta cada vez mais. “O que temos de mais forte hoje é a soja, dá uns 85% das plantações”, garante.
O custo da soja é menor e os preços da saca são atrativos. Já o custo do milho tem aumentado e, consequentemente, os produtores não se sentem estimulados ao cultivo. Em função da expansão da soja, a agricultura do município passa por um bom momento. No entanto, Adenir  teme pelo futuro do cultivo de soja. “Além da ferrugem asiática (doença que prejudicou bastante as plantações da safra passada), o pessoal tá reclamando de uma nova doença, que tá afetando diversas variedades da soja e que por enquanto não tá tendo remédio”, comenta Reguelin.
Possibilidades de solução
O secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, comenta que já se percebeu que a ferrugem está se tornando resistente aos químicos. “Continuando do jeito que está, nós não vamos mais ter soja, porque vai ter que usar sete, oito, dez aplicações de veneno e não vai conseguir fazer efeito”, afirma.
Para ele, uma medida a ser tomada é a proibição do plantio na safrinha, cujo cultivo ocorre entre fevereiro e junho. Ortigara afirma que essa continuidade da soja no terreno deixa o solo propício ao aparecimento de doenças.
Assim, a decisão foi tomada pela Agência de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Adapar) e a partir de 2017 o agricultor não poderá mais plantar na safrinha. 
No entanto, o presidente do sindicato de Verê acredita que a norma não vai vigorar. “Até 2017 acho que vão revogar. Não por causa dos pequenos agricultores, que podem optar por outra cultura, mas por causa das empresas de insumos e grandes produtores, que trabalham forte em cima da soja.”
O agricultor Augustinho Cordeiro, da comunidade Barra do Cerne, planta soja e comenta que a proibição poderia ser boa, mas não é suficiente. “O grande fator hoje é o clima, que tá muito diferente. Então, ao invés de cuidarem a época que vamos plantar, o governo deveria fazer um planejamento de sementes de acordo com o clima de cada região, pra gente plantar a variedade adequada”, afirma.
Irineu Preilpper, que também é agricultor na Barra do Cerne, comenta que o número grande de variedades, sem um controle ou orientação para o produtor, dificulta uma boa produção. Cordeiro reforça que conseguiu colher bem esse ano, mas o vizinho, que escolheu uma variedade diferente de sementes, acabou perdendo boa parte da plantação.
“Além disso, precisa mudar o tipo de financiamento. A gente precisa comprar veneno e insumos tudo antes e apresentar as notas na hora de fazer o financiamento, então a gente tem que comprar coisas que às vezes não precisa, para o caso de precisar. O ideal é que os bancos fossem liberando o financiamento por etapas, de acordo com o que a gente precisasse”, acrescenta o agricultor.
Com isso, tanto o presidente do sindicato quanto os dois agricultores concordam: Falta ao governo uma visão maior do que acontece no campo para que a agricultura possa continuar forte.

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