São 173 mil ligações de água, mas somente 90 mil de esgoto.

A rede coletora de esgoto também em imóveis da periferia da cidade de Francisco Beltrão. Na região, quase a metade das residências não possuem coleta de esgoto.
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
A quantidade de domicílios do Sudoeste atendidos por rede de coleta e tratamento de esgoto aumentou, mas ainda não é capaz de acompanhar o crescimento no número de novas ligações de água. É o que mostra um levantamento elaborado pelo JdeB com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINS), divulgados nesta semana.
Segundo o SINS, entre 2017 e 2018, os municípios da região tiveram 12,8 mil novas ligações de água tratada (crescimento de 8%), mas os pontos de coleta de esgoto aumentaram somente em 4,9 mil (5% a mais). O sistema também faz uma infeliz constatação: 25 das 42 cidades do Sudoeste não possuem sistema de coleta e tratamento do esgoto.
No geral, os números de 2018 mostram que somente pouco mais da metade das casas que recebem água tratada possuem rede de coleta de esgoto. No entanto, essa proporção é mais próxima em alguns municípios, como Renascença (81%), Pato Branco (80%), Chopinzinho (78%), Palmas (76%), Francisco Beltrão (71%), Ampere (70%) e Realeza (64%).
Entre 2008 e 2017, o número de novas ligações de água havia crescido 37%, enquanto que as de esgoto aumentaram 98%. Os dados do SNIS referem-se, majoritariamente, à área urbana; no campo, geralmente há sistemas independentes de abastecimento de água, como poços comunitários, e descarte de esgoto em fossas.

Ampliação e desafios
Em Francisco Beltrão, a construção de uma nova estação de tratamento há alguns anos ampliou consideravelmente a capacidade de destinar corretamente o esgoto, principalmente em bairros da Cidade Norte. A quantidade de ligações ativas passou de 14,6 mil em 2016 para 18,4 mil em 2018.
Moradores ouvidos pelo JdeB nestes locais elogiam a iniciativa, principalmente em bairros mais afastados do Centro, porém, ainda há pontos da cidade que a população precisa descartar o esgoto em fossas sépticas – e isso tanto em áreas mais carentes como em loteamentos feitos até 2015 e de classe média. “A minha fossa fiz grande e não dá problema, só volta cheiro quando [o tempo] está pra chuva, mas nos vizinhos tem lugar que a fossa estoura e fica escorrendo”, relata Valdenir Friederich, residente no loteamento social Terra Nossa, no Padre Ulrico.