Não há tendência de queda nos valores pelos próximos 60 dias.

A estiagem deu quebra de 40% na produção de feijão safrinha no Sudoeste do Paraná.
Com isso, os preços subiram e por 60 dias devem se manter acima da média.
Fotos: Flávio Pedron/JdeB
As empresas que compram e vendem feijão na região Sudoeste estão confirmando as perdas decorrentes da estiagem dos meses de fevereiro, março e abril e as geadas do mês de maio. Roberto Dettoni, proprietário da empresa LHBS, de Ampere, que atua na compra e venda de feijão e empacotamento, estima que a perda na região de Francisco Beltrão vai chegar na faixa dos 40%. A quebra já impactou nos preços ao produtor e ao consumidor.
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Foram plantados 25 mil hectares na segunda safra – safrinha, que vai de janeiro a maio. Destes, em torno de 57% já foram colhidos. A produtividade média é de 1.200 quilos por hectare – equivalente a 50 sacas por alqueire/média – abaixo dos dois mil quilos de média esperados.
A quebra na produção será de praticamente de 20,5 mil toneladas. Se a safra fosse safra cheia poderiam ser colhidos 50 mil toneladas. Ainda há lavouras a serem colhidas, mas estão suscetíveis a prejuízos, agora, devido ao frio. Na região de Pato Branco foram plantados 50 mil hectares e a produção inicial esperada era de 90 mil a 110 mil toneladas. A estimativa, agora, prevê colheita de 70 mil toneladas e perdas de 30% até agora. Os dados são Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). Na região de Pato Branco a quebra já chega a 15%.
Dettoni compra feijão principalmente de produtores dos municípios de Verê, Dois Vizinhos, Pato Branco e Bom Sucesso do Sul. E a falta de chuva atingiu as lavouras destes produtores. “A quebra foi geral”, relata o empresário.
O produto tem qualidade boa, mas por causa de umidade as vagens produziram grãos miúdos. Dettoni diz que “a qualidade até não dá pra se queixar. Mas deu peneira baixa, um feijão mais miúdo”.
A Coopertradição, de Pato Branco, também compra e vende muito feijão no Sudoeste. Nédio Tonus, gerente de compras, relata que a previsão era para receber 200 mil sacas nesta safra, mas com a quebra na produção, as estimativas foram refeitas. “Nós devemos receber 150 mil, 20 por cento a menos”, relata. A empresa LHBS, de Ampere, espera receber 150 mil sacas de feijão preto e 60 mil sacas de carioca. Dettoni ressalta que se for preciso vai importar feijão da Argentina. “O que faltar daqui a gente vai se socorrer com o feijão de lá”, adianta. A colheita no país vizinho já começou.
O gerente da Coopertradição acha que será difícil de trazer feijão da Argentina, neste momento, para abastecer o mercado brasileiro, em função da alta cotação do dólar frente ao real – na faixa de R$ 5,30 a R$ 5,50.

As perdas
Nédio Tonus conta que teve produtor que colheu 30 sacas por alqueire, ou seja, teve uma quebra considerável. “O que tá dando um alento é que pela falta [do produto] o preço aumentou. É a tal da oferta e procura. Em virtude da pandemia e da compra de cestas básicas, a procura tá sendo grande. O preço tá acima do esperado. O comprador de São Paulo precisa repor o produto nas gôndolas do mercado em São Paulo e vai acabar pagando esse preço.”
Nédio prevê que as cotações não devem ter queda pelo menos nos próximos 60 dias. Num comparativo entre maio de 2019 e maio de 2020, os preços estão bem altos. Everton Crestani, gerente do Super Vipi, em Francisco Beltrão, estima que o preço do feijão aumentou de 40% a 50% em maio. Ele diz que há oferta do produto, mas as empresas têm que se sujeitar a pagar pelo preço estabelecido pelos fornecedores.
Boa produção
Nédio também planta feijão em sua propriedade rural em Pato Branco. Ele esperava colher 100 sacas por alqueire em área de 80 alqueires, mas conseguiu média de 90 sacas por alqueire. É uma média boa, levando-se em consideração que na região a quantidade de chuvas foi abaixo da média histórica nos últimos meses. O produtor acredita que por ter plantado em cima da resteva do milho, ainda segurou um pouco de umidade. Assim, a produtividade na lavoura não foi tão baixa.
Os preços do feijão no Paraná
Maio de 2019
Feijão preto (saca de 60 quilos): de R$ 127 a R$ 129
Feijão carioca: R$ 171 a R$ 192
Maio de 2020
Feijão preto: R$ 243 a R$ 244
Feijão carioca: R$ 318 a R$ 319