Ele e a esposa ficaram internados na Policlínica São Vicente de Paula.

O médico Kosmos Panayotis Nicolaou (PSD), 64 anos, foi reeleito prefeito de Palmas na noite de domingo, 15, com uma diferença apertada de 135 votos do candidato pelo MDB, Daniel Langaro. Com 6.287 votos no total, uma fatia de 29,18%, foi a primeira vez na história do município que um candidato é reeleito para mandato consecutivo. “Sou o primeiro prefeito reeleito em 141 anos (…) e fico feliz por poder dar segmento ao trabalho que fizemos nesses quatro anos”, destacou Kosmos, ontem, ao JdeB.
Ele reforçou seu compromisso com a transformação do município, no que chamou de evolução de Palmas. “Vamos continuar nossos projetos em transformar Palmas. Nesses quatro anos evoluímos 20 anos!” O pleito do município foi disputado entre seis candidatos. Daniel Langaro (MDB) recebeu 6.153 votos (28,56%); Izaias Mikilita (Republicanos), 4.593 votos (21,32%); Acioli – Ganso (PSL), 2.713 votos (12,59%); Baitaka (PSC), 1.054 votos (4,89%).
Luta contra a Covid-19
Antes de começar a campanha para a reeleição, neste ano, Kosmos enfrentou o desafio da Covid-19. Em agosto ele conversou com a equipe do JdeB e contou os detalhes dessa luta, vencida ainda no mês de julho.
Gradualmente a porcentagem de oxigênio começou a diminuir no sangue do prefeito de Palmas, Kosmos Panayotis Nicolaou, de 64 anos. Na quarta-feira, dia 13 de julho, ele havia testado positivo para Covid-19 e, na sexta-feira, dia 15, sua esposa. Começou como a maioria dos casos que conhecia: dores de cabeça junto de um quadro febril. Como médico, entendia os efeitos da doença e sua possível evolução, por isso adquiriu um oxímetro, aparelho que mede a quantidade de oxigênio no sangue e que é conectado à ponta dos dedos, como um clipe. Está tudo bem quando a saturação é maior que 95. Mas de 90, a de Kosmos foi para 80. E por isso decidiu se internar cinco dias após o diagnóstico positivo.
Kosmos nunca teve graves problemas de saúde. Mas cerca de 45 dias antes, enquanto tomava mate em casa às 6h45, sentiu uma forte dor no peito. Foi ao posto de saúde. Queria ver também como andava o atendimento no município. Tinha entre três e quatro médicos e logo foi submetido a um eletrocardiograma e outros exames.
Devido à forte dor, os médicos lhe aplicaram o protocolo para infarto. Do posto foi para a Policlínica e precisou internar. Mas foi questão de um dia para voltar para casa. Só no início de julho é que retornou para fazer uma tomografia de tórax. E algo, em Kosmos, diz que nesse retorno é que se contaminou com o coronavírus Sars-coV-2.
A internação
Era um dia ensolarado de inverno quando a ambulância chegou na casa e Kosmos para o internar devido à Codid-19. Dentro dela, na maca, o prefeito estendeu o olhar para a janela, de onde podia ver sua esposa na outra janela, a da casa.
– O que você está olhando? – perguntou o enfermeiro que o acompanhava.
– Minha esposa. É que pode ser a última vez.
Kosmos foi levado ao hospital do município, mas como dois dos três filhos, que também são médicos, moram em Beltrão, ele pediu transferência para a Policlína São Vicente de Paula.
Sua esposa optou por internar-se também. Entenderam ser melhor para o casal permanecer junto, já que ambos estavam com a Covid. Foram direcionados aos leitos de semi-UTI. Era uma terça-feira e Kosmo chegou com 30% do pulmão comprometido. Em pouco tempo, já era 50% e a equipe médica precisou reverter a situação. No domingo, cinco dias depois, o casal precisou se separar de novo. É que Kosmos precisou ir para a UTI.
Na UTI
“A sensação para quem vai pra UTI entubado, é uma coisa. Quem vai acordado, já começa a pensar coisa ruim”, conta Kosmos. “Me colocaram uma ventilação não invasiva (VNI), que é uma máscara. Você fica com aquilo oito horas, tira uma hora, e fica mais seis horas. É bem complicado. Eu achei que ia morrer”, contou ao JdeB.
Na UTI, Kosmos viu pessoas perderem mais de dez quilos devido ao tempo de internação. Seu próprio estado, que ora evoluía e ora decaía, também foi motivo para repensar.
“Nos 12, 13 dias em que fiquei internado tive tempo de fazer uma reflexão e que acho que foi importante para mim. Porque a gente nunca tem tempo para nada. Então falei com Deus e hoje carrego comigo a gratidão.”
Após a recuperação, Kosmos, o primeiro prefeito da região a pegar e testar positivo para Covid, pode reencontrar a esposa. Devido ao seu quadro ter sido grave, manteve fisioterapia nos dias seguintes, além de ter ficado alguns dias com a voz rouca, consequência da doença.
“Eu vi que voltei mais sensível. Sempre fui emotivo, mas voltei mais emotivo”, conta. “Tem horas que vou contar para algum amigo e eu choro. Mas a palavra que mais vem na minha boca é gratidão. E isso todo homem deveria ter na boca. É que Deus me devolveu a vida.”