Viveiristas de mudas admitem que o reflorestamento tem perdido áreas para a soja, mas acreditam que plantar árvores continua sendo um investimento de futuro.

Na próxima segunda-feira, 21 de setembro, comemora-se o Dia da Árvore. O plantio de mudas, que já foi iniciado nesta saída de inverno, será intensificado. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Francisco Beltrão vai distribuir mudas nos dois poupatempos, no Calçadão e em sua sede; várias entidades e empresas também programam entrega de mudas para associados e funcionários. Apesar da pouca chuva deste mês até agora, a perspectiva de plantio é boa.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Adriano David, informa que somente de araucárias o viveiro municipal de Francisco Beltrão produziu este ano 12 mil mudas, que foram doadas à população da cidade e do interior, junto com mudas de outras cerca de 40 espécies nativas. Para o Dia da Árvore, ele diz aos beltronenses: “Plantem árvores e não derrubem; quem fabrica a água são as árvores, nascentes de água protegidas por árvores aumentam sua produtividade”.
Pessoal de fora
O que se vê, nesse período, é gente de fora vendendo mudas na cidade. Desde grevilhas, a R$ 10, até jabuticabas, ainda pequenas mas já produzindo, a R$ 120 por muda. Nossa região não é autossuficiente na produção de mudas?
A defasagem maior parece estar nas frutíferas. O viveiro de maior destaque, na região, é o Daneluz, de São Jorge D’Oeste. Vende também em outras regiões frutíferas, ornamentais e flores. As mudas mais procuradas são as cítricas –– laranjeiras, bergamoteiras, limas, limões – segundo informa a funcionária Sandra Kratz Bonetti. Depois vêm as “lisas” (sem espinhos), como pêssego, ameixa, uva. Também produz mudas de essências nativas.
“Agora que choveu, o movimento está super bom”, completa Sandra.
Linha comercial reduziu plantio
O Viveiro de Mudas Daleffe, de Francisco Beltrão (Jardim Seminário), produz mudas de fim comercial, como pinus, eucalipto, erva-mate e araucária. Segundo a engenheira ambiental Ediane Cristina Daleffe, a produção de mudas, que chegou a 2,5 milhões por ano (vendia até em São Paulo), hoje fica em 40 ou 50 mil, e somente por encomenda.
Por que baixou tanto? Ediane relaciona: dificuldade de mão de obra (além da produção, o viveiro também plantava as mudas) e concorrência com outros produtos. O bom preço da soja está fazendo a soja roubar áreas que poderiam ser de reflorestamento. “O valor da madeira também caiu bastante, mas nossa região sempre vai precisar de madeira e o plantio está menor mas continua, num ano como este que não deu geada estão plantando o ano todo.”
Bom negócio
Eveli Martinhago Carvalho, médica veterinária que tem mais de 20 anos de experiência na produção de mudas em Francisco Beltrão, acredita que, mesmo com o bom preço da soja, é bom negócio plantar árvores para fins comerciais. Ela cita principalmente o pinus eliotti, que em breve deverá ter uma indústria de resina em Francisco Beltrão. Ainda enquanto a árvore está engrossando, já vai ter faturamento com a venda da resina.
Eveli está desativando sua empresa, o viveiro de mudas Jacarandá. Segundo ela, é por motivos familiares. O marido (Wilson Carvalho) já está trabalhando direto em Curitiba, o filho estuda lá, e ela, que está se aposentando, vai pra lá. Não fosse isso, continuaria com seu viveiro. Ela diz que, hoje, tudo que produz de mudas, vende. “O pessoal está cortando árvores, mas tem que pensar olhando pra frente e diversificar, quem tiver árvores vai fazer dinheiro”, prevê Eveli.

segunda-feira.
O perigo de receber sementes pelos Correios
Da assessoria – Após informações que circularam pela mídia sobre americanos, europeus e recentemente brasileiros que receberam pelos Correios pacotes de sementes não solicitadas, o Ministério da Agricultura (Mapa) e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), alertam os cidadãos para que tenham cuidado e não abram encomendas deste tipo que cheguem em suas residências.
Essas sementes estão sendo endereçadas a cidadãos comuns, como se fossem brindes e em alguns casos, o conteúdo dos pacotes é declarado como joias ou bijuterias, e as embalagens possuem identificação, supostamente, com caracteres de países orientais, porém, não é possível comprovar ainda, a verdadeira origem dos materiais.
Segundo Paulo Marques, coordenador estadual do Programa de Vigilância e Prevenção de pragas da fruticultura da Adapar, o envio de material propagativo vegetal, nestas condições, é proibido pela legislação brasileira. Isso porque a importação de vegetais sem autorização e os cuidados devidos, pode facilitar a entrada de pragas ou doenças que não existem ou estão erradicadas no Brasil e causar grandes prejuízos econômicos para a agricultura nacional.
Ressalta-se que qualquer material de multiplicação vegetal, sejam sementes ou mudas, deve ter autorização do Mapa. Em alguns casos, o produto deve ser submetido a um processo de quarentena para que sejam cumpridas questões de biossegurança, conforme legislação vigente.
Paulo Marques ressalta ainda que é importante que as embalagens originais sejam preservadas para facilitar a investigação e responsabilização de quem envia e que o material não venha a ser manipulado pelas pessoas. “Não abrir, não semear e não jogar no lixo, pois estas sementes clandestinas, apesar de parecerem inofensivas a olho nú, podem estar contaminadas e, além de oferecer riscos à saúde, uma vez que não é possível saber se houve algum tratamento químico ou biológico no material, também podem vir a causar grandes problemas fitossanitários para o Brasil pela introdução e disseminação de pragas”.
A orientação é para que, caso não tenha feito compra on-line ou não reconheça o remetente, leve o pacote para uma das unidades regionais da Adapar, que é o órgão oficial responsável pela Defesa Agropecuária no Paraná, ou entre em contato por telefone. Os materiais recolhidos serão registrados e encaminhados ao Mapa, a quem caberá fazer análises laboratoriais. Em Beltrão, a unidade da Adapar fica na Rua Tenente Camargo, 1312, Bairro Presidente Kennedy, fone 3905-3300.