4º Jantar Italiano comemorou os 55 anos do município e lembrou três pioneiros.
A cada ano, Renascença comemora seu aniversário relembrando pioneiros que fizeram parte da sua história. São pessoas que marcaram o município e que, de alguma forma, contribuíram na sua formação e são homenageados durante o Jantar Italiano de aniversário, que em 2016 chegou a sua 4ª edição no dia 19 de novembro, com a presença do músico Délcio Tavares e participação de 800 pessoas.
Segundo a secretária municipal de Educação, Ana Maria Zanini, para cada celebração dessas, o município escolhe um tema para as homenagens e, neste ano, os homenageados são do setor agropecuário: Sebastião Leones Lopes, Avelino Tombini Parizzotto e Jauri Ferreira dos Anjos.
Sebastião tem 68 anos e é natural de Renascença. Nasceu em 6 de dezembro de 1948 na Linha Poço Preto, onde reside até hoje. Ana Maria explica a homenagem: “A família Lopes foi a família que iniciou a produção de animais, ainda com a tradição dos porcos na safra, os porcos soltos”.
Sebastião conta que aquele era o tempo das tropeadas, que eles conduziam os porcos do interior de Renascença – tudo a cavalo – até Manfrinópolis. Lá, os animais ficavam até engordarem, para depois serem conduzidos até Pato Branco para a venda. Era época de passar por dificuldades, comer mal, dormir de qualquer jeito e enfrentar invernos rigorosos sem agasalhos adequados, sem calçados. Sempre uma luta.
Depois de anos nas tropeadas, Sebastião e sua família mudaram de ramo, encaminharam-se para a lavoura e foram melhorando suas condições, superando as dificuldades.
Avelino, por sua vez, é natural de Soledade, distrito de Espumoso, no Rio Grande do Sul. Nascido em 21 de agosto de 1930, tem 86 anos e vive em Renascença desde 1958. De acordo com Ana, ele foi lembrado por ser o primeiro agricultor a mecanizar a produção.
Quando chegou em Renascença, Avelino não trabalhava com a agricultura – ele tinha uma churrascaria. Com o tempo, deixou o estabelecimento para familiares e seguiu com uma serraria. Por 26 anos trabalhou com madeira, mas, em 1968 ainda, iniciou uma lavoura paralela com o trabalho na serraria.
Foi assim que conseguiu o valor para mecanizar sua produção. Já nos primeiros anos adquiriu tratores, uma colheitadeira ensacadeira e um caminhão – e não os usava só para benefício próprio, também ajudou nas lavouras de vizinhos e amigos em Renascença.
Segundo Avelino, a maior dificuldade para a época era conseguir financiamentos e linhas de crédito. Por isso, para seu projeto arrojado de mecanizar a produção, precisou buscar ajuda financeira com outras famílias e conseguiu o apoio incondicional de muitos amigos. Com esse auxílio e o trabalho árduo e sério, o projeto foi adiante.
Jauri Ferreira dos Anjos é natural de Renascença, da Linha Barrinha. Nasceu em 6 de dezembro de 1958 e até hoje vive na comunidade em que nasceu – e que ganhou o nome por causa de sua família: “Foram eles que deram o nome para a Linha Barrinha, porque moravam na beira de um rio pequeno”, conta Ana Maria.
O pai de Jauri, João Ferreira dos Anjos, foi o primeiro agricultor a plantar trigo em Renascença. “Antes havia só feijão, arroz e milho pra subsistência. Aí ele apareceu com sementes de trigo e começou essa produção”, revela a secretária.
Jauri e seus irmãos acompanhavam o pai no cultivo desde pequenos e aprenderam o ofício de produzir o grão. Toda a produção era manual e em regime de agricultura familiar. Até hoje, Jauri mantém a profissão do pai, mas herdou da família também o dom musical. Muitos de seus familiares eram músicos e Jauri seguiu nesse caminho. Aprendeu a tocar violão por volta dos 15 anos, aos 18 já tocava em bandas e chegou a gravar um LP.
Hoje ele trabalha na terra e continua na música – participa de festivais como cantor e jurado, canta na igreja, anima casamentos, canta com a família e faz parte do grupo de viola de Renascença.