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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Suicídio e jornalismo: Conciliar o dever de informar e não provocar danos

Uma boa reportagem pode reverter o contágio.

As pessoas podem se beneficiar com a cobertura jornalística, de acordo com o enfoque abordado.

Muitos veículos optam por não divulgar suicídios, crendo que isso possa estimular pessoas com ideação suicida. Por outro lado, há alguns que divulgam o método e até fotos da pessoa que morreu. Diante do impasse de conciliar o dever de informar e não provocar danos, foi desenvolvida a cartilha “Comportamento Suicida: conhecer para prevenir”, uma orientação para profissionais de imprensa, que faz parte de uma campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Asociación Psiquiátrica de América Latina (Apal).

Dependendo do foco da reportagem, pode haver um aumento do número de autoextermínio, mas também pode haver o inverso, ou seja, o jornalismo bem-feito pode ajudar pessoas que se encontram em risco de suicídio ou mesmo enlutadas pela perda de um ente querido que pôs fim à vida. Falar sobre casos de superação pode ajudar a prevenir.

Segundo a cartilha, antes de iniciar a matéria, o profissional deve se questionar: “Por que divulgar? É relevante? Que tipo de impacto a reportagem poderá ter?” Ao elaborar a matéria, o ideal é colocar-se no lugar do outro, que pode ser os sobreviventes do suicídio ou pessoas vulneráveis.

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Divulgar para prevenir
O suicídio está associado a vários fatores de risco, principalmente em caso de doenças mentais. Os transtornos mentais mais comuns associados ao suicídio são depressão, transtorno bipolar do humor, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas. O índice é ainda maior quando há associação de dois fatores, como depressão e alcoolismo. Atenção também para as tentativas de suicídio, que algumas vezes são ignoradas, mas na verdade a tentativa prévia é um dos fatores preditivos.

De acordo com o material divulgado à imprensa, é importante destacar que não se deve “simplificar” o suicídio, ligando-o a uma causa única. Cautela com depoimento de primeira hora. Perguntas a serem feitas aos familiares: “A pessoa falecida já havia feito tratamento na área de saúde mental? Passava por problemas devido à depressão, abuso de álcool ou drogas?” Importante inserir na reportagem informações sobre o transtorno mental, caso ele seja identificado, apresentando possibilidades de tratamento e endereços de onde é possível encontrar ajuda. É preciso considerar que as pessoas podem se beneficiar com a cobertura jornalística.

Quando o suicídio for notícia, sugere-se uma reportagem discreta, cuidadosa com parentes e amigos e enlutados, sem detalhar o método suicida ou divulgar fotos. Aproveitar a oportunidade para conscientizar sobre a prevenção do suicídio, enfatizar os avanços no tratamento dos transtornos mentais e entrevistar profissionais da saúde mental. Mais informações em www.setembroamarelo.com

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