No projeto original, dinheiro seria destinado para a construção de uma trincheira, asfalto e ampliação do Pró-Vida. Câmara mudou o projeto para investimentos no hospital e em creches.
Na noite de segunda-feira, 1º, o plenário da Câmara de Vereadores de Dois Vizinhos ficou lotado para mais uma sessão ordinária. Entre os assuntos discutidos, o principal foi a votação do veto dado pelo prefeito Raul Isotton (PMDB) ao projeto de lei 24/2015 que sofreu alterações no Executivo. Originalmente, o projeto autorizava o prefeito a contratar operação de crédito de R$ 8,5 milhões com a Agência Fomento do Paraná.
Desse total, R$ 2 milhões seriam destinados para a construção de uma trincheira no cruzamento na Avenida Rio Grande do Sul com Mário de Barros (próximo à delegacia), R$ 2 milhões para ampliação do Hospital Pró-Vida, R$ 4 milhões para recuperação de asfalto no centro e nos bairros e construção de calçamento em algumas ruas, e outros R$ 500 mil para implantação de ciclovia e academias ao ar livre. No Legislativo, as emendas mudaram a destinação do dinheiro: R$ 4,5 milhões para ampliações no Pró-Vida e R$ 4 milhões para construção de creches.
Com o veto derrubado, o prefeito tem 15 dias para promulgar a lei e, caso não faça, o projeto volta ao Legislativo, que poderá sancioná-lo. “Adotamos o diálogo franco e aberto com os nossos colegas vereadores e a comunidade para deixarmos de lado as diferenças políticas partidárias, para atendermos as prioridades. Buscamos argumentos para criar a emenda priorizando a saúde e a educação através de pesquisa popular. Foram mais de 80% dos votos nestes dois itens. Não somos contra as demais obras, apenas estamos votando e priorizando os anseios da população”, explica o presidente da Câmara, Gelson Lindner (PMDB).
Opinião da administração
O prefeito Raul ressalta que o veto dos vereadores está em análise. “Eu vejo que o que aconteceu quanto à emenda foi um afronta contra a administração. Em momento algum estamos querendo deixar de fortalecer a saúde ou ampliar as vagas nas creches”, avalia.
Raul destaca que, em conversas com os secretários estaduais Ratinho Júnior (Desenvolvimento Urbano) e Michele Caputto Neto (Saúde), antes de elaborar o projeto, eles sinalizaram que poderiam liberar recursos para a trincheira, num primeiro momento e, durante o ano, conforme as receitas, para o asfalto e a saúde. “Já temos um centro cirúrgico no Pró-Vida e, com os recursos, conseguiríamos dobrar o número de leitos. O recurso foi sinalizado para descentralizar os atendimentos que são feitos hoje em Francisco Beltrão. Estamos construindo a UPA, com recursos federais, que vai atender pacientes em observação. Reformamos as unidades de saúde nos bairros e a temos a nova Secretaria de Saúde em construção, em investimentos superiores a R$ 6 milhões”, explica o prefeito.
Para creches, o prefeito acrescentou que já tem empenhado, em Brasília, R$ 1,5 milhão para a construção de uma supercreche em um terreno que está sendo doado pela BRF. “Com recursos próprios, estamos ampliando as creches do São Francisco Xavier e temos projetos para a creche da Santa Luzia, Jardim da Colina e da Nona Luíza, no bairro da Luz. Isso abriria cerca de 600 vagas e levantamentos apontam que temos um deficit de 800 vagas. Por que eu financiaria um dinheiro para construção de creches se a gente vai ganhar estruturas do governo federal? Eu não vou buscar recursos livres para projetos que só falta a liberação do governo federal. É questão de fazer contas”, completa Raul Isotton.
Ele tratou a derrubada do veto como um jogo. “Isso inviabiliza investimentos. Os vereadores direcionaram para que não conseguíssemos concluir obras importantíssimas. Pedimos financiamentos para obras que o governo sinalizou que eram possíveis. A trincheira, quando for concluída a Avenida das Torres, será superimportante. Também melhoraríamos o asfalto em vias estruturantes que ligam o centro aos bairros e a questão da mobilidade urbana com ciclovias.”
Vendas de lotes urbanos
O prefeito encaminhou, na última sexta-feira, 29, um projeto de lei solicitando a autorização para a venda de terrenos do município. O recurso arrecadado seria destinado à ampliação do Hospital Pró-Vida. “Temos aproximadamente 500 imóveis e vários terrenos extras. Colocamos a disposição de um leilão os terrenos que estão em bairros que já contam com estrutura de posto de saúde, escolas, creche e não precisam de outras obras estruturais da Prefeitura. Esse projeto deveria ter entrado para discussão na segunda-feira, mas já foi para votação. Eu considerei precipitada essa decisão. Respeito a Câmara, já fui vereador e conheço os trâmites”, conclui Raul. *Com informações da assessoria.
