
A Expedição Rio Chopim, liderada pelo Instituto Guardiões dos Rios, presidido por Edison Pin, está em sua 11ª etapa, chegando na Cachoeira da Alemoa, em Coronel Vivida. O projeto visa redesenhar a realidade do Rio Chopim e seus afluentes, que se estende de Palmas até Cruzeiro do Iguaçu, buscando não apenas um diagnóstico, mas também propor ações práticas para sua revitalização.
Edison ressalta a importância da expedição como um “registro temporal e histórico”, fundamental para a “redescoberta do Rio Chopim”. A jornada, que começou na nascente, na fazenda Santa Rita, em Palmas, percorrendo os caminhos do rio no Sudoeste, revela um cenário complexo e preocupante sobre a saúde de seu ecossistema.
Os desafios do rio: agrotóxicos e lixo urbano
A expedição tem dividido o Rio Chopim em Alto, Médio e Baixo Rio, cada qual com características geológicas, florestais e humanas distintas. Embora a região de Palmas, com seu perfil de pampa e gramíneas nativas, não apresente um quadro de degradação acentuado, a questão dos agrotóxicos é uma preocupação, com pesquisas científicas comprovando a poluição.
No entanto, Edison enfatiza que a maior ameaça atual vem do lixo urbano. “Os poluidores líquidos e sólidos da natureza não são só de atribuição dos agricultores, pequenos ou grandes, é também, e mais gravemente, do lixo urbano”, alerta. O desmatamento se agrava nas regiões de Clevelândia, Pato Branco e, principalmente, no Baixo Rio Chopim, resultando em erosão, assoreamento e, consequentemente, na diminuição da profundidade e volume do rio.
O arquiteto e urbanista Fernando de Godoy, um dos membros da expedição, contribui na análise, destacando que a água marrom e barrenta do rio após as chuvas é um sinal alarmante. Ele também aponta a responsabilidade do Estado em sua inação, que não atualiza as leis ambientais, engessadas e longe da realidade social moderna, em que o homem precisa estar em equilíbrio com a natureza, utilizando seus recursos de maneira sustentável.
Rumo à ação: um legado de alerta e projetos ambientais
A principal entrega do Instituto Guardiões dos Rios pretende legar à sociedade um alerta urgente sobre a poluição da água, “o alimento fundamental para o ser humano”. O Instituto busca preencher uma lacuna ambiental, funcionando como uma ponte entre projetos e fontes de recursos, como autarquias públicas,como a Itaipu, empresas do setor privado e esferas governamentais.
O objetivo é captar recursos para proteção ambiental, reflorestamento, limpeza de rios e análises bioquímicas, que são cruciais para compreender a qualidade da água, não apenas seu volume. “A realidade das águas não é só a redução do volume, mas é a qualidade da água que nós estamos falando”, afirma Edison.
Fernando de Godoy complementa, ressaltando que o rio, que antes era navegável e serviu como caminho para colonos e exploradores, hoje sofre com o crescimento desordenado das cidades ribeirinhas e assoreamento de seu leito. “A falta de saneamento básico e o descarte inconsciente de esgoto e resíduos industriais nos afluentes impactam diretamente o Rio Chopim, poluição gerada pelo próprio ser humano.”
Potencial turístico do Rio Chopim merece investimentos
A visão do Instituto vai além do diagnóstico: busca-se conscientizar a sociedade ribeirinha e as comunidades sobre a importância da preservação. Um dos focos é o potencial turístico dos locais banhados pelo rio, como a Cachoeira da Alemão. A ideia é incentivar projetos que aliem a conservação ambiental ao turismo sustentável, com a infraestrutura necessária para receber visitantes.
O grande objetivo dos Guardiões dos Rios é transformar a bacia do Rio Chopim em um projeto de nível nacional, garantindo governança e políticas educacionais que resultem em uma infraestrutura adequada para o turismo e, principalmente, a proteção do recurso hídrico.
“Toda essa busca pelo conhecimento é o que a gente está proporcionando para a população”, conclui Godoy, reforçando o compromisso do Instituto em promover a consciência ambiental e a preservação.