Ele começou a trabalhar de motorista juntamente com um tio.

Por Luana Borba – Filho de agricultores de São Bernardino (SC), André Benedet sempre teve o sonho de viajar. Seu pai tinha um pequeno caminhão, mas foi com o tio caminhoneiro que André conseguiu realizar seu sonho. “Quando comecei viajar eu devia ter uns 23 anos. Fui com meu tio que tinha um caminhão grande e viajava longe. E eu queria viajar longe!”, relembra.
Durante dois anos André trabalhou para seu tio no transporte de madeira beneficiada. Após este período, com a ajuda do pai, adquiriu o próprio caminhão. No início chegou a ficar um ano sem voltar para casa. “Puxei madeira, caroço de algodão, milho, Eternit, tijolo e tudo que aparecesse e que eu visse que valia a pena. Antigamente corria atrás de frete. Quando saía de casa sabia que ia até tal lugar, e de lá já não sabia pra onde ia”.
Quase todo o País
O caminhoneiro conta que nestes 28 anos de profissão já viajou por quase todo o Brasil e que o que mais chama sua atenção nas viagens são as paisagens. “A gente vê tanto lugar bonito. É pena que não dá tempo de parar para aproveitar, mas fico impressionado com tantos lugares lindos que a gente passa. É de ficar perplexo de tanta beleza. Daí a gente vê quanto Deus é generoso”.
Falta de estrutura
André conta que adora sua profissão, mas que algumas questões o entristecem, a principal é a falta de investimento do poder público na manutenção das rodovias nacionais.
“O caminhão é uma máquina, por isso nunca sabemos se ele vai dar um problema. Quando a gente está perto de recurso é fácil, se é coisa que a gente consegue arrumar também. Mas nossas estradas não têm acostamento, não tem lugar adequado pra você ficar nesses casos. Tem lugar que você fica em cima da pista e é perigoso. Nisso o nosso país, com a riqueza que tem, deixa muito a desejar. Não sei o que os governantes pensam, mas se melhorassem a infraestrutura, daria menos manutenção, menos acidentes e ia baixar o custo do transporte”, pondera.
Pisando no freio
Com quase 30 anos de profissão, André não pensa em parar, mas a vontade de estar na sua casa em Campo Erê com a esposa e o filho de 14 anos o fizeram diminuir o ritmo das viagens.
Atualmente o caminhoneiro trabalha na Transcooper e consegue ficar com a família mais vezes por mês.
“Eu pensava que ia me aposentar, mas vou continuar trabalhando. Não pretendo parar tão cedo. E quero ver se meu piá vem comigo, o sonho dele é ter um caminhão. É o sonho dele, mas eu não queria. Queria que ele construísse uma família e toda noite estivesse em casa, como eu não pude estar. Mas gosto é gosto, né. Não posso escolher, mas fico feliz porque vejo que ele reconhece meu trabalho”.