Ele trabalha na Áustria e na Suíça transportando concreto.

Por Alexandre Bággio – Natural de Planalto, Jorge Aloísio Both viveu grande parte da sua infância em Pérola D’Oeste. Ainda jovem, com 19 anos, ele saiu do Paraná para o Paraguai e com 21 anos, em 1990, foi para a Áustria tentar a vida na Europa. “Voltei só para visitar a família e os amigos no Brasil, construí minha vida aqui. Eu nunca esqueci de onde saí, tenho que voltar sempre visitar as pessoas que eu gosto”, resume.
Há 15 anos, ele iniciou sua carreira de caminhoneiro na Áustria e na Suíça. “Eu sou caminhoneiro há 14 anos. Os primeiros anos que fui para Áustria, trabalhei em laticínios, queijos, selaria e fui tentando subir na carreira para tentar ganhar dinheiro para mudar de vida, ajudar os pais e irmãos daqui, até que descobri Liechtenstein, um pequeno país na Europa que tem 36 mil habitantes e, em 20 minutos, você passa de carro pelo país. Agora, depois de 9 anos e meio morando em Liechtenstein, me mudei para a Suíça, onde trabalho como caminhoneiro transportando concreto”, explicou. Ele conserva vários amigos no Brasil, inclusive, em Dois Vizinhos, cidade que sempre visita quando está passando férias no país. Por WhatsApp, Jorge envia vários vídeos com paisagens de tirar o fôlego das estradas que trafega durante sua jornada de trabalho.
Após tantos anos morando na Áustria, Jorge agora encontra um pouco de dificuldades de se expressar em português e tem sotaque ‘carregado’. Ele casou com uma austríaca e tem dois filhos já adultos. No continente europeu, Jorge transita rapidamente entre diversos países para fazer seus fretes devido à pouca distância entre os países. “Muitas das estradas aqui são muito estreitas. Tem estrada que não passam dois caminhões. Na Suíça, inclusive, as casas são construídas na beira da rodovia e, por isso, tem que ter o cuidado máximo pra trabalhar aqui”, completa.

É muito diferente?
Dentre as diferenças de ser caminhoneiro no Brasil e na Europa, a principal delas é de que lá não existem caminhões bitrens. “Lá tem a carreta simples com cavalinho de até quatro eixos. O peso máximo da Suíça e de Liechtenstein é de 40 mil quilos e se passar o peso, paga. Não tem como carregar muito mais porque é tudo controlado”, diz.
Ele ressalta que o momento não é de pleno emprego, entretanto, sempre ouve que faltam profissionais para dirigir caminhões por lá. “Eu ainda escuto que ainda há falta de mão de obra, tem uma firma aqui perto de casa que está trazendo um brasileiro, de Santa Catarina. O caminhoneiro sempre é procurado aqui na Europa, mas no momento caiu bastante o trabalho, principalmente na Áustria. Eu trabalho na Suíça, que está um pouco melhor”, resumiu.
Há oportunidade de trabalho na Europa
Ele comenta, no entanto, que para quem tiver a chance de obter uma licença, há muitas oportunidades de trabalho no setor na Europa. “Se algum brasileiro tiver a chance e for um caminhoneiro bom, pode tentar a vida aqui. Para tirar a licença daqui para lá, não é nada fácil. Tem muito brasileiro por aqui que tem a possibilidade de ir porque tem os avós que são de lá e podem juntar os documentos e ir para lá trabalhar porque há muita falta de caminhoneiros na Suíça, Áustria, Alemanha”, destacou. Sobre valores, um caminhoneiro pode fazer na Europa cerca de 100 euros por hora.
Por ter saído muito cedo da região Sudoeste, com apenas 19 anos, ele tem um sonho de dirigir no Brasil também. “No Brasil eu nunca peguei um caminhão. Minha vontade é de vir para cá para passar uma temporada, pegar um caminhão e atravessar o Brasil.”