Seu pioneiro, Dr. Sílvio Vidal, é nome de rua em Pato Branco.

Por Erlindo Rosa – É possível que alguns novos moradores de Pato Branco, hoje na casa de seus quase cem mil habitantes, ao transitarem pela área central e depararem-se com as placas que sinalizam “Rua Dr. Sílvio Vidal”, não fazem a menor ideia, em um primeiro momento, o que representou e quem foi este cidadão no contexto histórico de nossa cidade.
Sílvio Vidal foi um reconhecido médico, formado pela Universidade do Rio de Janeiro. Cirurgião e obstetra, sabe-se lá como e por que, pelo decorrer do ano de 1947, decidiu mudar-se para um pequeno aglomerado de casas, no distante e pouco conhecido Sudoeste do Paraná, quando Pato Branco se chamava ainda Vila Nova, quase seis anos antes de sua emancipação político-administrativa, ocorrida em dezembro de 1952.
Segundo pesquisas, Silvio Vidal chegou à Vila Nova da época, pelo decorrer de 1947. Como novo morador, foi hóspede do Hotel Paraná, da família Andreatta, tendo na sequência ido morar no próprio hospital. O lançamento da pedra fundamental da primeira casa hospitalar da região ocorreu no dia 16 de março de 1947, no atual bairro São Vicente, Rua Waldemar Viganó, próximo à esquina com a Antonina.
No retorno da festa, no caminhão de bebidas, estava, dentre outras pessoas, a família de Pedro e Maria Flessak. Pequeno córrego cortava a atual Av. Tupi, esquina com Jaciretã. Em função da chuva, a rua mostrava-se escorregadia, com isso o caminhão conduzido pelo primo Theodoro Flessak derrapou e tombou. Seu Pedro ficou embaixo do veículo e morreu no local. Estavam na carroceria os oito filhos do casal.
Tempos depois, por volta dos anos 50, a referida casa hospitalar foi transformada em Associação de Beneficência Médico Hospitalar, sendo Silvio Vidal seu único proprietário. Por ocasião de sua inauguração oficial, em 5 de maio, no mesmo local onde se encontra hoje todo o complexo São Lucas, ocorreu um fato marcante, sob o ponto de vista político, a presença de Tancredo Neves, amigo de Sílvio, quando esse estudava e residia no Rio de Janeiro.
Mais tarde, Sílvio mudou-se para Paranavaí, noroeste do Estado, sua cidade natal. Retornou a Pato Branco, como convidado especial por ocasião da inauguração do Hospital São Lucas, no ano de 1961.
Com a saída de Sílvio, assumiu a Associação, o médico gaúcho Natalício Fischer, que residiu em nossa cidade até meados de 1958, período que ficou marcado pelo grande desenvolvimento regional. Muitos novos moradores oriundos do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina chegavam com seus pertences, quase que, diariamente, improvisando suas novas moradas e demarcando suas áreas de terra. Com o tempo, surgiram outras casas hospitalares como Hospital São José e Dr. Graeff Natalício, porém, dado o excesso de trabalho, procurou ampliar o quadro clínico, contactando com o médico João Juglair Júnior, que há cinco meses atuava na vizinha São Lourenço do Oeste (SC).
João Juglair tratava-se de um médico referenciado, com residência em cirurgia, no Nossa Senhora das Graças de Curitiba, onde atuou também como médico assistente do renomado professor da época Basilio Vicente de Castro da PUC/Curitiba.
Dr. João, como se tornou conhecido, tratava-se de um cidadão de visão, empreendedor e grande líder político e comunitário. Procurou, de imediato, ampliar e melhorar as condições da Associação, tendo encontrado, entretanto, certa resistência por parte do colega Natalício, que, um tanto cansado, mudou-se para Curitiba. Juglair, aproveitou-se da deixa e da estrutura existente. Procedeu radical transformação, criando, dessa forma, o atual e hoje majestoso São Lucas, inaugurado oficialmente em julho de 1961. A construção na época foi confiada à empresa construtora do sr. Dante Chemin.
Conta Suzana Gazzoni Bodanese, esposa de Rudi, que seu nascimento em 30 de julho teria sido um dos primeiros atendimentos obstétricos do novo hospital. Os pais Luiz e Dinolga descreviam que havia um estímulo por parte da direção da clínica, se eventualmente o primeiro bebê fosse um menino e o nome escolhido Lucas, os serviços médicos/hospitalares não seriam cobrados. No ano seguinte, 1962, o São Lucas já praticava cirurgias torácicas e secreções parciais de esôfago.
A vida, no entanto, tem lá suas passagens e tropeços. No decorrer de 1991, João Juglair sofreu acidente automobilístico de proporções, e decidiu repassar, em julho desse mesmo ano, o comando da clínica aos filhos: Raul, Rosana e Rubens. Com o trágico passamento de Raul, em fevereiro de 93, a casa hospitalar passou a ser administrada pela filha Rosana. Em 1999. Após estudos de uma assessoria administrativa, o complexo foi negociado. Uma equipe de médicos adquiriu a clínica, que passou, então, a ser administrada por um conselho de sócios-proprietários.
A partir daí o crescimento tornou-se uma constante, e o reconhecimento, tanto por parte da população como das autoridades na área da Saúde, nas mais diferentes esferas, foi uma realidade única e cristalina. Recebeu o título de Hospital Amigo da Criança. Iniciou atendimento a gestações de alto risco, UTI – Neonatal, alta complexidade neurológica, criação do Instituto de Saúde São Lucas e, recentemente, um dos passos mais importantes de toda sua trajetória, a parceria com o curso de medicina da Unidep (Universidade de Pato Branco).
Faz parte, atualmente, o complexo hospitalar São Lucas, nessa sua longa caminhada de quase oito décadas, não apenas da história médica/hospitalar de Pato Branco, mas sim, do Sudoeste e, quem sabe, do Paraná, momento em que seus diretores ajustam os últimos detalhes para início das obras da nova Maternidade São Lucas, a ser construída no bairro São Luiz, proximidades do PB Shopping.
É de Palmas o hospital mais antigo do Sudoeste
O Santa Margarida não foi, entretanto, o primeiro hospital do Sudoeste. Na cidade de Palmas a pedra fundamental do Hospital de Caridade foi lançada em 11 de abril de 1936. O primeiro médico, Bernardo Ribeiro Vianna, foi por duas legislaturas prefeito do município (1935-1938 e 1948-1951). Na vila Marrecas, Dr.Rubens Martins teria se estabelecido por volta de 1948, antes disso, Dr. Suplicy, esteve na região, por curto espaço de tempo.