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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

“Uma nuvem que vinha, e já tirava a rádio do ar”, lembra Valdir, sobre os primeiros tempos de Educadora em DV

Numa entrevista em 6 de outubro de 2016, Valdir Pagnoncelli conta sobre os primeiros passos da Rádio Educadora em Dois Vizinhos. Confira.

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Em outubro de 2015, no Clube Sete de Setembro, Valdir Luiz Pagnoncelli e Jaime Jacir Guzzo erguem seus respectivos quadros com a homenagem de cidadãos honorários de Dois Vizinhos. Ao centro, o então vereador Carlinhos Turatto, hoje prefeito do município.

Quando é que pela primeira vez o Valdir Pagnocelli colocou na cabeça: “Opa, vou ser um homem da rádio! ” Tem algum fato que lhe lembra isso?

Isso foi em 1973/1974. No dia 29 de setembro de 1974/75 saiu na Voz no Brasil, na Rádio Guaíba, quando comércio Pagnocelli pegou fogo, em 29 de setembro de 1975, eu dava aula no Ginásio Estadual de Dois Vizinhos.

Aquele dia que pegou fogo na casa do Coletti?

Isso. E daí não tinha aula. Dentro d’um corcel estava ouvindo a Voz do Brasil e saiu a concessão pra rádio Educadora de Dois Vizinhos e eu era professor e secretário-geral da Prefeitura no tempo da gestão do Coletti. A concessão tem validade de dois anos. Quinze dias antes de caducar a concessão, eu era secretário, o pessoal da rádio que ganhou a concessão me chamou. “Olha, você não quer ver isso aí?”. Eu em quinze dias montei o projeto e ganhamos a autorização, porque ela venceria em 77. No dia 25 de julho de 77 nós pusemos a rádio no ar em caráter experimental, Dia do Colono e do Motorista. No dia 5 de agosto de 1977 nós pusemos a Rádio Educadora no ar em caráter definitivo com 250w. Ao longo desses quarenta anos foi pra 1.000w e 5.000w e estamos caminhando para os 40 anos de rádio, agora em agosto de 2017.

E quando você sentiu a possibilidade de ter a rádio, já se imaginou falando?

Já. Eu era professor. Fui um líder estudantil e sempre tive facilidade verbal boa e sempre sonhei em ajudar a construir a minha comunidade através da comunicação e do rádio.

E quando começou, foi tudo fácil? Que dificuldade encontrou?

Tudo difícil. Tinha uma nuvem que vinha lá da Boa Esperança e já tirava a rádio do ar. Então o equipamento era muito difícil, muito complicado. A reposição de peças, técnicos. Tudo muito difícil.

E os equipamentos foram melhorando, passando da válvula para o sistema novo de transistor. Transmissor transistorizado. Aí mudou totalmente a qualidade do rádio, mas sempre o AM, ainda um som sujo e até por causa disso, terá que migrar pra FM.

E o Valdir gostou de se ver como locutor? Gostou da voz?

Não, nunca me preocupei com voz porque por sinal eu sempre tive uma voz muito ruim, mas sempre tive a ideia de que no rádio, a fase da voz tinha passado e o rádio é conteúdo. Então fui sempre um grande cuidador do conteúdo de rádio.

Teve treinamentos?

Muito autodidatismo e participação de eventos. Fui presidente da Associação Paranaense de Rádio e Televisão. Fui em muitos congressos e eventos no passado e isso ajudou muito a gente a fazer o que sempre fez.

E nesses 39 anos qual foi a média de locução por dia?

Não muito. Sempre foi o seguinte: “Ó, o Valdir está falando!” Então eu nunca falei bobagem. Sempre fundamentei tudo o que falei e sempre fui um leitor pra poder dar conteúdo ao que sempre disse. O que mais marcou minha vida foi o programa Sete e Meia, que vai para 26 anos, que fazia e faço praticamente todos os dias. A não ser quando viajo ou quando acontece algum problema de saúde como o que tive.

Quando o senhor diz que a época da voz passou e o que predomina é o conteúdo, na contratação e na formação de outros profissionais, que critérios usou e quais as dificuldades que encontrou?

O critério é sempre “prata da casa”, que ele conheça o nome, o sobrenome, a pronúncia da pessoa, da família e por aí afora.

Nós nunca tivemos grandes estrelas, mas sempre pessoas ligadas a conteúdo moral, ético e profissional.

De repente um dia a voz, que é a principal ferramenta da rádio, começou a faltar. Como é que ficou? Como é que você sentiu isso, Valdir?

Bom, tive um câncer no intestino e precisei fazer quimioterapia. Eu fiz duas quimioterapias e não senti nada. Fui fazer uma viagem pra Rússia, pro mar Báltico e fiquei fora muito tempo. Quando voltei fiz a terceira, e da terceira até a 11ª fiquei cada vez pior, muito mal. No dia 11 de novembro de 2015, entrevistando a deputada Leandre, ela afônica por causa da gripe e eu afônico e não sabia porquê, e no término da entrevista sumiu minha voz. Com isso fiquei quase nove meses afônico e me deu uma paralisia na prega vocal esquerda e fiquei sem voz. Fazendo fonoterapia procurei uma clínica da voz em Curitiba, e achei lá um professor, Francisco Plets, um alemão, que descobriu um método próprio de recuperação da voz pra quem sofre de paralisia da prega vocal e da corda vocal. Hoje estou me recuperando, me refazendo e voltando a falar no rádio.

Que bom! Mas teve um período de dúvida se sua voz voltaria?

Ainda existem dúvidas. Porque há cirurgias, mas não são garantidas e também, no meu caso, depende única e exclusivamente de mim, não depende de chazinho, de benzimento, de nada.

Depende unicamente do fato de fazer, diariamente, exercícios de fonoterapia.

Continua então fazendo os exercícios?

Continuo Diariamente fazendo exercícios do aparelho fonador e exercícios com movimentos bruscos e radicais com os braços porque me entende que o movimento brusco do braço sirva de alavanca pra fortalecer a prega vocal paralisada ou permitir que a prega vocal boa compense a prega vocal paralisada em decorrência da quimioterapia.

Esse período sem voz chegou a lhe dar algum problema psicológico?

Foi uma questão terrível. Você se sente banido, você se sente cerceado, você não consegue participar, não consegue se comunicar. A voz é uma das melhores qualidades do ser humano, porque sem comunicação você se sente totalmente inválido, porque você não fala, não se comunica e se sente banido. Eu ia em eventos nos quais era obrigado a ir e era o último a chegar e o primeiro a sair, sempre.

“Homenageie em vida”

E o título de Cidadão Honorário de Dois Vizinhos, inquestionável pelo seu trabalho prestado à comunidade. Como recebeu aquele título, Valdir?
Eu sempre disse no rádio o seguinte, em festas, bodas, eventos, e homenagens: “Homenageie em vida!” O post-mortem é para os que restam e a homenagem em vida é para o homenageado. Recebi com muita alegria, muita satisfação. Me fez um bem muito grande pro meu ego. Foi um período em que eu estava em tratamento da quimioterapia, com a voz prejudicada, saúde debilitada. Pra mim foi uma satisfação, uma coroação de quase 60 anos morando em Dois Vizinhos e eu fui um dos primeiros a estudar fora, voltei pra cá, ocupei todos os cargos na sociedade, clubes de serviço. Até secretário de três prefeitos, do seu Coletti, seu Dedi Montagner, doutor Jaime Guzzo. Fui professor por 15 anos, fora outras entidades, e aí eu senti que eu merecia isso. Então não foi por vaidade só, mas por uma pessoa que tem uma folha de serviço, faz bem para o ego da pessoa.

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