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Francisco Beltrão
quinta-feira, 19 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

Vicente Dias, hoje motorista, começou a trabalhar como vendedor de picolés

Vicente Dias, 36 anos, atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Francisco Beltrão (Sitrofab), é casado com Viviane Barcelos Dias, pai da Ana Alice e da Lauany e pai de coração do Saymon e da Heloiza.


Começou a trabalhar no setor de transportes com 20 anos na empresa J. Catarino Pires, que era distribuidora dos produtos da Brahma para a região. Antes de ser admitido na distribuidora de bebidas, quando trabalhava de auxiliar de metalúrgico, Vicente tinha um amigo que trabalhava carregando e descarregando caminhão na J. Catarino Pires. “Ele me pediu se tinha alguém que tinha força e vontade pra carregar, daí ele me arrumou o serviço.”


Na distribuidora de bebidas, Vicente começou como carregador de caminhão e nesta função ficou por dois anos. Ajudava descarregar caminhão. “Os caminhões vinham das rotas e logo depois de descarregados iam pra dentro do depósito, onde a gente fazia o carregamento das mercadorias.

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O caminhoneiro Vicente Dias. Foto: Reprodução


Desde aquele período, seu sonho era se tornar motorista de caminhão da empresa. “Eu já tinha um olhar por caminhão, já queria fazer as manobras lá dentro.”
Depois de dois anos, ele conversou com o dono da empresa e conseguiu passar à função de ajudante de caminhão. “Começava às 6 h, da manhã e ia até terminar as rotas”, lembra o sindicalista. O funcionário não tinha rota fixa, “conforme o dia, eles mandavam para um lado, depois para o outro… Era eu e outro motorista”.


Com o caminhão, as entregas eram feitas em lanchonetes, bares, panificadoras e supermercados. “Na época a gente fazia em média 70 entregas por dia. O vendedor passava vendendo e depois passávamos entregando.” O primeiro caminhão trabalhou como ajudante foi um Mercedes Benz 1113, no toco – dois eixos.
Quando começou na distribuidora de bebidas, Vicente ainda não tinha carteira de motorista de caminhão. “Não tinha condições de fazer e só fui ter depois que passei de ajudante, aí fiz.”


Como ajudante de caminhão ficou por cerca de dois anos. Mas o sonho de ser motorista continuava em sua mente até que a oportunidade chegou. “Quando fiz minha carteira, eu já conversei com o dono da empresa pra ele me dar essa oportunidade de eu ser motorista. Eles tinham aumentado a frota porque tinha a parceria com a Ambev, eles fizeram aquela transição entre Ambev e J. Catarino porque a Ambev tinha vindo pra Beltrão e precisava de mais caminhão.”

Primeiro caminhão


O primeiro caminhão que pegou para fazer as entregas era o Mercedes Benz 1113 que ele atuava como ajudante. “Quando eu comecei eu fazia só Beltrão, fazia 70 entregas só na Cidade Norte, a gente dividia entre o rio, a ponte da Cango pra lá contava como Cidade Norte. No toco eu fiquei uns dois anos e depois passei pro truck, que já é um caminhão melhor, com direção hidráulica, pegava mais os mercados pra atender.”


Tempos depois ele passou a trabalhar com os caminhões maiores, que buscavam bebidas nas indústrias da Ambev. “Primeiro foi com uma Scania 380, depois com o bitrem. Puxava mais ali de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Lages.” Fazia uma média de 15 viagens por mês.

Vicente Dias, presidente do Sitrofab, na boleia de um caminhão. Foto: Reprodução


Como a carga de bebidas tem alto valor agregado, também é alvo dos assaltantes. Vicente conta que, por ser uma carga valiosa, “a empresa passava algumas dicas, primeiro era nunca pôr em risco a nossa vida pra defender a carga, porque a carga era segurada”.
Sobre tantos anos de motoristas, Vicente falou alguns dos momentos vividos e as dificuldades atuais. “A parte boa de ser motorista é que a gente faz um passeio todo dia.

Se você souber apreciar a paisagem é uma viagem bacana todo dia, porque hoje você está indo pra São Paulo, amanhã pra Curitiba. Mas aí tem o sofrimento de hoje não ter lugares específicos pro motorista dormir. Hoje em dia, se você não abastece em um posto de combustível, conforme o lugar eles te jogam lá pra trás no meio do escuro aonde você corre um risco de ser roubado, lugares que mandam você embora do posto porque você não abasteceu ali. Se você quiser tomar um banho quente você deve pagar, a dificuldade é essa, além dos riscos de trânsito.”


A parte ruim do motorista que viaja para destino muito longe é que não se pode estar junto com a família em várias datas. “É aquele negócio, datas comemorativas, Natal, fim de ano, isso aí, pro motorista, ele só pode confirmar se ele vai estar no dia mesmo, essa é a dificuldade.”

Diretor sindical


Vicente também contou um pouco de como se tornou diretor do Sitrofab. “A oportunidade surgiu porque eu sempre tive umas atitudes de liderança dentro da empresa, quando eu via algo errado em questão de salário, que eles não estavam pagando certo, eu sempre vinha até o sindicato e trazia a informação pra diretoria e foi ali que, quando abriu, um ano antes teve uma greve, e eu nem sabia que, como eu seria sócio, eu podia ter peitado a greve da forma que peitei, aí me convidaram pra entrar na diretoria, estava faltando algumas pessoas, e o Josiel Teles se interessou e me convidou.”

Maior valorização


Sobre a categoria de motorista de caminhão, Vicente comenta: “Eu acho que nossa categoria tinha que ser mais valorizada, porque, queira ou não queira, hoje quem transporta o Brasil é o caminhoneiro e ele não tem a valorização que precisava ter”.
Fora do sindicato e da boleia, Vicente tem uma outra paixão: sempre lutou jiu-jitsu e adora as lutas.

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