Em Francisco Beltrão, mais de 160 profissionais levam orientações e acompanham as famílias dos bairros e comunidades do interior.

vulnerabilidade do local exige maior atenção à saúde dos moradores.
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
Debaixo de um sol que não dá trégua, as agentes Cleusa e Ana percorrem as estradas de chão do Conjunto Terra Nossa, uma área de invasão no Bairro Padre Ulrico. São elas as responsáveis por visitar os moradores e acompanhar a situação de cada um: é preciso fazer os cadastros, passar orientações, verificar o estado de saúde e, quando necessário, agendar consultas e exames em uma das unidades de saúde do bairro.
Surgido há menos de dois anos, o conjunto já possui quase 500 famílias e é considerado uma área de risco devido à precariedade em que vive a maioria de seus moradores – em casas improvisadas, próximas ao rio e ao mato e sem tratamento do esgoto.
Nos últimos meses, as agentes viram saltar o número de gestantes no local e, para atender à crescente demanda, a Prefeitura já pretende contratar mais profissionais de saúde para a área.
O Terra Nossa é apenas um exemplo dos desafios diários encarados pelos agentes comunitários de saúde em Francisco Beltrão. São eles os responsáveis por acompanhar a situação dos moradores em cada bairro da cidade e nas comunidades do interior e, assim, aproximar a população dos programas e políticas públicas existentes.
“A ideia do programa é fazer uma espécie de extensão das unidades de saúde, com alguém da própria comunidade percorrendo as casas, informando sobre o que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem e fazendo todo acompanhamento necessário na parte de prevenção e promoção à saúde”, sintetiza a coordenadora do programa da Secretaria de Saúde, Ana Paula Valandro. “O ponto principal é a criação de vínculo entre os agentes e a população”, destaca.
Um agente para 520 habitantes
Em Francisco Beltrão, 163 agentes atuam distribuídos nas 20 unidades do Programa Estratégia Saúde da Família e em três UBSs. O município possui uma proporção entre agentes comunitários de saúde (ACS) e habitantes bem acima do exigido pelo Ministério da Saúde: há um agente para cada grupo de 520 pessoas, quando o preconizado é de um para 750.
Relação é de confiança
No Bairro Jardim Seminário, a aposentada Aurora Mazetto recebe a visita da sua agente de confiança ao menos uma vez por mês. “Faz três anos que moro aqui e sempre fui muito bem tratada, tanto que eu e a Ana Paula temos uma certa relação até de amizade, com cobranças e elogios”, conta. “O que fazemos é trazer as ações das unidades, acompanhar de perto a saúde das pessoas e até encaminhar para consultas”, explica a agente Ana Paula Meurer.

Aurora Mazetto regularmente: “Temos uma relação de confiança.”
Foco na prevenção
Todo este trabalho, na visão da coordenadora do programa, permite reduzir internamentos hospitalares e ajuda a encontrar problemas de saúde em seu estágio inicial. “Isso é o que a gente chama de atenção primária, um atendimento inicial e com foco maior na prevenção de doenças”, diz Ana Paula Valandro.