Segundo o urologista Ricardo Belentani, estudos indicam que esta, e não mais os 40, é a melhor idade para iniciar os exames de sangue e toque.

A recomendação de que a partir aos 40 o homem precisa procurar um urologista para iniciar os exames preventivos anuais do câncer de próstata já não é uma regra. Pelo menos é o que afirmou o médico Ricardo Belentani em entrevista à Rádio Continental FM. Segundo o urologista, a idade mais correta passou a ser os 45 anos para aqueles que possuem alguma pré-disposição, como histórico familiar, e para quem não possui, os 50.
“A idade mudou um pouquinho, antes era 40 anos e agora é 45. Alguns estudos, principalmente americanos, mostram que você não tem benefício de tratar esse paciente antes dos 45 anos. Geralmente, o câncer se manifesta de uma forma que pode levar o paciente a ter uma doença mais grave, mais avançada, a partir dessa idade, 45 anos”, disse Belentani. “E o homem que não tem histórico familiar é interessante que procure o médico a partir dos 50 anos”, complementou.
Entre os 40 e 45 anos, o médico sugere fazer pelo menos uma consulta e um exame de sangue como “ponto de partida” para comparar aos resultados a partir da idade ideal, quando começam a ser feitos exames de sangue e de toque anualmente para diagnosticar e tratar cedo se houver a doença.
“O câncer de próstata é um câncer que, no início e até em estágio avançado, não dá sintomas. Justamente por isso a orientação é de procurar o médico todo ano, porque a doença que é tratável, você consegue operar, fazer uma radioterapia e curar o paciente”, frisou Belentani.
Sintomas
A próstata é uma glândula exclusiva do homem, responsável por produzir parte do sêmen e se localiza na parte baixa do abdômen. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.
Os sintomas da doença, entretanto, só aparecem em estágios avançados. “Ela só vai dar sintomas depois de alguns anos de iniciado o problema, quando avançar muito na próstata ou quando ela envia células para fora da glândula, chamado de metástase, que ocorre principalmente nos ossos”, esclareceu Belentani.
Cultura de prevenção
De acordo com o urologista, o número de homens que chega ao consultório com a doença já avançada reduziu nos últimos anos, fruto de um comportamento que vem se modificando. “As mulheres já têm uma cultura de procurar seu médico e fazer exames de rotina há muito tempo. O homem vem mudando sua mentalidade, isso já mostra um reflexo da campanha e da conscientização dos homens com relação à doença, mas muitos chegam até nós num estágio em que o problema não tem mais cura, só controle”, ponderou.
“Para nós, médicos, é muito frustrante pegar esse tipo de paciente porque você sempre almeja a cura e, infelizmente, em alguns deles só se consegue fazer o exame paliativo, o tratamento para segurar a doença. Mas você sabe que aquela doença em determinado momento vai sair do controle novamente”, lamentou Belentani.